Ilustração: Valdério Costa (Nordestino radicado em Brasília)
É de bom alvitre que se saiba que o controverso 'Romance do Pavão Mysteriozo' não está apenas nas Escolas de Samba do primeiro grupo do Rio de Janeiro. Faz tempo que chegou nas escolas de ensino formal. Prova disto é um texto publicado na revista ESCOLA (Editora Abril, edição de agosto de 2011) recomendando o uso do folheto na sala de aula. Vejamos a matéria:
Literatura de cordel – O PAVÃO MISTERIOSO
Fonte do artigo: Revista Escola (Editora Abril) – Edição de Agosto de 2011
Link de acesso: http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/literatura-cordel-629372.shtml
Objetivos
- Conhecer literatura de cordel.
- Ler por prazer. Conteúdo
- Leitura e interpretação de cordel
Anos - 4º e 5º.
Tempo estimado - Um mês.
Material necessário
Cópias do cordel O Romance do Pavão Misterioso, de José Camelo de Melo Rezende.*
Flexibilização
Para alunos com deficiência auditiva
Ter um intérprete de libras em sala é muito importante para o desenvolvimento do aluno com deficiência auditiva. De qualquer modo, proponha ao aluno que sente nas carteiras da frente e fale pausadamente, articulando bem as palavras, para auxiliar aqueles capazes de fazer a leitura orofacial. Antecipe o cordel que será trabalhado na sequência para o aluno surdo e faça marcações com cores diferentes nas terminações de palavras que rimam e em palavras escritas na variedade popular (como são faladas). Preparar uma espécie de 'glossário com as palavras da língua falada e com a sua grafia na variedade padrão da Língua Portuguesa ajuda o aluno a compreender melhor a proposta do cordel. As ilustrações também contribuem para a aprendizagem desses alunos. Amplie o tempo de realização das etapas da sequência e conte com a ajuda do AEE para que o aluno trabalhe a interpretação do cordel na língua de sinais.
Desenvolvimento
1ª etapa
Prepare-se para uma conversa com a turma sobre a literatura de cordel: sua origem, o porquê do nome, seu desenvolvimento no Brasil, o preconceito que pesou sobre o gênero no passado, sua valorização nos dias de hoje etc. Em seguida, estude o cordel O Romance do Pavão Misterioso, também com a intenção de preparar a leitura em voz alta que você fará para os alunos naa 3ª etapa.
2ª etapa
Compartilhe com os estudantes as informações reunidas sobre a literatura de cordel. Informe-os de que você vai ler com eles um dos maiores clássicos do gênero - nada menos que o folheto mais vendido de todos os tempos. Caso você tenha conseguido um exemplar original, aproveite para mostrá-lo à sala, deixando que as crianças explorem a ilustração da capa. Se não conseguiu, explique que muitas obras de cordel estão disponíveis na internet e que foi de lá que saiu o texto. Em seguida, avise que você lerá em voz alta a primeira parte do cordel, mas que, no decorrer da atividade, todos poderão desempenhar esse papel.
3ª etapa
Leia em voz alta da estrofe 1 à 25. Em seguida, promova uma discussão com perguntas do tipo: na estrofe 5, o autor afirma que João Batista "pensou pela vaidade". O que isso quer dizer? Proponha que as crianças releiam as 25 estrofes e ajude-as a adequar a entonação e o ritmo da fala. Por fim, informe que, antes de cada uma das sessões de leitura que virão a seguir, elas receberão a cópia de mais uma parte do cordel para que possam preparar a leitura em casa.
4ª etapa
Na segunda sessão, trabalhe com as estrofes 26 a 42. Depois que elas forem lidas por você e pelos alunos, conduza a discussão com perguntas que estimulem a interpretação. Por exemplo: o que o autor quis dizer quando se referiu a "capitalista"? Repita o procedimento nas etapas seguintes.
5ª etapa
Sessão 3 (estrofes 43 a 62): o que a palavra "azougada" significa?
6ª etapa
Sessão 4 (estrofes 63 a 82): o que a personagem Creuza quis dizer com "se és vivo ou encantado"?
7ª etapa
Sessão 5 (estrofes 83 a 104): o que o personagem Evangelista quis dizer com "levo essa estrangeira"?
8ª etapa
Sessão 6 (estrofes 105 a 121): o que Creuza quis dizer com "um rapaz para me ver precisa ser encantado"?
9ª etapa
Sessão 7 (estrofes 122 a 141): o que as crianças acharam do fim da história?
Avaliação
Verifique se os alunos conseguiram interpretar adequadamente o cordel e analise o compromisso deles com a preparação da leitura.
Consultoria: Ana Flávia Alonço Castanho
Formadora do Projeto Entorno, de São Paulo.
Prezado Arievaldo
ResponderExcluirÉ claro que para quem conhece e aprecia, a Literatura de Cordel, esta
MANIFESTAÇÃO ARTÍSTICA por vezes classificada erroneamente apenas com
o estereótipo de "arte popular", sempre esteve em evidência mesmo sem a apropriação e superexposição (superficial, mas válida!) causada pela
Rede Globo e mais recentemente pelo carnaval carioca.Esta evidência e
este reconhecimento se devem, não resta a menor dúvida,ao seu trabalho
de inserção do cordel no âmbito educacional e à qualidade poética
inquestionável, sua e de outros grandes cordelistas espalhados por
este país continental. Como Professor, devo confessar que estou fazendo a minha parte, ou seja, nas minhas aulas de História da Arte a
Literatura de Cordel e a Xilogravura são conteúdos onipresentes.
Grande abraço Poeta!!
valdério costa
Bsb-DF
Valdério, muito nos honra a sua atuação como professor, como artista plástico e como cidadão nordestino em defesa da Literatura de Cordel. Esse reconhecimento tardio (e meio equivocado) à arte de Leandro Gomes de Barros deve-se, sobretudo, a persistência das pessoas que sabem projetar a sua arte e o seu talento na hora e no lugar certo. Nossa geração está colhendo os frutos que foram plantados no século XIX. Aliás, nem sei se estamos colhendo os frutos, mas estamos regando essa grande horta na perspectiva de que ela floresça cada vez mais.
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