Em 2007, quando eu completei 40 anos de idade, o amigo e parceiro Rouxinol do Rinaré enviou-me um CORDEL felicitando-me pelo aniversário, no qual se encontram dados da minha biografia e citações à minha obra. Preferi guardar esse trunfo para o meu cinquentenário, que julgo ser uma data mais marcante. Eis que agora publico, pela primeira vez, o texto escrito pelo Amigo Antônio Carlos da Silva - o popular ROUXINOL DO RINARÉ, texto esse que pretendo publicar também em folheto. A ilustração é do grande Jô Oliveira e servirá como selo comemorativo desta efeméride. De quebra, pretendo lançar, ainda este ano, os livros "O besouro" (contos) e "O Livro das Crônicas - II Volume de Memórias".
Poeta Rouxinol do Rinaré
UMA HOMENAGEM AO POETA
ARIEVALDO VIANA
ROUXINOL DO RINARÉ
Ó musa da poesia
Dá-me inspiração completa,
Um versejar bem fluente
Com rima bela e seleta
Pra, nessa nova abordagem,
Prestar uma homenagem
De poeta pra poeta.
Foi a convite da IMEPH,
Na pessoa do editor
Flávio Martins Albuquerque,
Que eu pude então me dispor
Pra narrar neste cordel
A vida dum menestrel
Cordelista de valor.
Flávio editor e amigo
Ao olhar o calendário
Comprovou que em setembro
Ari faz aniversário
Pensou: — Na sua linguagem
Vou “bolar” uma homenagem,
Porque se faz necessário.
Acertou então comigo
(Pois a musa nos irmana)
Me dizendo: —Rouxinol,
Faça um cordel bem bacana
Com inspiração e destreza
Pra fazer uma surpresa
A Arievaldo Viana!
Aceitei a incumbência
Porque tenho acompanhado
O trabalho desse vate,
Cordelista consagrado,
Reconheço seu valor
Já sou admirador
Desse poeta inspirado.
Falar de Arievaldo
É falar de um companheiro
Na arte cordeliana
Um poeta verdadeiro
De raiz e tradição,
Conceito e inspiração
No Nordeste brasileiro.
Nasceu no meu Ceará,
Lá em Quixeramobim.
Foi na Fazenda Ouro Preto
Em sessenta sete, enfim,
Setembro, dia dezoito,
(Nasceu “malino” e afoito)
Seu registro diz assim.
Na cartilha de ABC
Teve a primeira lição
Com a sua avó Alzira,
Tendo a predestinação
De poeta menestrel
Complementou com o Cordel
A primeira educação.
Cresceu com ele o talento
Da sua alma de artista
Pois faz um pouco de tudo:
Escreve e é desenhista
Com técnica e inspiração
Já tem vasta produção
Como um grande cordelista.
Com base na experiência
Da infância, no sertão,
De seu lúdico aprendizado
Tem repassado a lição:
Arte-educador fiel
Criou o “Acorda Cordel”
Projeto pra Educação.
Nosso cordel auxilia
O letramento, na escola,
E o “Acorda Cordel”,
Nesse caso é show de bola!
Pra estimular a leitura
E armazenar mais cultura
Nos “arquivos” da cachola!
Arievaldo também
Por mérito da poesia
Está na ABLC
Uma egrégia academia
Pois em 2.000 foi eleito.
Por seu talento e conceito
Aos imortais se associa.
Quarenta (algarismo místico)
É o número da cadeira
Que Arievaldo ocupa
Na Academia altaneira
E em memória ou abono*
Dessa cadeira é patrono
João Melchíades Ferreira.
Com Pedro Paulo Paulino,
Outro poeta exemplar,
A caixa “Cancão de Fogo”
Ari conseguiu lançar
No fim dos anos noventa.
Nossa cultura fomenta,
Pois começa a publicar.
O cordel, por essa época,
Andava meio abatido
Com Arievaldo e Klévisson
Ganhou um novo sentido.
Produzindo e publicando,
O folheto foi chegando
Ao seu lugar merecido.
E resgatando o romance
Arievaldo é autor
De “O castigo da inveja
Ou o filho do pescador”,
“O crime das três maçãs”
Que agrada a todos os fãs
Dos dramas trágicos de amor.
É dele “O príncipe Natan
E o cavalo mandingueiro”,
“Encontro com a consciência”,
Um enredo verdadeiro
Que enfoca a fatalidade,
Ressalta a honestidade
Mesmo envolvendo dinheiro!
Já adaptou Cervantes
Pra nossa literatura
Narrando “A força do sangue”,
Que é uma novela pura.
Como saga nordestina
Compôs “Jerônimo e Paulina
Ou O prêmio da bravura”.
Nos “Martírios de uma mãe
Ou as dores de Marina”
Ari mostra os sofrimentos
De uma mãe nordestina
Em sua trilha de dores
Colhendo espinhos e flores
Pelos reveses da sina!
Conta a história de “Luiz
Gonzaga, o Rei do Baião”,
Fez “Um pagode no inferno
Ou a nova loura do cão”.
São engraçados, de fato,
“O batizado do gato”,
“A raposa e o cancão”.
Ari fez com verve crítica
E poética galhofeira:
“Atrás do pobre anda um
bicho”,
“Vacina contra a besteira”
Nesse aponta a “podridão”
Que traz a televisão
À família brasileira.
No “Encontro de FHC
Com Pedro Álvares Cabral”
Ironiza a trajetória
Desse país tropical
Que desde a sua invasão
Sofre com a corrupção
Da política sem moral.
Em “Os novos mamadores
Da negra dum peito só”
Outra vez contra os políticos
Desce o chicote, sem dó.
“Zé Ganância e João Preguiça”
Nesse faz crítica à cobiça
E ao preguiçoso bocó.
Escritor, ágil, versátil
(Sempre apronta
“traquinice”),
Fugindo ao lugar-comum,
Porque detesta a mesmice,
Fez ensaio, escreveu causos,
Conquistou fama e aplausos
Com “O Baú da Gaiatice”.
Seus parceiros cordelistas
Minha pena agora cita:
Com Rinaré escreveu
Uma trama que suscita
Riso, sarcasmo, a contento,
Tratando do “Casamento
Do Morcego com a Catita”.
Compôs com Jota Batista
Gracejos, sem embaraço,
Com a história “O homem
Que lutou com um cabaço”,
As “Proezas de um babão”
E outros que não fiz menção
Pelo limite do espaço.
Com o irmão Klévisson Viana
Muito já tem publicado:
“O divórcio da Cachorra”
(Em Zé Pacheco inspirado),
“Martírios de um alemão”,
“O rapaz que virou barrão
Ou o porco endiabrado”.
Com Pedro Paulo Paulino
Até pra ciência apela
Como na glosa atual,
Falando de mulher bela,
No folheto bem rimado
“Se o clone for aprovado
Vou mandar fazer o dela”.
Os seus romances circulam
Por este Brasil inteiro
Com os selos da
“Queima-bucha”,
“Tupynanquim” e “Luzeiro”.
Ari já é consagrado
Por vezes já foi citado
Na imprensa do estrangeiro.
Pela Editora Imeph
Revelou novo perfil
Lançando dois livros novos,
Com enredo claro e sutil,
Em cordel, bem trabalhados,
E belamente ilustrados
Para o leitor juvenil.
Um dos livros tem por título
“O pavão misterioso”
Recriação do romance
Clássico e bastante famoso
Com ilustrações, de primeira,
Feitas por Jô Oliveira
Ilustrador primoroso!
Já o outro é um enredo
Tirado da tradição
Uma fábula interessante
“A Raposa e o Cancão”
Que Arlene Holanda ilustrou
E a EDUCAÇÃO adotou
Desde a primeira edição.
Enfim, desse grande vate,
O que posso dizer mais?
Entre mais de cem cordéis
Tem romances geniais!...
É cordelista perito
Que já tem seu nome escrito
No livro dos imortais!!!
Meu "cumpade" entrando em breve para o time dos cinquentões! - Seja bem-vindo, rsr.
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