Pintor canindeense
retrata a saga do vaqueiro em exposição
No meu livro “Mala da Cobra – Almanaque Matuto”, ainda inédito,
apresento o João Cândido, o singular personagem retratado por Fabiano Chaves
nesse quadro. João é Viana, filho da tia Mariquinha, irmã de minha avó materna
Áurea Viana. Vamos ao ‘causo’, aqui intitulado de:
O CALEB VELHO
O João Cândido era um sujeito muito
desleixado com o visual. Não era, propriamente, um embrulho de velocípede, mas
parecia com um saco de cruzes. Cabelos em desalinho caindo pelos ombros, barba
por fazer e roupas amarrotadas. Gostava de exercer a profissão de vaqueiro, mas
a sua vestimenta de couro em nada melhorava a sua aparência. Deveria ser
herança de seu bisavô, dado o estado em que se encontrava. Dizem que os bolsos
do velho gibão eram a morada predileta de lacraus, grilos e baratas. Certa
feita, perseguindo um novilhote,
conseguiu acuar essa rês no quintal de uma casa, provocando grande
alarido com seus aboios. A dona da casa, um pouco assustada, mandou uma filha pequena
saber do que se tratava. A menina voltou
apavorada, sem um pingo de sangue no rosto e relatou assombrada:
- Mamãe é um bicho véi tão feio,
fedendo a macaco esfaqueado, montado num cavalo preto, com os cabelos pelos
ombros, uma barba que parece o Pai-Luís e o gibão véi todo rasgado...
Antes que a menina terminasse o seu
relato, João Cândido que ouvia toda a descrição depreciativa feita pela
pequena, apareceu na janela e fez as devidas apresentações:
- ... É o cão, é o diabo, é o
satanás, é o bilifute, é o Caleb Véi...
Já ouviram falar dele? Pois olhem ele aqui, em carne e osso!
Nem precisa dizer, que mãe e filha
assombradas com aquela aparição, trataram de fechar portas e janelas e rezar o
Creio-em-Deus-Padre.
Como não há mal que não traga um bem,
a partir desse dia, o vaqueiro João Cândido tornou-se mais zeloso com a sua
aparência.
Figura 1 – Vaqueiro, de
Fabiano Chaves
Figura 2 – Jangadeiros,
de Raimundo Cela
Figura 3 - Pescador - Raimundo Cela
Figura 3 - Pescador - Raimundo Cela
Caro amigo, é "Missa do Vaqueiro". Caso se refira a missa no Sertao pernambucano,Serrita. Homenagem ao vaqueiro morto durante o dever de oficio. Vaqueiro Raimundo Jacó!
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ResponderExcluirCorrigindo - 1971.
ResponderExcluirCaro Negrito, como Gonzagueano acho muito bom a pessoa chegar e colocar os pingos nos "is'. REALMENTE o evento criado por Gonzagão em Serrita é A MISSA DO VAQUEIRO. Em Canindé-CE, desde 1971 (salvo engano), há a MISSA DOS VAQUEIROS, criada por Frei Lucas Dolle, pelo folclorista Raimundo Marreiro e outros cidadãos daquela cidade. A foto em questão, que resultou nessa obra de arte, foi tirada em Canindé, na Missa dos Vaqueiros. Grande abraço, continue visitando e comentando nosso blog.
ResponderExcluirEm tempo: LUIZ GONZAGA abrlhantou algumas edições desta missa em Canindé, fazendo dueto com nossa vaqueira DINA, Mestra da Cultura no Ceará.
ResponderExcluirPrezado, vi a pintura do Fabiano Chaves e não pude deixar de comentar. Fantástica! Traços e expressões impecáveis e luminosidade fidedigna à dos nossos dias ensolarados.
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