sexta-feira, 5 de agosto de 2011

CORDEL NA ESCOLA

ALUNOS DO EUSÉBIO APRENDEM
NAS ONDAS DO CORDEL




Eusébio é um município da Região Metropolitana de Fortaleza que adotou o projeto "Nas ondas das leitura", da Editora IMEPH, por onde lancei tres livros: Pavão Misterioso, A raposa e o cancão e O bicho folharal, todos em cordel. Em agosto do ano passado estive lá na companhia dos poetas Rouxinol do Rinaré, Evaristo Geraldo e Pedro Paulo Paulino. A acolhida foi maravilhosa. A secretária de educação falou emocionada do apoio que vem recebendo do prefeito Acilon Gonçalves no sentido de implantar o cordel nas escolas do município e, principalmente, valorizar os autores cearenses. As fotos acima são um registro desse importante evento ocorrido há um ano.

ATENÇÃO!

ESCOLAS INTERESSADAS EM CONTRATAR UMA PALESTRA OU OFICINA DO PROJETO ACORDA CORDEL NA SALA DE AULA DEVEM ENTRAR EM CONTATO ATRAVÉS DESTE E-MAIL: acordacordel@ig.com.br

O DISCO DA SEMANA

João Silva – Canta Mais Gonzaga – 2009




João Silva – Canta Mais Gonzaga – 2009

Este é um dos melhores discos que já ouvi nos últimos dois anos. Repertório perfeito, gravações maravilhosas, algumas resgatadas de um antigo LP de 1968, quando João Silva fez participação especial num disco de Severino Januário, juntamente com Luiz Gonzaga.

João Silva é o maior parceiro vivo de Luiz Gonzaga e Severino Januário (irmão do Rei do Baião). No repertório de seu mais novo trabalho constam fonogramas de músicas de sua autoria e interpretadas por ele e pelo Rei do Baião, além do acompanhamento de Severino, um dos maiores instrumentistas brasileiros de sanfona de oito baixos. Também foram gravadas canções inéditas que João Silva compôs para Luiz Gonzaga.
O CD foi patrocinado pelo Governo do Estado de Pernambuco, através do Funcultura. O projeto “João Silva Canta. Mais Gonzaga”, trata da gravação, mixagem e prensagem de CD com 12 faixas de autoria de João Silva e parceiros. João Silva foi o homenageado no São João deste ano, pela Prefeitura do Recife. O intuito é registrar, conservar e divulgar a obra desse mestre do forró.
Musicas

01 – Arrastapé em Medina
02 – Pru mode essa mulher
03 – Forró de Mané Pedro
04 – ARRASTAPÉ no Arararipe
05 – Forró do Zé Custódio
06 – Baioneiro Gonzagão
07 – Eu quero uma mulher
08 – Pra não morrer de tristeza
09 – Arcoverde meu
10 – Uma pra mim, uma pra tu
11 – Forró bom tá é aqui
12 – Vamos chegando pra lá




SOBRE JOÃO SILVA – João Leocádio da Silva nasceu em Arcoverde (Agreste de Pernambuco), no dia 16 de agosto de 1935. Ele foi um dos maiores e mais expressivos parceiros de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Da união, nasceram músicas como “Danado de bom”, “Nem se despediu de mim”, “Não deixe a tanga voar”, “Sanfoninha choradeira”, além de dezenas de outros sucessos, que ainda animam os mais autênticos shows de forró.
Aos sete anos, João Silva já tocava pandeiro e se apresentava em rádios pelo Sertão. Aos nove anos ganhou um concurso como cantor. Aos dez anos apresentou-se no programa Ademar Paiva, na Rádio Clube de Pernambuco, tocando acordeom. Aos 17, trocou Arcoverde pelo Rio de Janeiro e foi lá que, continuando a compor e fazendo apresentação pelas rádios, conheceu Luiz Gonzaga. Em 1964, Gonzaga gravou pela primeira vez uma música de João Silva: “Não foi surpresa”. Até o fim de sua vida, o Rei do Baião não parou mais de gravar João Silva. Até o fim da parceira, foram registradas 360 co-autorias entre os dois, entre gravações e regravações.

Tem mais de duas mil composições. Entre seus parceiros estão João do Vale, Onildo Almeida, Rosil Cavalcante, Severino Ramos, Bastinho Calixto, Pedro Maranguape, Zé Mocó, Pedro Cruz, Dominguinhos, Sebastião Rodrigues e outros. Entre seus principais sucessos estão "A mulher do sanfoneiro", "Pagode russo", "Meu Araripe", "Uma pra mim outra pra tu" e "Pra não morrer de tristeza", que já teve cerca de 40 gravações. Como produtor, produziu discos de Luiz Gonzaga, Trio Nordestino e Jackson do Pandeiro, entre outros. Atuou também como arranjador. Em 2006, o coco "Como tudo começou", de sua autoria, foi gravado por Dominguinhos, no CD "Conterrâneos".

FONTE: REVISTA RAIZ

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

DELEGADO CORDELISTA




No blog "Mundo Cordel", do juiz-poeta Marcos Mairton, encontramos esta ótima análise da mais nova sensação do mundo policial... O delegado cordelista. Mairton foi muito feliz ao observar que é preciso realmente ter alma de poeta para fazer um relatório em versos exercendo tão árdua função. O próprio Mairton é juiz e poeta, sem falar no médico Sávio Pinheiro, que também escreve sobe sua profissão em versos.
Por outro lado, observou muito bem que o texto está cheio de falhas, tanto de métrica quanto de rima, coisas que são inadmissíveis na verdadeira LITERATURA DE CORDEL. Somos de opinião que, se o delegado Reinaldo Lobo tivesse umas aulas sobre técnicas do cordel (bastaria ler o livro Acorda Cordel na Sala de Aula ou assistir uma oficina do projeto) ou mesmo pegasse umas dicas com o cantador Chico de Assis (que por sinal deu uma arrumada nos versos na hora de apresentá-los) poderia se tornar um bom cordelista. Vejamos o texto do Dr. Marcos Mairton:

Relatório de Inquérito Policial em Versos




SOBRE O RELATÓRIO DE 
INQUÉRITO POLICIAL EM VERSOS

Liguei a TV e deparei-me com a notícia de que um delegado havia feito um boletim de ocorrência em versos. 

Na reportagem, o apresentador do telejornal dizia que o delegado havia se inspirado na Literatura de Cordel, tendo herdado do avô o dom de fazer versos.

Só para confirmar se o fato havia ganho espaço na mídia, entrei no Google e pesquisei as palavras “delegado”, “ocorrência”, “versos” e “cordel”. Como eu esperava, lá estavam inúmeros sites replicando a matéria, começando mais ou menos assim:

O delegado Reinaldo Lobo, da 29º Delegacia de Polícia de Riacho Fundo (DF), cidade a 18 km de Brasília, fez um boletim de ocorrência que chamou a atenção não pelo caso, de receptação de uma moto, mas pela redação. O texto foi escrito em forma de poesia. (R7 Notícias).

Diante da amplitude que o caso ganhou, aproveito minha condição de poeta-juiz (ou de juiz-poeta) para comentá-lo sob dois aspectos: do Direito e da Literatura de Cordel.

Do ponto de vista jurídico, a primeira coisa que percebi foi que não se tratava de um B.O. e sim do próprio Relatório, com o qual delegado encerra o inquérito para remeter ao Ministério Público, a fim de que este ofereça a denúncia.

Cabe esclarecer, portanto, que no B.O. quem narra os fatos é a pessoa que o registra, cabendo à autoridade policial apenas transcrevê-los para o documento. Já no relatório, o texto é elaborado pelo delegado, sendo este o responsável por seu conteúdo. Ou seja, a partir do B.O. o delegado inicia o inquérito, com o Relatório o delegado o encerra.

Isso muda alguma coisa quanto a sua validade jurídica? Não, porque não existe nenhuma norma que proíba que atos administrativos e até judiciais sejam redigidos em versos. O que se exige é que eles sejam escritos na língua pátria – o português – e que contenham as informações previstas em lei, no caso do Relatório, coisas como a qualificação do ofendido, a qualificação ou descrição do suposto autor do crime e a narração do fato.

Eu mesmo já sentenciei dois casos em versos – um criminal e outro cível – e as sentenças tiveram o mesmo valor jurídico que as outras que já proferi em prosa. E não poderia ser de outra forma, pois, se a sentença tem relatório (descrição dos fatos), fundamentação (razões que levaram ao resultado) e dispositivo (resultado), não faz diferença se foi escrita em prosa ou em verso.

Da mesma forma, o fato de ter sido escrito em versos jamais poderia ser motivo para invalidar o Relatório do Inquérito.

A partir daqui, passo a falar como cordelista, e o faço destacando o fato de o delegado Reinaldo Lobo ser capaz de fazer brotar sua vocação poética até em meio à dura realidade da atividade policial. É preciso ter um coração de poeta para agir assim.

Apenas quanto à forma, observo que o sistema de rimas e de métrica está muito irregular, o que afasta o texto dos padrões reconhecidos como característicos da tradicional Literatura de Cordel.

Assim, se fosse o caso de dizer algumas palavras ao poeta-delegado, diria o seguinte: “Colega poeta, a poesia é uma flor bela e delicada, mas que às vezes brota em lugares improváveis, entre pedras e espinhos. Se sua intenção é escrever em forma de Cordel, estude um pouco mais os sistemas de rimas e métricas da Literatura de Cordel, para dar um padrão mais definido aos seus versos. Independentemente disso, não desista da poesia, nem de tentar fazer do nosso país um lugar melhor para se viver”.

Segue, a íntegra do texto do BO:

Já era quase madrugada
Neste querido Riacho Fundo
Cidade muito amada
Que arranca elogios de todo mundo


O plantão estava tranquilo
Até que de longe se escuta um zunido
E todos passam a esperar
A chegada da Polícia Militar


Logo surge a viatura
Desce um policial fardado
Que sem nenhuma frescura
Traz preso um sujeito folgado


Procura pela Autoridade
Narra a ele a sua verdade
Que o prendeu sem piedade
Pois sem nenhuma autorização
Pelas ruas ermas todo tranquilão
Estava em uma motocicleta com restrição


A Autoridade desconfiada
Já iniciou o seu sermão
Mostrou ao preso a papelada
Que a sua ficha era do cão
Ia checar sua situação


O preso pediu desculpa
Disse que não tinha culpa
Pois só estava na garupa


Foi checada a situação
Ele é mesmo sem noção
Estava preso na domiciliar
Não conseguiu mais se explicar
A motocicleta era roubada
A sua boa-fé era furada


Se na garupa ou no volante
Sei que fiz esse flagrante
Desse cara petulante
Que no crime não é estreante


Foi lavrado o flagrante
Pelo crime de receptação
Pois só com a polícia atuante
Protegeremos a população


A fiança foi fixada
E claro não foi paga
E enquanto não vier a cutucada
Manteremos assim preso qualquer pessoa má afamada


Já hoje aqui esteve pra testemunhá
A vítima, meu quase xará
Cuja felicidade do seu gargalho
Nos fez compensar todo o trabalho


As diligências foram concluídas
O inquérito me vem pra relatar
Mas como nesta satélite acabamos de chegar
E não trouxemos os modelos pra usar
Resta-nos apenas inovar


Resolvi fazê-lo em poesia
Pois carrego no peito a magia
De quem ama a fantasia
De lutar pela Paz ou contra qualquer covardia


Assim seguimos em mais um plantão
Esperando a próxima situação
De terno, distintivo, pistola e caneta na mão
No cumprimento da fé de nossa missão


Riacho Fundo, 26 de Julho de 2011

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

UM BELO SONETO

O VAGALUME

Quando menino, eu tinha por costume,
Nas noites invernosas, no quintal,
Correr atrás e, sem noção do mal,
Prender numa caixinha um vagalume.

Prendia-o. E guardava com ciúme
Aquele brinquedinho natural,
Privando-o, nesse cárcere brutal,
De colorir a noite com seu lume.

Agora, quando um vagalume eu vejo
Livre, dentro da noite o seu lampejo
Me faz sentir no peito um pesadelo:

Não por remorso à falta cometida,
Mas por pensar que há muito está perdida
Minha santa inocência de prendê-lo.


 
PEDRO PAULO PAULINO
(Publicado no Recanto das Letras)

terça-feira, 2 de agosto de 2011

ENTREVISTA

O blog CORDEL ATEMPORAL, do poeta Marco Haurélio, realizou uma lúcida e brilhante entrevista com o poeta Rouxinol do Rinaré. Muitas questões ligadas ao "novo cordel" (existe isso?) foram levantadas durante o animado bate-papo. Rouxinol, como sempre, foi ponderado, porém sincero e incisivo nas suas respostas. Leiam trechos e acessem o conteúdo integral no blog Cordel Atemporal (ver janelinhas do lado direito da tela).

Rouxinol do Rinaré


Ele não veio ao mundo para ser mais um figurante. No papel que desempenha no mundo da Arte, Antônio Carlos da Silva brilha sob o nome artístico Rouxinol do Rinaré. Inicialmente publicou folhetos de cordel para, depois, estabelecer-se como autor de infantojuvenis, a exemplo de Um curumim, um pajé e a lenda do Ceará e O alienista em cordel. Durante vários anos foi revisor da Tupynanquim Editora, dirigida por Klévisson Viana. Hoje, colabora com o editorial do IMEPH, por onde tem vários títulos editados.


Quem é, afinal de contas, Rouxinol do Rinaré? De onde veio, para onde vai?
R – Nasci Antonio Carlos da Silva, em Rinaré, localidade de Quixadá (atualmente Banabuiú, pela emancipação deste distrito), sertão central do Ceará. O nome literário, Rouxinol do Rinaré, surgiu em 1999, como autodenominação, uma homenagem ao lugar onde nasci e ao pássaro canoro (embora eu não cante, rsrs.), madrugador que, fazendo seu ninho nos frechais da casa de minha infância, me despertou tantas vezes com seu canto que ficou na minha memória. Assim, como Rouxinol, assinei meus primeiros versos publicados em um jornalzinho em Pajuçara (atual distrito de Maracanaú) e em seguida meus primeiros cordéis.
De onde vim, já disse... para onde vou só Deus sabe. Rsrsr.

Como você chegou à literatura de cordel, ou ela chegou a você?
R – Sou de origem rural e, quando nasci, o entretenimento das bocas de noite no sertão era a leitura de “romances” e “folhetos”, os atuais cordéis. Desde que me entendi por gente ouvia meu irmão mais velho, Severino Batista, lendo os romances. Quando aprendi as primeiras letras, passei a ler também para meus pais e vizinhos nas debulhas de feijão e nas noites comuns (não tínhamos televisão).

Com a filha Julie Ane


Vários membros de sua família estão envolvidos com a poesia, incluindo sua filha Julie Ane e seu sobrinho Josué. Poderíamos chamar a família Silva de família Cordel?
R – “Família Cordel”, é ótimo, rsrsr. Quero confessar uma coisa: meu irmão mais velho, que já citei aqui, era metido a repentista e gostava muito de ler e escrever. Como meus pais viviam de lavoura e esse meu irmão não queria nada com serviço pesado era tido como vagabundo, “ovelha negra” (se é que ainda se pode usar essa figura de linguagem, rsrs.). Então, por muito tempo, ninguém lá em casa queria ser poeta, por causa da discriminação. Eu, que morei muito tempo com Severino, fui quem rompeu com isso. Enfrentei as gozações dos demais e comecei a escrever. Somente após publicar e conquistar alguns prêmios é que minha família parou com as gozações (perceberam que poesia tinha futuro, rsrs) e alguns outros irmãos meus começaram a assumir seus talentos de poeta, a começar pelo Evaristo Geraldo. Tem mais o Godofredo (o mais novo dos onze) e o Armando que também escrevem. E agora a nova geração da “Família Silva” (como diria o Klévisson): minha filha Julie Ane e Josué (filho do Evaristo).

Cite cinco cordelistas que tenham exercido influência em sua obra.
R – Leandro Gomes de Barros, José Camelo, Delarme Monteiro, José Pacheco e Joaqim Batista de Sena, sendo que, de todos, me identifico mais com Delarme.
(...)


*  *  *

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RELEMBRANDO GONZAGÃO

22 ANOS DA PARTIDA DO REI DO BAIÃO


Ilustrações: ARIEVALDO VIANA

Visitando hoje cedo o blog do meu amigo Pedrinho Sampaio, apresentador do programa Gonzagão na Cidade (Radio Cidade AM) encontrei essa singela homenagem a Luiz Gonzaga do Nascimento, o maior artista da música nordestina em todos os tempos:

Foi exatamente em 02 de agosto de 1989, que o Brasil de norte a sul de leste a oeste chorava a dor da partida do mais ilustre filho do Nordeste. No hospital Santa Joana em Recife capital pernambucana nas primeiras horas desse fatídico dia, o pernambucano do século XX partia para uma outra dimensão. Hoje completando 22 anos dessa saudade tão sentida inúmeras manifestações de carinho e lembranças acontecem em muitos recantos desse nação.Um desses exemplos é a missa a ser realizada na Paróquia de Nossa Senhora das Dôres em Otávio Bonfim na capital cearense que culminará com um show Tributo a Gonzagão com vários sanfoneiros seguidores do rei e abnegados Gonzagueanos, este momento encerra uma programação que começou domingo dia 31 de Julho com uma exposição no salão paroquial com acêrvo caririense da Barraca do Gonzagão e uma palestra proferida com assistência de áudio visual por Reginaldo Silva Presidente da Fundação Vovô Januário de Exú-Pe, todo esse trabalho realizado por uma equipe da qual participa o Gonzagueano e Professor David Morais.
Abaixo dois sonetos que escreví agora para referenciar esta data em nome do Programa Gonzagão da Cidade,que vai ao ar pela Rádio Cidade Am 860.


"REI MESTRE SANFONEIRO"

AGOSTO DE OITENTA E NOVE
NO BRASIL A LAMENTAÇÃO
TODO POVO SE COMOVE
COM A MORTE DE GONZAGÃO

O FILHO DE JANUÁRIO
JUNTO COM DONA SANTANA
CUMPRIA SEU INTINERÁRIO
DE FORMA TÃO SOBERANA

ASA BRANCA REVOAVA
ASSUM PRETO SE CALAVA
PELO FIM DE SUA SAGA

NO NORDESTE BRASILEIRO
O REI MESTRE SANFONEIRO
SERÁ SEMPRE LUIZ GONZAGA.

(Pedro Sampaio )


NOTÍCIA EXTRAÍDA DO ‘DIARIO DE PERNAMBUCO’


Os 22 anos de morte de Luiz Gonzaga estão sendo lembrados hoje com apresentações musicais, exposições, lançamentos e uma missa inspirada na literatura de cordel. Logo cedo, às 6h, começou a Vigília Gonzagueana, no Nosso Quintal (Rua Doutor Aniceto Ribeiro Varejão, 15, Torrões), com participação de sanfoneiros, bacamarteiros e Banda de Pífanos, além de uma exposição dos discos do Rei do Baião organizada por Mávio de Holanda. Esta é a sétima edição da Vigília Gonzagueana. A partir das 6h, o público será recepcionado por 30 sanfoneiros e bacamarteiros. Às 7h, teve início o café regional gratuito. Em seguida, os músicos seguem em cortejo na frevioca até a Avenida Guararapes. A confraternização é gratuita continua até a noite.

No Memorial Luiz Gonzaga, no Pátio de São Pedro, as celebrações acontecem durante todo o dia. O encerramento, a partir das 19h, contará com shows gratuitos de nomes como Trio Nordestino, Santanna, Terezinha do Acordeom, Camarão, Salatiel, André Macambira, Nádia Maia, Petrúcio Amorim, Pecinho Amorim, Cristina Amaral, Quinteto Violado, Fim de Feira. As celebrações no Memorial têm início às 9h, quando será inaugurada exposição com fotografias, discos e documentos no Memorial Luiz Gonzaga, no Pátio de São Pedro. Hoje, o local ficará aberto até 21h.

O livro Homenagens especiais ao eterno rei do Baião, de José Marcelo Leal Barbosa será lançado às 17h, como parte das comemorações. A obra reúne arquivos coletados pelo autor durante pesquisa para a produção de Luiz Gonzaga: Suas canções e seguidores. Às 18h, o Padre Luisinho celebrará uma missa especial na Igreja de São Pedro, em que a liturgia será inspirada na poesia de cordel. As músicas da cerimônia serão executadas por orquestra de sanfoneiros, rabecas e bandolins.
LINK PARA A MATÉRIA:

Arievaldo e a estátua de Gonzaga, na Feira de S. Cristóvão (RJ)

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

LANÇAMENTO

Contos populares do sertão e do mundo

No Brasil, não são muitas as coletâneas de contos populares, apesar da alardeada riqueza da nossa cultura popular e do empenho de estudiosos, como Sílvio Romero, Câmara Cascudo e Lindolfo Gomes. A publicação de Contos e fábulas do Brasil, pela editora Nova Alexandria, se reveste, por isso, de grande importância. Coligidos por Marco Haurélio, estes contos da tradição oral brasileira estão agora imortalizados em um livro que conta, também, com belíssimas ilustrações do artista plástico paraibano Severino Ramos.
A coletânea traz contos de animais, histórias de encantamento, religiosas e acumulativas. Há, ainda, notas esclarecedoras, assinadas pelo renomado pesquisador português, Paulo Correia, da Universidade do Algarve, mostrando o percurso das histórias, o número de versões existentes nos países de língua portuguesa e os similares de outros países.
Marco Haurélio, também, na abertura de cada seção, amparado em ampla pesquisa, num trabalho que dosa rigor e criatividade, aponta variantes das histórias colhidas por ele em outras coletâneas e até o reaproveitamento de muitas delas na literatura de cordel. Os leitores da obra dos Irmãos Grimm identificarão em Maria Borralheira a versão brasileira de Cinderela. E reconhecerão em O príncipe Teiú elementos da clássica história A bela e a fera e do conto mítico Eros e Psiquê, que integra O asno de ouro, escrito por Apuleio no século II d.C.
Segundo a professora Isabel Cardigos, referência mundial no estudo do conto popular, Contos e fábulas do Brasil, é “um livro fadado para ter a maior sorte: entre os adultos e entre aquelas crianças felizes a quem os adultos vão saber recontar estas histórias para que, com a ajuda da escrita, continue a correr a antiquíssima magia dos contos de tradição oral.”

Sobre o autor: Marco Haurélio, baiano de Riacho de Santana, é escritor, editor e pesquisador da cultura popular brasileira. No campo do folclore, além deste Contos e fábulas do Brasil, escreveu Contos folclóricos brasileiros (Paulus). Para a coleção Clássicos em Cordel, da Nova Alexandria, adaptou A megera domada, de William Shakespeare, e O Conde de Monte Cristo, este um dos vencedores do Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel – edição 2010.
Contos e fábulas do Brasil — Marco Haurélio
Ilustrações de Severino Ramos
ISBN 978-85-7492-265-2
16X23 cm — 216 págs.
Preço: R$ 38,00


Mais informações:
Janaína Gomes
2215-6252

Juliana Messias
2215-6252

Blog do livro:

CORDEL NA ESCOLA



Acorda Cordel na Sala de Aula

Autor: Arievaldo Vianna



Quando ainda não havia

O Rádio e a televisão

E os jornais não chegavam

Pra toda população

O folheto de CORDEL

Era o JORNAL DO SERTÃO



Lendo folhetos, então

O nosso povo sabia

Lenda de rei e princesa

E fato que acontecia...

Por ser cultura do povo

Inda resiste hoje em dia.



Muita gente o aprecia

Nas camadas populares

Porque leva informação

E divertimento aos lares

É cultura que resiste,

Forte, apesar dos pesares.



Conheço muitos lugares

Nos cafundós do sertão

Onde o cordel é usado

Para a alfabetização

É o Professor Folheto

Herói da educação.



Leandro Gomes então

Foi o grande pioneiro

Na publicação de versos

Por este Brasil inteiro

Nasceu lá na Paraíba

Este vate brasileiro.



Usando o canto guerreiro

Da Gesta Medieval

Antigas lendas Ibéricas

Contos de fada, afinal,

Foi que Leandro moldou

Essa arte magistral.



Deu ao folheto afinal

Um formato brasileiro

Revendo o “Ciclo do Gado”

Criou o “Boi Mandingueiro”

Falou de Antônio Silvino

Um famoso cangaceiro.



De títulos quase um milheiro

Nosso Leandro escreveu

Sustentou mulher e filhos

Com a arte que Deus lhe deu

Propagou pelo Nordeste

Somente disso viveu.



Quando Leandro Morreu

O cordel continuou

João Martins de Athayde

Muito tempo publicou

Obras de vários poetas

E assim o consolidou.



A informática chegou

Com a globalização

Com antenas parabólicas

Espalhadas no sertão

Mas o folheto garante

Boa comunicação.



Agora, na EDUCAÇÃO

O folheto faz figura

As escolas descobriram

Que o cordel é cultura

Meus parabéns para nossa

Popular literatura.



XILOGRAVURA - João Pedro Neto (Juazeiro-CE)

domingo, 31 de julho de 2011

O DISCO DA SEMANA

Luiz Gonzaga – Lua



Colaboração do Danilo Silva, de Santa Cruz do Capibaribe – PE

Raro disco do rei ‘Lua’.


Destaque para “Creuza Morena” de Lourival Passos e Luiz Gonzaga.

Luiz Gonzaga – Lua
1961 – RCA Victor


01. Capitão Jagunço (Paulo Dantas / Barbosa Lessa)
02. Baldrama macia (Arlindo Pinto / Anacleto Rosas Júnior)
03. Creuza morena (Ingazeira do Norte) (Lourival Passos / Luiz Gonzaga)
04. Dedo mindinho (Luiz Gonzaga)
05. Amor que não chora (Erasmo Silva)
06. O tocador quer beber (Carlos Diniz / Luiz Gonzaga)
07. Na cabana do rei (Jaime Florence “Meira” / Catulo de Paula)
08. Aroeira (Barbosa Lessa)
09. Rosinha (Nelson Barbalho / Joaquim Augusto)
10. Corridinho canindé (Luiz Gonzaga / Lourival Passos)
11. Só se rindo (Alvarenga / Ranchinho)
12. Alvorada da paz (Luiz Gonzaga / Lourival Passos)

Para baixar esse disco, clique aqui.