domingo, 8 de janeiro de 2012

CACHIMBINHO alfineta bandas de FORRUIM

Remasterizada, obra do poeta

Cachimbinho é lançada em 3 CD’s





Cachimbinho relembra momentos de sua trajetória cultural 

Os discos originais são de 1975, 1978 e 1979, e agora são relançados no formado de CD e remasterizadas. Trata-se de três importantes obras da carreira do poeta e cantador paraibano Cachimbinho. Fruto de parcerias com Livardo Alves e Geraldo Mousinho, as canções agora serão exibidas em shows no dias 8 e 9 de maio, às 19h30 no Centro Proletário Alberto de Brito, na Torre.

Cachimbinho, Mestre das Artes e ganhador da medalha Augusto dos Anjos, vai apresentar o show ‘Com Muito Amor e Pimenta’. Os cantores também paraibanos Rubinho da Paraíba e Clementino Lins vão tocar as músicas de Livardo Alves, fazendo tributo a ele já na abertura do show. Cachimbinho era parceiro de Livardo Alves e um dos CDs relançados inclui peças da obra dele.

“Sinto-me feliz: é um trabalho bem feito e o pessoal gosta muito disso, pois só quem fazia (música popular de raiz) em João pessoa éramos Geraldo Mousinho e eu. Esses discos eu gravei há 20 anos passados, mas no Rio de Janeiro e Recife, ainda na época do vinil. Tem música com Quinteto Violado, Cajú e Castanha, Sandro Becker”, comemora.

Esse resgate de sua obra deixa o poeta e cantador satisfeito. Ele disse que é normal que o gosto das pessoas mude com o passar dos anos e que às vezes estilos musicais que se perderam no tempo reaparecem com força total. Ele acredita que o povo não sabe muito bem os próprios gostos musicais e por isso mudam de idéia com freqüência. O poeta reclama que atualmente a música vem sendo feita sem muito esmero e que as letras não passam mais nenhuma emoção a quem escuta.

“As coisas boas acabaram todas, inventaram uma música agora: ‘beber, cair, levantar’? Não tem nada a ver. Beber demais é muito ruim, cair também, é falta de pensamento de entendimento e de composição”, alfineta. “Música é terapia, é cura, é divina, mas só faz isso quem tem um dom. Dizer besteira todo mundo diz, agora dizer coisas dentro dum assunto é difícil”, conclui.


Aposentadoria e Medalha

A respeito da aposentadoria como Mestre das Artes, ele diz que a Lei Canhoto da Paraíba, que lhe garantiu o benefício vigorou ‘graças a Deus’ e que ficou feliz, principalmente porque em abril completa 73 anos.

A respeito da medalha Augusto do Anjos ele disse que não esperava, mas ficou muito feliz, recompensa pelos seus esforços ao longo dos anos e fez versos sobre isso:.

“Fiz um verso que diz:

O homem deve ser manso
Tratar bem e respeitar
E aceitar Jesus Cristo
Que é para ele salvar
Que é muito bom ser um crente
Que eu nunca vi um valente
Pra ele se aposentar”

História de vida

Tomás Cavalcante da Silva nasceu em 1935, mais precisamente no dia 6 de abril. Natural de Guarabira-PB, começou cantando aos 13 anos nas cidades e nos sítios e só depois veio pra Santa Rita, onde se documentou. “Nasci numa localidade que era de Guarabira, mas hoje pretende a Araçagi, sitio Mamaraú”, relembra.

Entre seus estímulos de começo de carreira, ele cita o poeta Manoel Batista, que “me ensinava, tocava nos sítios e em comícios políticos”.

Cachimbinho lembra momentos que marcaram sua história de vida, quando a ocasião em que quase foi preso por cantar em uma praça, e foi defendido por estudantes e pelo político Sílvio Porto. “Ele mandou me soltar porque a polícia devia prender bandidos, e não alguém só porque tava cantando emboladas”.

Rio de Janeiro e São Paulo foram sonhos realizados pelo poeta, que um dia comprou a passagem escondido e viajou com Mousinho, cantando nas cidades onde não tinham condições de ir e queriam conhecer. No Rio de Janeiro, conheceu Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, de quem se tornou amigo. “Ele tinha um programa de 4h as 5h da madrugada com forró era ouvido em todo canto, era Jackson que comandava o programa”, explicou.

Depois, lamenta em verso que as boas coisas acabaram:

“Acabou-se carvalhada,
coco de roda e guerreiro
E corrida de vaqueiro
dentro da mata fechada
O forró numa latada
Tem gente que dá no fio
a lapinha o pastoril,
o picado o arroz doce
As coisa boa acabou-se
Traz uma saudade Brasil

Bumba meu boi e ciranda
Isso aí dá bom estrondo
Mamulengo, siá redondo
E o fogo de giranda
Hoje só existe banda.
Não tem mais divertimento
Acabou-se casamento,
O povo só vê novela
Acabou quebra-panela
E corrida de jumento.

Essa garota trabalha
Porque nasceu com um dom
Ela só faz coisa boa
Eu to dizendo num som
Ela trabalha na "rádio"
Que é chamada WSCOM”
Mônica Melo
WSCOM Online

Um comentário:

  1. Um Blog que noa leva a tempos idos... coisas que só quem viveu ou vive no sertão sabe apreciar tão bem... parabéns poeta, suas postagens são divinais, mão perco uma.

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