Com a aproximação do meu cinquentenário de nascimento e 35 anos de carreira como poeta cordelista e ilustrador, resolvi retirar da gaveta alguns folhetos inéditos, dentre os quais "O sonho de Carlos Magno (32 páginas), "A Sina do Enforcado" (32 páginas) e "Kalunga, O homem mais tolerante do mundo", folheto de apenas 08 páginas, que sairão em breve pela Editora Queima-Bucha, de Mossoró-RN. Outros lançamentos estão previstos pela Editora Imeph. Três folhetos são lançados também pela Cordelaria Flor da Serra, do poeta Paiva Neves. São eles: "O Antigo Testamento, segundo Zé Limeira", "Artimanhas de João Grilo" e "Carmélia e Sebastião", romance escrito em parceria com o poeta Evaristo Geraldo. Também estão no prelo os livros "O Besouro" (Contos) e "O Livro das Crônicas - Volume II de Memórias".
É ainda nossa intenção inaugurar duas CORDELTECAS, cujo acervo pretendo doar. Uma homenageando minha avó Alzira de Sousa Lima, em Madalena-CE ou Quixeramobim-CE; e uma outra em Canindé-CE homenageando o meu primeiro parceiro na Literatura de Cordel, o saudoso poeta José Maria Gonzaga Vieira, o popular Gonzaga de Canindé, falecido este ano. No dia 20 de setembro, Gonzaga completaria 71 anos de idade. A implantação das CORDELTECAS depende de entendimentos com autoridades desses municípios que ficarão responsáveis pela guarda do acervo.
É ainda nossa intenção inaugurar duas CORDELTECAS, cujo acervo pretendo doar. Uma homenageando minha avó Alzira de Sousa Lima, em Madalena-CE ou Quixeramobim-CE; e uma outra em Canindé-CE homenageando o meu primeiro parceiro na Literatura de Cordel, o saudoso poeta José Maria Gonzaga Vieira, o popular Gonzaga de Canindé, falecido este ano. No dia 20 de setembro, Gonzaga completaria 71 anos de idade. A implantação das CORDELTECAS depende de entendimentos com autoridades desses municípios que ficarão responsáveis pela guarda do acervo.
Selo comemorativo - presente do amigo Jô Oliveira
A seguir, alguns trechos de KALUNGA:
KALUNGA, O homem mais tolerante do mundo
Autor: Arievaldo Vianna
Kalunga foi
um cristão
Que já
nasceu educado...
Ter
paciência de Jó
É seu maior
predicado
Nem parece
aquele outro
Que dizem
ser tão zangado.
Ele não
xinga os vizinhos
Todo domingo
comunga
Se ouve
pergunta besta
Paciente não
resmunga
Se alguém
pisa o seu calo
Ele não
grita nem funga!
No tempo que
era menino
Escanchado
num jumento
Na cangalha
do animal
Machucou seu
instrumento
Mas saiu
resignado
A procura de
ungüento.
Kalunga
nunca brigou
Com os
filhos do vizinho
Na escola
era um aluno
Famoso por
seu alinho
E tratava os
seus colegas
Com respeito
e com carinho.
Se uma
pergunta tola
Alguém faz,
por imprudência
E persiste
perguntando
Com a maior
insistência
O Kalunga
explica tudo
Com perfeita
paciência.
O Kalunga
nunca soube
O que é
ignorância
Não maltrata
o semelhante
E só age em
consonância
Com as leis
do bem viver
É um mestre
da tolerância.
Certa feita,
pelas ruas,
Ele levava
na mão
Um copo de
mel contendo
Duas bandas
de limão
Perguntaram
pra que era
Diz ele: -
Para o pulmão.
Nada de
espremer na vista
Nem se
mostrar revoltado
Kalunga deu
a receita
Ao curioso
abusado...
Saíram os
dois satisfeitos
Cada qual
para o seu lado.
No trânsito,
um motoqueiro
Sem luva e
sem capacete
Arranca o
retrovisor
Do seu
veículo, um Kadete,
E ainda
desceu brigando
Na mão
trazendo um porrete.
Mas logo
baixou a arma
E ficou mais
moderado
Vendo tanta
mansidão
Do seu
Kalunga, coitado,
Que lhe
abraçou sorrindo
Dizendo: -
Estás perdoado!
Esse Kalunga
é tão fino
Nada do
mundo o emperra
Seu peito só
tem bondade
E toda
beleza encerra
Deu aulas de
etiqueta
Aos
príncipes da Inglaterra.
Se anda com
esposa
Pelas ruas,
passeando,
E encontra
algum gaiato
Sua amada
paquerando
Kalunga faz
que não vê
Sai
contente, assobiando.
(...)
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