quarta-feira, 28 de junho de 2017

CINQUENTENÁRIO

Caricatura: Jô Oliveira (feita especialmente para essa ocasião)


Em 2007, quando eu completei 40 anos de idade, o amigo e parceiro Rouxinol do Rinaré enviou-me um CORDEL felicitando-me pelo aniversário, no qual se encontram dados da minha biografia e citações à minha obra. Preferi guardar esse trunfo para o meu cinquentenário, que julgo ser uma data mais marcante. Eis que agora publico, pela primeira vez, o texto escrito pelo Amigo Antônio Carlos da Silva - o popular ROUXINOL DO RINARÉ, texto esse que pretendo publicar também em folheto. A ilustração é do grande Jô Oliveira e servirá como selo comemorativo desta efeméride. De quebra, pretendo lançar, ainda este ano, os livros "O besouro" (contos) e "O Livro das Crônicas - II Volume de Memórias".


Poeta Rouxinol do Rinaré


UMA HOMENAGEM AO POETA
ARIEVALDO VIANA

ROUXINOL DO RINARÉ


Ó musa da poesia
Dá-me inspiração completa,
Um versejar bem fluente
Com rima bela e seleta
Pra, nessa nova abordagem,
Prestar uma homenagem
De poeta pra poeta.

Foi a convite da IMEPH,
Na pessoa do editor
Flávio Martins Albuquerque,
Que eu pude então me dispor
Pra narrar neste cordel
A vida dum menestrel
Cordelista de valor.

Flávio editor e amigo
Ao olhar o calendário
Comprovou que em setembro
Ari faz aniversário
Pensou: — Na sua linguagem
Vou “bolar” uma homenagem,
Porque se faz necessário.

Acertou então comigo
(Pois a musa nos irmana)
Me dizendo: —Rouxinol,
Faça um cordel bem bacana
Com inspiração e destreza
Pra fazer uma surpresa
A Arievaldo Viana!

Aceitei a incumbência
Porque tenho acompanhado
O trabalho desse vate,
Cordelista consagrado,
Reconheço seu valor
Já sou admirador
Desse poeta inspirado.

Falar de Arievaldo
É falar de um companheiro
Na arte cordeliana
Um poeta verdadeiro
De raiz e tradição,
Conceito e inspiração
No Nordeste brasileiro.

Nasceu no meu Ceará,
Lá em Quixeramobim.
Foi na Fazenda Ouro Preto
Em sessenta sete, enfim,
Setembro, dia dezoito,
(Nasceu “malino” e afoito)
Seu registro diz assim.

Na cartilha de ABC
Teve a primeira lição
Com a sua avó Alzira,
Tendo a predestinação
De poeta menestrel
Complementou com o Cordel
A primeira educação.

Cresceu com ele o talento
Da sua alma de artista
Pois faz um pouco de tudo:
Escreve e é desenhista
Com técnica e inspiração
Já tem vasta produção
Como um grande cordelista.

Com base na experiência
Da infância, no sertão,
De seu lúdico aprendizado
Tem repassado a lição:
Arte-educador fiel
Criou o “Acorda Cordel”
Projeto pra Educação.

Nosso cordel auxilia
O letramento, na escola,
E o “Acorda Cordel”,
Nesse caso é show de bola!
Pra estimular a leitura
E armazenar mais cultura
Nos “arquivos” da cachola!

Arievaldo também
Por mérito da poesia
Está na ABLC
Uma egrégia academia
Pois em 2.000 foi eleito.
Por seu talento e conceito
Aos imortais se associa.

Quarenta (algarismo místico)
É o número da cadeira
Que Arievaldo ocupa
Na Academia altaneira
E em memória ou abono*
Dessa cadeira é patrono
João Melchíades Ferreira.

Com Pedro Paulo Paulino,
Outro poeta exemplar,
A caixa “Cancão de Fogo”
Ari conseguiu lançar
No fim dos anos noventa.
Nossa cultura fomenta,
Pois começa a publicar.

O cordel, por essa época,
Andava meio abatido
Com Arievaldo e Klévisson
Ganhou um novo sentido.
Produzindo e publicando,
O folheto foi chegando
Ao seu lugar merecido.




E resgatando o romance
Arievaldo é autor
De “O castigo da inveja
Ou o filho do pescador”,
“O crime das três maçãs”
Que agrada a todos os fãs
Dos dramas trágicos de amor.

É dele “O príncipe Natan
E o cavalo mandingueiro”,
“Encontro com a consciência”,
Um enredo verdadeiro
Que enfoca a fatalidade,
Ressalta a honestidade
Mesmo envolvendo dinheiro!

Já adaptou Cervantes
Pra nossa literatura
Narrando “A força do sangue”,
Que é uma novela pura.
Como saga nordestina
Compôs “Jerônimo e Paulina
Ou O prêmio da bravura”.

Nos “Martírios de uma mãe
Ou as dores de Marina”
Ari mostra os sofrimentos
De uma mãe nordestina
Em sua trilha de dores
Colhendo espinhos e flores
Pelos reveses da sina!

Conta a história de “Luiz
Gonzaga, o Rei do Baião”,
Fez “Um pagode no inferno
Ou a nova loura do cão”.
São engraçados, de fato,
“O batizado do gato”,
“A raposa e o cancão”.




Ari fez com verve crítica
E poética galhofeira:
“Atrás do pobre anda um bicho”,
“Vacina contra a besteira”
Nesse aponta a “podridão”
Que traz a televisão
À família brasileira.

No “Encontro de FHC
Com Pedro Álvares Cabral”
Ironiza a trajetória
Desse país tropical
Que desde a sua invasão
Sofre com a corrupção
Da política sem moral.

Em “Os novos mamadores
Da negra dum peito só”
Outra vez contra os políticos
Desce o chicote, sem dó.
“Zé Ganância e João Preguiça”
Nesse faz crítica à cobiça
E ao preguiçoso bocó.

Escritor, ágil, versátil
(Sempre apronta “traquinice”),
Fugindo ao lugar-comum,
Porque detesta a mesmice,
Fez ensaio, escreveu causos,
Conquistou fama e aplausos
Com “O Baú da Gaiatice”.

Seus parceiros cordelistas
Minha pena agora cita:
Com Rinaré escreveu
Uma trama que suscita
Riso, sarcasmo, a contento,
Tratando do “Casamento
Do Morcego com a Catita”.

Compôs com Jota Batista
Gracejos, sem embaraço,
Com a história “O homem
Que lutou com um cabaço”,
As “Proezas de um babão”
E outros que não fiz menção
Pelo limite do espaço.

Com o irmão Klévisson Viana
Muito já tem publicado:
“O divórcio da Cachorra”
(Em Zé Pacheco inspirado),
“Martírios de um alemão”,
“O rapaz que virou barrão
Ou o porco endiabrado”.

Com Pedro Paulo Paulino
Até pra ciência apela
Como na glosa atual,
Falando de mulher bela,
No folheto bem rimado
“Se o clone for aprovado
Vou mandar fazer o dela”.

Os seus romances circulam
Por este Brasil inteiro
Com os selos da “Queima-bucha”,
“Tupynanquim” e “Luzeiro”.
Ari já é consagrado
Por vezes já foi citado
Na imprensa do estrangeiro.

Pela Editora Imeph
Revelou novo perfil
Lançando dois livros novos,
Com enredo claro e sutil,
Em cordel, bem trabalhados,
E belamente ilustrados
Para o leitor juvenil.

Um dos livros tem por título
“O pavão misterioso”
Recriação do romance
Clássico e bastante famoso
Com ilustrações, de primeira,
Feitas por Jô Oliveira
Ilustrador primoroso!

Já o outro é um enredo
Tirado da tradição
Uma fábula interessante
“A Raposa e o Cancão”
Que Arlene Holanda ilustrou
E a EDUCAÇÃO adotou
Desde a primeira edição.

Enfim, desse grande vate,
O que posso dizer mais?
Entre mais de cem cordéis
Tem romances geniais!...
É cordelista perito
Que já tem seu nome escrito
No livro dos imortais!!!

FIM



Comemorando o São João, com Ricardo Elesbão e Rouxinol do Rinaré

MAIS CARICATURAS

Cortesia de William Medeiros (PB)


Desenho de Klévisson Vianna


Cortesia do amigo Carlos Amorim (RJ)


Válber Benevides (CE)
Caricatura feita no programa LERUAITE, do Falcão.





Um comentário:

  1. Meu "cumpade" entrando em breve para o time dos cinquentões! - Seja bem-vindo, rsr.

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