A CRIAÇÃO DO MITO
E DA CARICATURA
Escrito por Conrado Falbo
Escrito por Conrado Falbo
Quem hoje
tem 30 e poucos anos não sabe o que é a vida sem Luiz Gonzaga. É o meu caso:
cresci escutando sua voz nas canções e reconhecendo imediatamente sua fi gura
sempre que aparecia na televisão, no jornal ou nas lojas de discos. Obviamente,
o fato de eu ter nascido no Recife faz com que essa presença tenha um signifi
cado todo especial, mas é igualmente óbvio que sua força foi percebida muito
além das fronteiras de minha terra natal. Luiz Gonzaga é um símbolo cultural de
grande alcance e complexidade. Como não estive lá para ver o fenômeno surgir,
meu ponto de vista necessariamente inclui as caricaturas que também aprendi a
reconhecer e que já foram incorporadas à persona pública desse artista. Existem
pelo menos três delas: o mito, o estereótipo e o ritmo.
O mito e o estereótipo são duas faces de uma mesma moeda e estão profundamente relacionados à dicotomia entre nordestinos e sulistas, uma divisão do mundo que o próprio Gonzaga ensinou em suas canções. Do lado dos nordestinos, o mito evoca uma realidade de exclusão social e sofrimento, mas acaba gerando uma identifi cação positiva, já que a “voz da seca” pertence a um cantor de enorme sucesso. Conforme essa lógica ambivalente, Luiz Gonzaga representa o retirante bem-sucedido, que venceu as dificuldades e conquistou a terra dos sulistas cantando sua própria terra.
Leia a matéria na íntegra na edição 138 da Revista Continente.
O mito e o estereótipo são duas faces de uma mesma moeda e estão profundamente relacionados à dicotomia entre nordestinos e sulistas, uma divisão do mundo que o próprio Gonzaga ensinou em suas canções. Do lado dos nordestinos, o mito evoca uma realidade de exclusão social e sofrimento, mas acaba gerando uma identifi cação positiva, já que a “voz da seca” pertence a um cantor de enorme sucesso. Conforme essa lógica ambivalente, Luiz Gonzaga representa o retirante bem-sucedido, que venceu as dificuldades e conquistou a terra dos sulistas cantando sua própria terra.
Leia a matéria na íntegra na edição 138 da Revista Continente.
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