segunda-feira, 26 de setembro de 2011

QUINTINO CUNHA


A internet sempre nos traz boas surpresas. Procurando textos sobre o grande poeta e humorista cearense Quintino Cunha, deparei-me com esse artigo, extraído do DICIONÁRIO AMAZONENSE DE BIOGRAFIAS, publicado no site Portal Amazônia. Em determinado período da sua juventude, Quintino resolveu conhecer a Região Norte do país, onde passou alguns anos de sua vida. Eis o texto publicado no site amazonense:


 
Bem poucos, em Manaus,  sabem a respeito da interessante figura humana e do talentoso poeta José Quintino da Cunha, nascido em Uruburetama (Ceará), a 24 de julho de 1875. Todavia, tem-se como certo haver realizado seus estudos, inicialmente, na Escola Militar da qual se afastou, deixando assim de seguir a carreira das armas. Imigrou para o Amazonas no final do século passado, quando ainda vivíamos o esplendor do comércio da borracha, lá permanecendo por mais de um qüinqüênio, demoradamente nas terras banhadas pelo Solimões. 
Homem de grande inteligência e estudioso vocacional foi desenvolvendo a sua cultura nas letras jurídicas. 
Em Manaus, resolve obter uma Provisão para advogar no Fórum das Comarcas daquele rio, nas quais judicavam titulares eméritos. Tudo conseguiu, como os favores da lei. 
Quintino Cunha não possuía uma formação acadêmica e um lastro de conhecimentos jurídicos sistematizados, capazes de enfrentar problemas de alta relevância, mas sobrava-lhe a acuidade com que se distinguem as mentalidades de escol, começando por ser um orador de empolgantes recursos. O seu pequeno cabedal de jurisprudência, na tribuna e nos autos, valia-lhe, na defesa das causas que patrocinava. A palavra falada, sobretudo, era a sua grande arma. 
Várias vezes, em Manaus, o professor Agnello Bittencourt, ouvi-o nos comícios cívicos arrancando aplausos das multidões. E não comparecia a uma dessas reuniões populares que não fosse imediatamente aclamado para subir à tribuna.
Poeta de inatas qualidades, escreveu um soberbo volume intitulado “Pelo Solimões”, que foi editado em Paris, pela “Livraria Aillaud & Cia.”, no ano de 1907, tornando-se grande amigo de J. Aillaud. Fez – se também amigo de Faguet, “a primeira cabeça da Academia Francesa”, no seu entender. “Pelo Solimões” é um escrínio de jóias admiráveis.
 O acadêmico Raymundo Magalhães Júnior, no seu livro “Antologia de Humorismo e Sátira” (Ed. Civilização Brasileira, Rio, 1957, pág. 185), escreveu a seu respeito: “Boêmio incorrigível, viveu sempre em meio das maiores dificuldades financeiras agravadas pelos encargos de sua família numerosa e sucessivos casamentos. Morreu quando beirava os oitenta anos: a 1.° de junho de 1943”.  
Depois que deixou o Amazonas, formou-se em Direito pela Faculdade do Ceará, a 3 de dezembro de 1909, tendo exercido a advocacia em todo o nordeste. Segundo Eli Behar em “Vultos do Brasil”, pág. 75, é a seguinte a sua biografia: “Os Diferentes” (contos) 1895, “Cabeleira” (elegia), “Baturité” (versos norte-brasileiros); 1902; “Pelo Solimões” 1907; “Campanha Prorabelo”, Fortaleza (1912); “O Estilo na Jurisprudência” (tese de concurso); “Venceremos”, discursos, 1930; “Os mártires das Selvas (romance amazonense); “Folhas de Urtiga” (sátiras e epigramas); “Vir para Voltar” (romance cearense); “De mim para os meus”, (romance sobre a seca de 1932); “A Vida no Ceará”. 
O grande humorista e poeta foi Deputado à Assembléia Legislativa do Ceará, em 1913 e pertenceu ao Centro Literário e à Academia Cearense de Letras, na segunda fase. 
Fonte: BITTENCOURT, Agnello. Dicionário Amazonense de Biografias: vultos do passado. Rio de Janeiro. Conquista, 1973. Pág. 415-416.

Extraído do sítio: http://www.portalamazonia.com.br/blogs/quintino-cunha-%E2%80%93-rio-negro-e-solimoes-1907/


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