José Soares da Silva, mais conhecido como Mestre Dila, era
patrimônio vivo de Pernambuco e um dos maiores nomes da xilogravura no estado.
O artista morreu vítima de pneumonia.
Por G1 Caruaru
Mestre Dila — Foto:
Divulgação/ Ricardo Moura
Morreu na noite da quarta-feira (18) o cordelista e xilógrafo
José Soares da Silva, mais conhecido como Mestre Dila, em Caruaru, no Agreste.
O artista de 82 anos era patrimônio vivo de Pernambuco e um dos maiores nomes
da xilogravura no estado.
Mestre Dila estava internado há uma semana no Hospital Mestre
Vitalino. A causa da morte do xilógrafo foi uma pneumonia. O artista viveu e
trabalhou por muitos anos na Capital do Agreste e exerceu outras profissões
como agricultor, gráfico e tipógrafo.
Dos 82 anos de vida, em 50 deles Mestre Dila se dedicou à
xilogravura. Ele é um dos homenageados do desfile do Galo da Madrugada, no
Recife, durante o Carnaval 2020. O artista deixa cinco filhos e 11 netos. O
velório do Mestre será realizado no Cemitério Dom Bosco, em Caruaru, e o
enterro está marcado para 16h.
Corpo de Mestre Dila é
velado no Cemitério Dom Bosco, em Caruaru — Foto: Anderson Melo/TV Asa Branca
Por meio de nota, a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra,
lamentou a morte de Mestre Dila e contou que recebeu a notícia com
"bastante tristeza" e agradeceu pelos mais de 50 anos dedicados à
cultura caruaruense. "Somos gratos pela sua contribuição. Minha
solidariedade a todos os amigos e familiares por esta grande perda",
disse.
A Academia Caruaruense de Literatura de Cordel (ACLC) exaltou
a figura do Mestre Dila, ressaltando que ele "foi um dos maiores
xilogravuristas pernambucanos, deixando um legado inesquecível para a Cultura
Popular Nordestina".
Sobre Mestre Dila
Agricultor, gráfico e tipógrafo foram as profissões exercidas
por José Soares da Silva em Caruaru antes de se tornar o cordelista e xilógrafo
Mestre Dila. Ele trabalhou com cordel e xilogravura durante 50 anos. Há nove,
sofreu um acidente vascular cerebral.
Dila passou a ter dificuldades em realizar algumas atividades
sozinho depois do AVC. Para ele, andar e falar tornaram-se ações difíceis de
realizar. Mas, entre poucas palavras que conseguia pronunciar, ele revelou em
entrevista ao G1: "Me orgulho de ter feito mais de 200 cordéis".
Na década de 50, Dila tinha uma gráfica na própria casa. No
local, ele produzia os próprios cordéis e xilogravuras. "Na época em que
meu pai trabalhava ativamente com cordéis, o cordel era o jornal 'da matutada'.
Era por meio dele que as pessoas ficavam sabendo dos acontecimentos
diários", lembra Valdez Soares. "Hoje temos a televisão e a internet
como meio de comunicação, mas o cordel tem papel fundamental na nossa história
e cultura", disse o representante comercial Valdez Soares, filho de Mestre
Dila.
'O sonho de um romeiro
com o padre Cícero Romão', de Mestre Dila — Foto: Joalline Nascimento/ G1
A obra mais vendida de Dila foi "O Sonho de um romeiro
com o padre Cícero Romão", de acordo com o filho do artista. "Este
cordel conta a história de um romeiro que estava viajando para o Juazeiro [do
Norte] e adormeceu à sombra de uma árvore. No local, ele acabou sonhando com o
padre Cícero profetizando os anos vindouros. A história foi toda do imaginário
do meu pai", explicou Valdez.
Foi em Caruaru que Dila constituiu família. Morou no município
por mais de 60 anos e foi casado por mais de 50 com Valdecila Soares, que
morreu há três anos. O casal teve seis filhos, mas nenhum herdou o talento do
pai. "Desenvolver esta arte foi um dom dele. O engraçado é que nenhum dos
filhos herdou o talento da xilogravura. No cordel, sou o único que ainda tenta
fazer alguma coisa. Mas nunca como ele", afirmou Valdez.
Mestre Dila ganhou o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco
em 2002. O filho dele, Valdez Soares, contou que o pai não gostava muito do
título, nem de ser chamado de "mestre". "Ele sempre disse:
'Mestre, só Deus, meu filho'. Meu pai é um homem muito religioso",
revelou. A Lei de Patrimônio Vivo reconhece o trabalho dos mestres, mestras e
grupos do estado. A Lei prevê a concessão de bolsas vitalícias como incentivo
pela realização e perpetuação das atividades artísticas.
FONTE: https://g1.globo.com/pe/caruaru-regiao/noticia/2019/12/19/cordelista-e-xilografo-mestre-dila-morre-aos-82-anos-em-caruaru.ghtml
FONTE: https://g1.globo.com/pe/caruaru-regiao/noticia/2019/12/19/cordelista-e-xilografo-mestre-dila-morre-aos-82-anos-em-caruaru.ghtml
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