segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

LEANDRO NA REVISTA DE HISTÓRIA

Leandro Gomes de Barros, desenho de Arievaldo Viana

O atirador de palavras

Em seus milhares de folhetos, o cordelista Leandro Gomes de Barros dá voz aos figurantes mudos da História

Francisco Cláudio Alves Marques
2/1/2012

  • De um lado, políticos, oligarcas e coronéis eloquentes; de outro, uma população formada principalmente por analfabetos e despolitizados, que assistiam a tudo em silêncio. Esta é a imagem que a historiografia tradicional costuma transmitir sobre as primeiras décadas da República. Mas, à margem da literatura oficial, havia um discurso contrário ao regime que se formou, como mostram os folhetos satíricos do poeta nordestino Leandro Gomes de Barros (1865–1918). Muitos poetas populares escreveram no período, mas o nome que se destaca é o deste paraibano, pela forma satírica como tratou a realidade política e social.
    Ele nasceu na Fazenda Melancia, em Pombal, Paraíba, e ainda jovem mudou-se para Pernambuco. Morou em Vitória de Santo Antão, Jaboatão e Recife. Na capital, foi pioneiro na produção sistemática de folhetos de cordel. Francisco das Chagas Batista (1882-1930), um dos primeiros editores do gênero, incluiu Leandro entre os chamados “poetas de gabinete”, assim denominados os que escreviam cordel e insistiam em declarar que não eram cantadores ou que jamais participaram de cantorias. O folclorista Luís da Câmara Cascudo (1898-1986) chegou a fazer uma estimativa e tanto sobre Leandro: ele teria publicado “mais de dez mil folhetos, vivendo exclusivamente de sua pena”.
    Apesar da escolaridade precária, Leandro e tantos outros poetas populares eram homens de interesses literários variados e leitores assíduos de mais de um jornal. Sabiam verter para a linguagem do folheto as notícias veiculadas pelos meios de comunicação oficial, de modo que, por intermédio deles, o povo se mantinha informado das sanções impostas pelo governo, das medidas econômicas e das disputas eleitorais que ocorriam em todo o país durante a Primeira República. Ofolheto, conhecido como o “jornal do sertão”, era a única fonte de informação e entretenimento para aqueles que não tinham acesso às revistas ilustradas e aos jornais lidos pela elite letrada. (...)

    Leia mais na edição de janeiro.  (Revista de História da Biblioteca Nacional)

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