quarta-feira, 3 de abril de 2019

VACINA CONTRA A BESTEIRA

O VELHO FEBÊAPÁ



O amigo José Augusto Moita comentava hoje de manhã, nas redes sociais, que até para ser BESTA é preciso ter talento e preparo. Por mais besta que o cara seja, não é todo dia que está disposto a dizer sandices por aí. Conversei sobre o assunto com minha "CONGE" e ela me aconselhou a consultar a comadre LUZIA, esposa do CAMONGE.

Praticar a besteira dia após dia é uma arte... Somente o PALERMA, o PAPANGU, o PACÓVIO e o PASCÁCIO de berço é que podem exercitar essa curiosa arte de forma espontânea, natural e convincente. 

O mercado da BESTEIRA está alta, e disso não podemos nos queixar. Ultimamente, a besteira anda tão em moda que o saudoso Sérgio Porto, melhor dizendo, Stanislaw Ponte Preta, autor do FEBÊAPÁ (Festival de Besteira que Assola o País) teria um excesso de material tão grande que, certamente, teria uma estafa se tentasse compilar em livros tudo que se produz em matéria de ASNEIRA atualmente.



Há cerca de 15 anos, escrevi e publiquei um folheto chamado VACINA CONTRA A BESTEIRA, que, no meu entender, continua atualíssimo. Vejamos as estrofes a seguir. O texto integral será republicado brevemente pela RINARÉ EDITORA.

Arievaldo Vianna, caricatura de Válber

“VACINA CONTRA A BESTEIRA”

Stanislaw Ponte Preta,
Grande cronista, nos diz:
O que atrasa o Brasil
Tornando o povo infeliz
É o Festival de Besteira
Que assola o nosso país.


Formiga acaba uma roça
Neblina acaba uma feira
A bomba atômica arrasou
Uma metrópole inteira
No Brasil não há quem possa
Dar vencimento à besteira...

A besteira tem crescido
Numa escala de milhão
Do Oiapoque ao Chauí
A besteira é o refrão
Tomou conta de jornal
De rádio e televisão.


A besteira é um veneno
Pior que a estriquinina
Curar doença tão grave
Desafia a medicina
Na cultura popular
Talvez se ache a vacina.

A defesa da cultura
É uma necessidade
Para que o nosso povo
Não perca a identidade
Se afirme como nação
A atinja a prosperidade.

Somente valorizando
A popular tradição
O reisado, a cantoria.
Xote, xaxado e baião.
Pode-se achar um caminho
No rumo da salvação.

O folheto de cordel
O coco de embolada
A nossa xilogravura
Que na madeira é talhada
Também são ingredientes
Dessa vacina sagrada.

O teatro de Ariano
A música de Gonzagão
Xaxado e outras cantigas
Dos cabras de Lampião
Podem curar a besteira
Que assola nossa nação.

O trovador do Rio Grande
Com sua gaita fagueira
Cavalhadas de Goiás
E uma ciranda praieira
São remédios eficazes
Para se curar a besteira.

O frevo, o maracatu.
E o samba de raiz
São reflexos da cultura
De um povo bom e feliz
Basta beber dessa fonte
E zelar essa matriz.

O calango, o tatu-bola.
E a embolada mineira
As estórias encantadas
Dos folhetinhos de feira
São excelentes vacinas
Pra se curar a besteira.

A cultura popular
Não tem contra-indicação
Contém nacionalismo
E doses de tradição
Tem vários ingredientes
Que vitalizam a nação.

Pois esse lixo enlatado
Da cultura ocidental
Que nós somos obrigados
Consumir, por bem ou mal.
Só pode ser combatido
Se usarmos nosso arsenal.

Uma bomba de forró
Do legítimo “pé-de-serra”
Um torpedo de repente
Faz estremecer a terra
Vamos usar a cultura
Para vencer essa guerra.

Dominar, esse é o lema.
Dos povos conquistadores
Escravizar os mais fracos
Subtrair seus valores...
Negar a nossa cultura
É a marca dos opressores.

Neste século vinte e um
A besteira anda a mil
E reina de ponta a ponta
Sob um céu azul anil;
Educação e cultura
Podem salvar o Brasil...

(...)



5 comentários:

  1. Tem dois tipos de poetas: o pai d'égua e o fii duma égua.
    Só tenho amizade com os do primeiro grupo, pois o poeta pai d'égua é ansim, bota prá phuder do começo ao fim.
    Beijão, Poeta!

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  2. Valeu, José Augusto Moita. Breve vou publicar uma versão integral do folheto pela Rinaré Editora.

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  3. Está revelado o antídoto! Vamos vacinar à força, poeta?

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  4. A receita é a mesma do CHÁ CUTUBA. Bora se vacinar, Eduardo Macedo.

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