segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Aniversário de LEANDRO e do FITICO


 
19 de novembro, dia da Bandeira nacional, é a data de aniversário do maior poeta da Literatura de Cordel, Leandro Gomes de Barros (1865) e também de meu bisavô Francisco de Assis de Souza — o Fitico do Castro —, que embora não tenha se dedicado a esse ofício, também fazia os seus versinhos...  testamentos de Judas e segundo alguns teria escrito também A Onça da mão torta e O Boi Vermelhinho, dois cordéis que tiveram certa repercussão no limiar do século XX, mas que circularam somente de forma manuscrita em cadernos de família.

De Leandro eu já falei bastante neste blog e estou prestes a lançar a sua biografia pela Editora Coqueiro, do Recife. O projeto inicial previa, além da biografia, uma Antologia Comentada do grande poeta. Estou tentando captar recursos para executar essa idéia.

Voltemos ao meu bisavô, figura que desejo homenagear nesta data dos 143 anos do seu nascimento. O velho Fitico era um danado… Possuía uma pequena, porém ótima biblioteca com livros editados no Brasil, Portugal e até Alemanha, quase todos de temática sacra e gostava muito de escrever, em bom português e ótima caligrafia. Olympio Viana (o Pai Viana da Cacimbinha), um de meus bisavós maternos, também tinha esse hábito. Quanto ao Miguel do Castro dizem que também era poeta de nomeada, pois quando estava moribundo ainda teve fôlego para compor essa quadrinha para uma comadre que viera visitá-lo: 

— Quatro coisas me aborrecem,
Fora faca que não corta...
Dormir cedo, acordar tarde,
Mulher feia e besta torta! 

— Pegue esta pra você, comadre! — Teria dito o enfermo. 
 

Francisco de Assis de Sousa nasceu no dia 19 de novembro de 1870 e casou-se com uma sobrinha, Maria das Mercês Viana de Sousa, filha de sua irmã Francisca, mais conhecida como ‘Mãe Souza’ e de Miguel Martins Viana. A moça era 14 anos mais jovem, pois nascera no dia 18 de fevereiro de 1884. Ainda adolescente, Fitico estudou na capital, nos bons tempos da Fortaleza descalça, quando chegou a conhecer a famosa Marica Lessa (Maria Francisca de Paula Lessa), personagem que inspirou Manoel de Oliveira Paiva em seu célebre romance Dona Guidinha do Poço. Já senil e amalucada, a velha ainda teimava em protestar inocência no caso do assassinato do seu marido, o coronel Domingos Victor Abreu, morto pelo escravo Corumbé, a mando da própria Marica Lessa e de seu amante Senhorinho, segundo se dizia.

Fitico foi contemporâneo e admirador do Padre Cícero Romão e protetor do Padre Azarias Sobreira, o melhor e mais fidedigno biógrafo do patriarca do 'Joaseiro'. Encontrando-o adoentado, ainda adolescente, a caminho do Convento de Canindé, onde foi seminarista, Fitico prontificou-se a cuidar de sua saúde na Fazenda Castro, de sua propriedade. No Castro, o jovem Azarias recebeu calorosa acolhida durante meses, até recuperar-se e poder retornar aos estudos religiosos, pois era esse o seu intento. Quando ordenou-se sacerdote, veio celebrar uma missa na capelinha do Castro, erguida pelo meu bisavô, dedicada à Jesus, Maria e José, capela na qual eu viria a me batizar pelas mãos do padre Vital Elias, então vigário de Madalena. Ali também fiz a primeira comunhão que me foi ministrada pelo Padre Nery Feitosa, escritor e historiador dedicado.

Minha avó Alzira Viana de Sousa Viana (Lima, após o matrimônio) era leitora contumaz dos clássicos do cordel e papai, Francisco Evaldo de Sousa Lima, um apaixonado por cantoria que não aventurou-se pelo mundo com uma viola às costas porque a família (meu avô, principalmente) não foi de acordo. Mas adquiriu um vasto cabedal de livros e folhetos que decorava com grande facilidade e lia ou declamava para os filhos sempre que tinha tempo. Dois de meus irmãos também fazem versos com grande facilidade, são eles Klévisson e Itamar.
 
Casa do Fitico, construída por seu pai Miguel do Castro em 1851
 
 
O BOI VERMELHINHO (TRECHOS)
Autoria atribuida ao FITICO

Caros amigos leitores
Todos prestem atenção
Que agora eu vou contar
A história dum barbatão
Que aconteceu algum tempo
Aqui no nosso sertão,


"Nasci nas Lages dos Lessas
Debaixo de um juazeiro
Minha mãe me disse um dia
Que eu ia ser cangaceiro
E eu prometi a ela
De nunca entrar em chiqueiro.


No dia em que eu nasci
A vinte e sete do mês
Num dia de sexta-feira
Foi esta a primeira vez
Que houve um eclipse total
Em novecentos e seis.

 

O FITICO E SUA FAMÍLIA

Nome: Francisco de Assis de Souza

Nascimento: 19 de Nov de 1870

Morte: 22 de Abr de 1962

Pais: Miguel José de Sousa e Francelina Paulino do Amor Divino

Irmãos: Maria Joaquina do Espírito Santo (Mariazinha), Antonio José de Sousa, Francisca de Sousa, Maria do Rosário de Sousa, Raquel de Sousa, Izabel de Sousa (Zabilinha), Maria de Santana de Sousa, Joaquim José de Sousa (Quinca), José Joaquim de Sousa (Dedé), Maria dos Reis de Sousa

Esposa: Maria das Mercês Sousa Viana

Filhos: Assis, Moça, Mariquinha, Francelina, Alice, Raimundinha, Álvaro, Zezinho, Alzira, Luizinho, Zequinha e Carmelita.

Netos e bisnetos: Uma infinidade, quase tão numerosos como os descendentes do patriarca Abraão.

 

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