quarta-feira, 26 de outubro de 2016

VIVA BELCHIOR!



OS 70 ANOS DE BELCHIOR EM CORDEL


Um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos, gravado por Roberto Carlos, Elis Regina, Jair Rodrigues, Antônio Marcos, Ney Matogrosso, Maria Rita, Raimundo Fagner e outros medalhões da música brasileira está “desaparecido” há mais de cinco anos e já foi alvo de reportagens do programa ‘Fantástico’, da Rede Globo de Televisão e outros programas de TV. Estamos falando do cearense BELCHIOR (Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenele Fernandes), sobralense nascido aos 26 de outubro de 1946.
Durante esse período do “sumiço” do Bel, como é chamado carinhosamente pelos amigos de sua geração, travei uma sólida amizade com o músico piauiense Jorge Mello, o seu principal parceiro em mais de 20 composições. Eles começaram a carreira juntos, nos programas da TV Ceará e partiram para o Sudeste no começo da década de 1970. Chegaram a dividir a mesma “quitinete”, enquanto aguardavam ventos favoráveis para gravação dos primeiros trabalhos.
Jorge Mello é um cara muito organizado. Guarda todas as reportagens do período, depoimentos, gravações de programas de rádio e TV, cartazes e ingressos de shows e pretende escrever um livro sobre os artistas de sua geração, o chamado “Pessoal do Ceará”.
Jorge mora em São Paulo e passa a maior parte do tempo compondo, escrevendo ou desenhando num sítio que possui no interior paulista. O seu fabuloso acervo é frequentemente consultado por jornalistas, pesquisadores e também por estudantes que realizam pesquisas de mestrado e doutorado.
Ultimamente eu e Jorge Mello trabalhamos na produção de um folheto de cordel homenageando o grande compositor cearense. E, por que um cordel? Por vários fatores. Primeiro porque Jorge Mello é cordelista e repentista de talento. Segundo porque o próprio Belchior admite que suas maiores influências como músico foram os poetas e cantadores de feira.
Assim sendo, Jorge convidou-me para escrever esse trabalho em parceria e foi assim que nasceu o folheto “Peleja de um TROVADOR ELETRÔNICO com o ROBÔ GOLIARDO” dois personagens que aparecem em composições de Jorge Mello e Belchior. Eis alguns trechos do trabalho, ainda inédito:



HOMENAGEM A BELCHIOR – A INCRÍVEL PELEJA
DO TROVADOR ELETRÔNICO COM O ROBÔ GOLIARDO
Autores: Arievaldo Vianna e Jorge Mello



ARI - Vinda das constelações
Do espaço sideral
Uma estrela fulgurante
Clareou o meu quintal
Num instante de magia
Derramando poesia
E melhorando o astral.

E foi quem trouxe a notícia
Que para nós tem valor
Falando do paradeiro
De um genial trovador
Um repentista inspirado
Compositor renomado
Que se chama BELCHIOR.

JM - Sou feito do aço forte
Do aço bom de martelo
Também um compositor
Sou um poeta no prelo
E meu rebanho apascento...
Agora me apresento:
Eu me chamo Jorge Mello.

Meu filho ainda pequeno
Por muitas vezes dizia,
Em conversas de garotos,
Alunos da academia,
Falando de meu trabalho
Dos repentes que espalho
E a sua filosofia:

“Meu velho pai  já sabia
Toda  a batida do rock.
E a sua sabedoria
É cria de Woodistock.
Que a tal batida recria...
É,  que seu olho já via
Como enxergava  Sherlock.”

Tudo porque minha obra
Fundiu-se a de Belchior.
Esse poeta maior!
E grande compositor...
Então, por estas razões
Criamos muitas canções
Obras de muito valor.

“O som do alto-falante,
Rolava e me dava um toque.”
É o Trovador Eletrônico
Aqui berrando seu roque.
É o Robô Goliardo!
Eu nunca falho nem tardo
Mostrando  rock do estoque.

ARI - Feito bala de bodoque
A minha rima é certeira
Da arte de Zé Pacheco
A minha lira é herdeira
Sou poeta e menestrel
Nasci pra fazer cordel
E cantar no meio da feira.

Abrindo larga clareira
O meu estro sempre emana
Vou cantar com Jorge Mello
Poeta que não se engana
E também bebe cerveja
E topa nessa peleja
ARIEVALDO VIANNA.

 Como Poe, poeta louco
Eu pergunto ao passarinho:
E as velas do Mucuripe?
E o meu paletó de linho?
Black bird me responde
O passado nada esconde
Estás melhor que o vinho!

Mudando agora a toada
Novo caminho eu revelo
Chamo o Robô Goliardo
(E o bardo Jorge Mello)
A fim de mostrar seu dote
Cantando em cima do mote
Nos dez pés de um martelo.

D E C I M A S:

ARI  - Jorge Melo eu agora de previno
Pra mudar o estilo da toada
Preste bem atenção meu camarada
Na pisada do verso cristalino
Eu já sei que também és nordestino
E que sabes versejar com maestria
Nos segredos da velha cantoria
És um sol que rebrilha no quintal...
Belchior é poeta universal
Já criou e fez tudo em poesia!

JM - O talento é igual ao diamante
Não tem brilho, nem cor sem o trabalho
Vem da força da terra no cascalho
Só então o carvão fica brilhante.
Poetar é um pouco desse instante...
Quando ferve a palavra em agonia
Sai  a joia que só o poeta cria.
Escrever é o gozo triunfal...
Belchior é poeta universal
Já criou e fez tudo em poesia!

ARI – Se “El Condor” desliza sobre os Andes
E esparrama suas asas sobre nós
É preciso que se cante e solte a voz
Na toada da viola que expandes
Não se pode olvidar a obra dos grandes
Trovadores que divulgam a cantoria
Se agora estou por fora, um novo dia,
Vai surgir para afugentar o mal
Belchior é poeta universal
Já criou e fez tudo em poesia!

JM - Muito embora eu pareça um guerreiro
De origem  até de outro planeta
Tenho a força do rabo do capeta
Sou da terra, como é qualquer vaqueiro.
O futuro tá aí meu companheiro
Revelando o segredo da magia
Vim pra ver e cantar sabedoria
De origem até medieval
Belchior é poeta universal
Já criou e fez tudo em poesia.


(...)