A VIDA SÓ COMEÇA DEPOIS DO CARNAVAL
Baby a estrada é a
mesma
Aprendi na quaresma
(depois do Carnaval)
(depois do Carnaval)
Que a carne é algo
mortal
Com multa de avançar
sinal.
Todo jornal que eu leio
Me diz que a gente já
era
Que já não é mais
primavera
Oh baby... Oh, baby...
A gente ainda nem começou!
A gente ainda nem começou!
(Raul Seixas – Cachorro
Urubu)
Segundo o Eclesiastes, o livro
mais sábio e profundo do Antigo Testamento, há tempo para tudo nessa vida. Eu
que o diga... Já trabalhei de caixeiro de bodega, camelô, propagandista, artesão, radialista, redator, produtor de rádio e televisão, chargista, cartunista,
ilustrador, diagramador, assessor sindical, folheteiro, editor, xilogravador, poeta e escritor. Já carreguei algumas pedras e já
paguei algumas penas. Aliás, é impossível falar de tanta coisa e não lembrar uma estrofe do poeta Oliveira de Panellas, extraída do livro O poeta gozador:
Já fiz muita travessura
Desde os tempos de menino;
Já roubei cuia de cego,
Já cortei corda de sino,
Só nunca fui pederasta
Mas passei tirando um fino.
Vida de operário, de trabalhador
é quase impossível conciliar com vida de artista. Mesmo assim eu tenho um pé em
casa e outro na estrada. E vou escapando com a graça de Deus. Escapando e
criando a filharada. É importante ter o dinheiro da cerveja sem deixar faltar o
leite e a rapadura das crianças. Como dizia um velho sertanejo que conheci na infância: "— Rapadula pá sobá!"
Há tempo para semear e tempo para se colher. E eu não ambiciono nada além de uma terra que tenha atoleiros de manteiga, barreiras de carne assada, lagoas de vinho do porto e mantas de carne guisada, como dizia o poeta Manoel Camilo dos Santos, autor do folheto Viagem a São Saruê.
É bom experimentar a vida de várias maneiras. Assim como gosto do sossego do meu lar e da minha rede de varandas, dos cafunés da mulher companheira, também gosto da estrada. A vida é assim mesmo. Meu avô Mané Lima já dizia: — Meu filho, quem sabe andar pelo mundo, pisa na folha seca e não chia... Vovó, velha previdente respondia: — Pedra que muito rola não cria lodo. Boa romaria faz quem em sua casa está em paz! E eu escutava os dois e equilibrava tudo na balança do juízo.
Então, hora de descanso é hora de hibernar, de se recolher na toca, de curar as bicheiras e voltar mais forte do que nunca. E quando cessa a tempestade e o sol desponta mais brilhante, é hora de selar o tejo, pisar na folha e ganhar o oco do mundo! Afinal de contas, depois do vendaval vem a bonança. Dizem que a vida no Brasil só começa depois do Carnaval. Mas, este ano, para não fugir da regra, já apareceu um cientista-vidente lá das bandas da Rússia dizendo que terra vai se acabar no próximo dia 16/02, quando um asteroide vagabundo chocar-se com o nosso planeta.
Depois da morte do Ministro Teori eu não estou interessado em nenhuma teoria... Vamos ver o que vai acontecer depois do FIM DO MUNDO. Concluo com o verso atribuído a Zé Limeira, o Poeta do Absurdo e reaproveitado de forma magistral pelo sumido estradeiro Belchior: ANO PASSADO EU MORRI, MAS ESTE ANO EU NÃO MORRO!
Há tempo para semear e tempo para se colher. E eu não ambiciono nada além de uma terra que tenha atoleiros de manteiga, barreiras de carne assada, lagoas de vinho do porto e mantas de carne guisada, como dizia o poeta Manoel Camilo dos Santos, autor do folheto Viagem a São Saruê.
É bom experimentar a vida de várias maneiras. Assim como gosto do sossego do meu lar e da minha rede de varandas, dos cafunés da mulher companheira, também gosto da estrada. A vida é assim mesmo. Meu avô Mané Lima já dizia: — Meu filho, quem sabe andar pelo mundo, pisa na folha seca e não chia... Vovó, velha previdente respondia: — Pedra que muito rola não cria lodo. Boa romaria faz quem em sua casa está em paz! E eu escutava os dois e equilibrava tudo na balança do juízo.
Então, hora de descanso é hora de hibernar, de se recolher na toca, de curar as bicheiras e voltar mais forte do que nunca. E quando cessa a tempestade e o sol desponta mais brilhante, é hora de selar o tejo, pisar na folha e ganhar o oco do mundo! Afinal de contas, depois do vendaval vem a bonança. Dizem que a vida no Brasil só começa depois do Carnaval. Mas, este ano, para não fugir da regra, já apareceu um cientista-vidente lá das bandas da Rússia dizendo que terra vai se acabar no próximo dia 16/02, quando um asteroide vagabundo chocar-se com o nosso planeta.
Depois da morte do Ministro Teori eu não estou interessado em nenhuma teoria... Vamos ver o que vai acontecer depois do FIM DO MUNDO. Concluo com o verso atribuído a Zé Limeira, o Poeta do Absurdo e reaproveitado de forma magistral pelo sumido estradeiro Belchior: ANO PASSADO EU MORRI, MAS ESTE ANO EU NÃO MORRO!
Arievaldo Vianna
Excelente texto. Valeu trabalhador "bombril".
ResponderExcluirÉ isso mesmo, compadre. Já fiz muita coisa nessa vida para sobreviver, sempre procurando meios lícitos e honestos.
ExcluirE depois da turma golfar ódio desejando e comemorando a morte duma senhora, temos mais é que hibernar. Excelente!
ResponderExcluirMuito lúcido o seu comentário poeta. Esse momento que o país atravessa nos convida a hibernar e esperar por dias melhores.
ExcluirQUER MONTAR A SUA BIBLIOTECA DE CORDEL???
ResponderExcluirTemos mais de cem títulos, de mais de 20 autores em estoque e enviamos pelo correio para qualquer parte do Brasil.
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