Capa da segunda edição, gravura de J. Borges baseada em desenho de Jô Oliveira
Capa da primeira edição (Jô Oliveira)
Meu amigo e parceiro JÔ OLIVEIRA é de uma modéstia e humildade admiráveis. Excessivas, até, eu diria. Em suas entrevistas costuma dizer que a gravura popular de J. Borges e a cerâmica de Vitalino de Caruaru são as suas maiores fontes de inspiração. Por conta disso, além de ser amigo de J. Borges, é também um admirador confesso e às vezes chega mesmo a considerá-lo seu "mestre". Eu, particularmente, também admiro a arte do gravador (do poeta, nem tanto) José Francisco Borges, o famoso J. Borges, tão incensado por Ariano Suassuna e outros intelectuais nordestinos.
Há bem pouco tempo, Jô Oliveira ilustrou um texto de J. Borges, trata-se de uma adaptação do famoso romance de Miguel de Cervantes, o Dom Quixote de La Mancha, que certamente foi enrequecido com seu traço magistral e inconfundível.
Agora, J. Borges relança o mesmo livro com gravuras de sua autoria, porém baseadas nas ilustrações de Jô Oliveira que se sentiu muito honrado com essa gentileza, uma verdadeira homenagem, nas suas palavras. Eu, particularmente, acho que Jô Oliveira tem talento de sobra, é um artista que não deixa nada a dever a Ziraldo, Flávio Colin, Mozart Couto e outros grandes nomes do quadrinho brasileiro. Tem um estilo próprio, inconfundível, realmente baseado na xilogravura, mas não apenas na gravura de Borges, mas de todos os mestres desse ramo artístico, dentre os quais destacam-se também Stênio Diniz, José Lourenço, Abraão Batista, Dila e Minelvino.
Gravura de J. Borges baseada em desenho de Jô
É bom saber que um artista como Jô Oliveira, que já ilustrou mais de 100 livros, que já conquistou prêmios na Europa, que já criou mais de 50 selos para os Correios (alguns deles premiados nos maiores eventos de filatelia do mundo) não perdeu a sua humildade, a sua modéstia e a sua ternura. "Hay que endurecer-se sín perder la ternura, jamás", pregava o guerrilheiro das Américas Ernesto 'Che' Guevara. Viva o Jô Oliveira e viva também o J. Borges, que soube reconhecer o seu grande talento.
Arievaldo Viana
Nada mal para el Manco de Lepanto ter hoje em dia sua obra máxima difundida em todas as mídias possíveis, conservando, intacto, seu espírito de universalidade.
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