O VELHO FEBÊAPÁ
O amigo José Augusto Moita comentava hoje de manhã, nas redes sociais, que até para ser BESTA é preciso ter talento e preparo. Por mais besta que o cara seja, não é todo dia que está disposto a dizer sandices por aí. Conversei sobre o assunto com minha "CONGE" e ela me aconselhou a consultar a comadre LUZIA, esposa do CAMONGE.
Praticar a besteira dia após dia é uma arte... Somente o PALERMA, o PAPANGU, o PACÓVIO e o PASCÁCIO de berço é que podem exercitar essa curiosa arte de forma espontânea, natural e convincente.
O mercado da BESTEIRA está alta, e disso não podemos nos queixar. Ultimamente, a besteira anda tão em moda que o saudoso Sérgio Porto, melhor dizendo, Stanislaw Ponte Preta, autor do FEBÊAPÁ (Festival de Besteira que Assola o País) teria um excesso de material tão grande que, certamente, teria uma estafa se tentasse compilar em livros tudo que se produz em matéria de ASNEIRA atualmente.
Há cerca de 15 anos, escrevi e publiquei um folheto chamado VACINA CONTRA A BESTEIRA, que, no meu entender, continua atualíssimo. Vejamos as estrofes a seguir. O texto integral será republicado brevemente pela RINARÉ EDITORA.
Arievaldo Vianna, caricatura de Válber
“VACINA
CONTRA A BESTEIRA”
Stanislaw
Ponte Preta,
Grande
cronista, nos diz:
O que atrasa
o Brasil
Tornando o
povo infeliz
É o Festival
de Besteira
Que assola o
nosso país.
Formiga
acaba uma roça
Neblina
acaba uma feira
A bomba
atômica arrasou
Uma
metrópole inteira
No Brasil
não há quem possa
Dar
vencimento à besteira...
A besteira
tem crescido
Numa escala
de milhão
Do Oiapoque
ao Chauí
A besteira é
o refrão
Tomou conta
de jornal
De rádio e
televisão.
A besteira é
um veneno
Pior que a
estriquinina
Curar doença
tão grave
Desafia a
medicina
Na cultura
popular
Talvez se
ache a vacina.
A defesa da
cultura
É uma
necessidade
Para que o
nosso povo
Não perca a
identidade
Se afirme
como nação
A atinja a
prosperidade.
Somente
valorizando
A popular
tradição
O reisado, a
cantoria.
Xote, xaxado
e baião.
Pode-se
achar um caminho
No rumo da
salvação.
O folheto de
cordel
O coco de
embolada
A nossa
xilogravura
Que na
madeira é talhada
Também são
ingredientes
Dessa vacina
sagrada.
O teatro de
Ariano
A música de
Gonzagão
Xaxado e
outras cantigas
Dos cabras
de Lampião
Podem curar
a besteira
Que assola
nossa nação.
O trovador
do Rio Grande
Com sua
gaita fagueira
Cavalhadas
de Goiás
E uma
ciranda praieira
São remédios
eficazes
Para se
curar a besteira.
O frevo, o
maracatu.
E o samba de
raiz
São reflexos
da cultura
De um povo
bom e feliz
Basta beber
dessa fonte
E zelar essa
matriz.
O calango, o
tatu-bola.
E a embolada
mineira
As estórias
encantadas
Dos
folhetinhos de feira
São
excelentes vacinas
Pra se curar
a besteira.
A cultura
popular
Não tem
contra-indicação
Contém
nacionalismo
E doses de
tradição
Tem vários
ingredientes
Que
vitalizam a nação.
Pois esse
lixo enlatado
Da cultura
ocidental
Que nós
somos obrigados
Consumir,
por bem ou mal.
Só pode ser
combatido
Se usarmos
nosso arsenal.
Uma bomba de
forró
Do legítimo
“pé-de-serra”
Um torpedo
de repente
Faz
estremecer a terra
Vamos usar a
cultura
Para vencer
essa guerra.
Dominar,
esse é o lema.
Dos povos
conquistadores
Escravizar
os mais fracos
Subtrair
seus valores...
Negar a
nossa cultura
É a marca
dos opressores.
Neste século
vinte e um
A besteira
anda a mil
E reina de
ponta a ponta
Sob um céu
azul anil;
Educação e cultura
Podem salvar
o Brasil...
(...)
Tem dois tipos de poetas: o pai d'égua e o fii duma égua.
ResponderExcluirSó tenho amizade com os do primeiro grupo, pois o poeta pai d'égua é ansim, bota prá phuder do começo ao fim.
Beijão, Poeta!
Valeu, José Augusto Moita. Breve vou publicar uma versão integral do folheto pela Rinaré Editora.
ResponderExcluirEstá revelado o antídoto! Vamos vacinar à força, poeta?
ResponderExcluirA receita é a mesma do CHÁ CUTUBA. Bora se vacinar, Eduardo Macedo.
ResponderExcluirCordel maravilhoso, Arievaldo!
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