segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Klévisson Vianna nas PAGINAS AZUIS


"Minha arte sempre estará a serviço dos mais fracos"

| TRAJETÓRIA | Artista multilinguagens, o cearense Klévisson Viana relembra momentos de sua carreira e reafirma seu compromisso com a arte como canal de transformação social


Foto: Alex Gomes

"O artista nunca tá satisfeito". Assim resume Klévisson Viana quando perguntado acerca de seu metiê. Caçula de cinco irmãos, sendo todos crescidos na zona rural de Quixeramobim, o menino - de rebelde na escola a falador que só a mulher da cobra, como diz o ditado - sempre soube qual seria seu destino: "Pra quem acredita em reencarnação, não tem outra explicação. Sempre quis ser desenhista", não titubeia em dizer. O ano de 2018 serviu de mote para que o cearense celebrasse três décadas de trajetória, que lhe renderam popularidade, respeito e inúmeros prêmios.
Aos 46 anos de idade "com carinha de 30", Klévisson já perdeu a conta de quantos livros vendeu. "Mas já passou de um milhão", garante. Em entrevista ao O POVO, numa tarde do início de dezembro, concedida em sua casa - que também serve de lojinha - na Parquelândia, o escritor, quadrinista, editor, cordelista e, acima de tudo, "um contador de histórias", trouxe à tona seus primeiros rabiscos, a mudança definitiva para a capital cearense, sua Tupynanquim Editora, mas também uma certa apreensão em relação ao futuro, sobretudo da cultura.

OP - O menino Klévisson, lá em Quixeramobim, era uma exceção entre os demais por conta desse interesse pelos livros, desenhos, etc?

Klévisson Viana - Esse menino tinha uma característica: lá em casa, a gente não dispunha de material de desenho; essas coisas eram muito escassas. A gente tinha algum material dos meus irmãos - eu era o caçula de cinco. Então uma das características desse menino era ficar desenhando com o dedo. Ficava contornando as pessoas por horas ou então me deitava e ficava contornando as coisas no céu; se eu via uma paisagem, ficava sempre contornando com os dedos. Era uma coisa que, mesmo antes de eu me entender por gente, eu já queria fazer isso. Pra quem acredita em reencarnação, não tem outra explicação. Sempre quis ser desenhista. Agora o lance da poesia sempre esteve presente na minha vida porque o meu pai (Evaldo Lima, 78 anos) é agricultor e poeta. Chegava do roçado e lia literatura de cordel e declamava verso pra gente. Ele é uma enciclopédia da poesia popular, tem muito conhecimento! Nunca publicou nada, mas sempre foi uma pessoa que gostou de escrever e tem a mania de receber as pessoas sempre com estrofe. E isso é uma herança porque o avô dele, Fitico, já tinha esse costume. Então essa coisa da poesia veio do meu pai. Mas o desenho, não. Meu irmão mais velho, Ari (Arievaldo Vianna), veio muito cedo morar em Maracanaú pra estudar, mas nós não tínhamos quase contato. Então a gente desenvolveu esse gosto morando em lugares distintos. E foi uma surpresa! Uma vez ele veio de férias e chegou lá em casa com uma revista em quadrinhos do Pernalonga, e eu não sabia o que era uma história em quadrinhos. Eu conhecia alguns personagens da Disney porque, nos anos 1970, circularam os personagens numas tampinhas de refrigerante - se eu não me engano, era Pepsi, Teem e Guaraná Wilson. Televisão, a gente não sabia nem o que era! Ele chegou lá com uma história em quadrinhos e eu me apropriei e não deixei mais ele levar embora. Mas o que mais me fascinava, em se tratando de desenho, era um primo que meu pai tinha chamado Zé Miguel, que era vaqueiro, e a casa dele era aquela casa sertaneja, cheia de alpendres, mas era cheia de desenhos as paredes! Ele desenhava aquelas cenas dele do cotidiano, da lida com o gado e tal, e ele reproduzia. E todo dia, não sei por qual razão, eu fiquei indo durante algum tempo, e o que me motivava de ir à casa dele era olhar pra esses desenhos.

OP - Foi em Canindé que você completou os estudos?

Klévisson - Em Canindé, eu fui matriculado no Colégio Frei Policarpo, que ficava mais próximo da minha casa. Aí eu tinha uma dificuldade tremenda de ficar na escola. Era que nem aquela música do Raul Seixas: "Ao chegar do interior/ Inocente, puro e besta..." (risos) É porque eu era matuto demais, era selvagem demais! Então minha mãe tinha que ir e ficar me pastorando porque eu chorava... Mas isso foi só nos primeiros meses, depois eu fui me ambientando. Mas lá eu fiz até o Fundamental.

OP - Hoje em dia, o Klévisson é muita coisa: cordelista, ilustrador, quadrinista, editor, etc. Como você gosta de ser chamado? Melhor, como você gostaria de ser lembrado?

Klévisson - Como um contador de histórias. Porque eu acho que tudo que você faz que lida com a Comunicação é contação de histórias. Quando você vem aqui pra conversar comigo e quer saber da minha vida, você está querendo saber pra contar a minha história. Quando eu assisto a um filme, é uma história que está sendo contada. O objetivo da maioria das músicas é contar uma história e por aí vai.


VER MATÉRIA COMPLETA AQUI: https://www.opovo.com.br/jornal/paginasazuis/2019/01/minha-arte-sempre-estara-a-servico-dos-mais-fracos.html?fbclid=IwAR3IY5XTtUCJ-EARzrmlevid7yYLJyg04ZUVeMZYLM9PAbAJMh9P78arOiU

Nenhum comentário:

Postar um comentário