quarta-feira, 31 de agosto de 2011

LEANDRO GOMES DE BARROS



Em dezembro de 2007 eu publiquei esse texto no blog www.fotolog.terra.com.br/acorda_cordel trazendo à tona mais um fato pitoresco da vida de Leandro Gomes de Barros, o maior expoente da Literatura de Cordel, época em que intensificava minhas pesquisas para produção de uma biografia do grande poeta, infelizmente ainda inédita. Deparei-me com essas informações que foi uma espécie de fio da meada, por onde ingressei no intrincado labirinto de sua vida. Com a valiosa ajuda do escritor Pedro Nunes Filho, parente de Leandro, estou tentando publicar essa obra, acrescida de uma antologia com poemas raros do grande mestre de Pombal-PB. Quanto ao texto que republicaremos a seguir, vale ressaltar que algumas informações foram acrescentadas (e corrigidas) posteriormente. Eis a versão apresentada em 2007:

FATOS DA VIDA DE
LEANDRO GOMES DE BARROS


Em 2005, publiquei um artigo no “site” da Câmara Brasileira dos Jovens Escritores (CBJE) sobre os 140 anos de nascimento de Leandro. Cristina da Nóbrega, a bisneta de seu irmão Daniel, postou o seguinte comentário:

* Depoimento de Cristina Nóbrega
No site da Câmara Brasileira dos Jovens Escritores (CBJE)

“Leandro foi irmão de meu bisavô Daniel Gomes da Nóbrega. Portanto, Leandro era um Nóbrega. Mudou para Barros em decorrência de uma discussão com o seu tio, o Pe. Vicente Xavier de Farias. Quando os irmãos do Pe. Vicente morreram, ele ficou por tutor das duas famílias, uma estava falida, e a outra tinha dinheiro. O Pe. Vicente passou, então, os bens do irmão para o outro, deixando a família de Leandro (bem como o meu bisavô Daniel) na miséria. E quando Leandro foi tomar satisfações, ele mandou dizer que "no cabaço ainda cabia orelha". Leandro, com raiva, mudou o sobrenome de Nóbrega para Barros. (26/06/2007)”.

Essa história do “cabaço” é a seguinte. O avô do padre Vicente foi morto covardemente por jagunços, num momento em que se encontrava sozinho em sua fazenda, pois seus filhos, genros e noras haviam ido a uma festa. A avó do padre incitou a família à vingança. Filhos e genros (e talvez netos) saíram armados, em perseguição ao grupo de cangaceiros, só retornando à fazenda depois que mataram os nove agressores e extirparam nove pares de orelhas, que foram salgados, enfileirados num cordão e postos numa cabaça como troféu. O padre não escaparia à sátira mordaz de Leandro, que o caricaturou no folheto “A confissão de Antônio Silvino”, em que o padre aparece como um colecionador de orelhas de cangaceiros, conforme se vê nas estrofes seguintes: 
 



“O padre disse: - Meu filho,
Talvez hoje eu lhe dê cabo –
Dentro da igreja sou padre,
Mas fora sou um diabo!
Você diz que não tem fim,
Porém, se partir pra mim,
Vem mole que só quiabo!


(...)


Antônio Silvino disse:
- Pois vamos ver, padre-mestre!
Custoso é ver sogra boa
E nova-seita que preste,
Bode por gosto lavar-se,
Jumento no mar criar-se,
Nascer baleia no agreste!


O padre disse: - Eu não acho
Nada no mundo custoso –
Custoso é você sair
Comigo vitorioso,
Eu, no tempo que brigava,
Todos os dias guardava
Orelhas de criminoso!”

Arievaldo Viana

3 comentários:

  1. olá amigo!! estive dando uma passadinha aki no teu blog e adorei oq vi rapaz Rsss essa História das orelhas foi d +++++ Rss show de bola mermu kkkkk valew...

    http://vivaoverso.blogspot.com/

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  2. Dá gosto de ser brasileiro quando a gente vê um trabalho como seu. Parabéns pelo blog!

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    1. Obrigado Luiza Válio. É a força de pessoas como você que nos estimula a continuar nessa lida. Valeu!

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