quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

MORREU MARIA PREÁ!

Gravura do Decameron (Pinterest)


Eis uma expressão muito popular em todo o Nordeste, sobretudo aqui no Ceará, mas poucos sabem a sua verdadeira origem. Existem explicações fantasiosas para esse velho aforismo mas até hoje a que mais me convenceu foi a versão fornecida pelo saudoso Marcos Belmino, o “Ponhonhón” que foi meu diretor na extinta TV Manchete, onde fazíamos um programa apresentado pelo também saudoso Ênio Carlos.

Contava o Belmino que em certa cidadezinha do interior cearense, ali para os lados da Região Jaguaribana, havia um virtuoso sacerdote que acabou caindo em tentação devido os atributos generosos de uma viuvinha chamada Maria Preá. Mulherzinha nova, rechonchuda, dona de um par de olhos muito vivos, o apelido lhe caia como uma luva. O romance era mantido sigilosamente até o dia em que o xereta do sacristão os flagrou em pleno delito, num dos cômodos da Casa Paroquial. 

Chantagista por natureza, o inescrupuloso auxiliar do vigário passou a atormentá-lo a partir desse dia, usando como arma o seu cabeludo segredo. Por qualquer coisa o ganancioso sacristão exigia dinheiro do pobre sacerdote, ameaçando dar com a língua nos dentes a respeito da Maria Preá.

Um certo dia, o padre resolveu ir à igreja em horário pouco habitual, logo após o meio-dia, procurar um objeto que havia esquecido na sacristia. Geralmente ele aproveitava o começo da tarde para uma merecida sesta, coisa que era do conhecimento do sacristão.

Ao entrar na sacristia qual não foi o seu espanto ao constatar que o seu auxiliar estava profanando aquele recinto sagrado, no maior chamego com um garotão. Diante da cena patética, vendo o dito cujo de quatro, sendo enrabado pelo outro, um lampejo de liberdade e alegria brilhou na cabeça do vigário que, abrindo os braços exclamou:

A partir de hoje, ‘morreu’ Maria Preá!


O sacristão, é lógico, deu-se por vencido e a situação só não se inverteu porque o padre não era vingativo nem afeito a chantagens.

PS. Por sugestão do amigo e parceiro Ronaldo Cavalcante, que forneceu o refrão, transformamos essa história na letra de uma música (o velho e bom duplo-sentido) que será musicada em breve. Confiram:


O bom Monsenhor Martins
Vigário de Caroá
Tinha um xamego secreto
Um passatempo discreto
De lascar as alpercata
Com uma fogosa beata
Chamada MARIA PREÁ...

Em vereda de preá
Tatu caminha dentro?
Cuidado que a fofoca
Está comendo no centro.

O sacristão descobriu
E logo tirou vantagem
Pois vivia ameaçando
Grana do padre tomando
Na maior cara de pau
Agia como um lalau
Só na base da chantagem.

Um dia a coisa mudou
De uma maneira tola
Pois o padre um certo dia
Chegando na sacristia
Viu o dito sacristão
Nos braços de um garotão
Dando uma de baitola.


O vigário admirado
Perguntou o que é que há?
Que cena mais indecente
Na igreja é deprimente
Valei-me Nossa Senhora
Saiba que a partir de agora
MORREU MARIA PREÁ!!!




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