As festas juninas tiveram
origem no Egito Antigo
Segundo o hotsite São João de Pernambuco, as festas juninas são muito antigas, anteriores inclusive ao cristianismo e - conseqüentemente - à Igreja Católica. Suas origens estão no Egito Antigo, onde nesta época era celebrado o início da colheita, cultuando os deuses do sol e da fertilidade.
Com o domínio do Império Romano sobre os egípcios, essa tradição foi espalhada pelo continente europeu, principalmente na Espanha e em Portugal. Quando o cristianismo tornou-se a religião oficial do Ocidente, a festa mudou para homenagear o nascimento de São João Batista, que foi quem batizou Jesus.
Por ser colônia portuguesa, o Brasil herdou o costume, principalmente no Nordeste, em que os festejos coincidem com a colheita de milho. A data passou a parte do calendário católico, seguindo o exemplo de outras comemorações de dias santos, como o nascimento de Cristo (Natal) e sua morte (Páscoa).
As chamadas festas juninas reúnem as homenagens aos principais santos reverenciados no mês de junho: Santo Antônio, São João e São Pedro. A época é marcada por brincadeiras, comidas típicas, dança e muita superstição, presentes nas simpatias juninas. É a hora de se vestir de caipira e aproveitar esta festa que é um misto de profana e religiosa.
Conheça mais sobre os anfitriões das festas:
Santo Antônio (13 de junho)
Além de casamenteiro, Santo Antônio é invocado para achar coisas perdidas. É uma prática comum, no dia em sua homenagem, os jovens fazerem simpatias e "adivinhações" para conquistar alguém ou descobrir quando irá se casar.
O padroeiro dos namorados era português, de uma família tradicional de Lisboa e foi ordenado sacerdote aos 23 anos. Seu nome verdadeiro era Fernando de Bulhões e se tornou Antônio quando ingressou na Ordem de São Francisco de Assis. Começou a fazer os primeiros milagres na África, onde foi pregar o evangelho. Morreu em Pádua, na Itália, em 13 de junho de 1231.
Essa é a razão da escolha do dia em sua homenagem. O local de sua morte tornou-se seu sobrenome, ficando então conhecido como Santo Antônio de Pádua.
São João (24 de junho)
Vários costumes juninos representam atos em homenagem a São João. A fogueira, por exemplo, lembra o anúncio do nascimento de João Batista, filho de Isabel e primo de Jesus, à Virgem Maria. Como era noite e Isabel morava em uma colina, esta foi a forma encontrada para o aviso.
Por este motivo, nas noites de junho são montadas fogueiras como forma de celebração. Para a Igreja Católica, o acontecimento significa algo mais, o de preparar a vinda de Jesus. No sertão, o batismo de João também é lembrado com banhos à meia-noite no rio mais próximo.
São Pedro (29 de junho)
Este pescador tornou-se apóstolo e acompanhou todos os atos da vida de Jesus. O trabalho exercido antes de seguir o messias fez com que fosse considerado o santo dos pescadores. Ele é "O porteiro do céu".
A tradição popular interpreta uma passagem bíblica, em que Jesus Cristo diz: "Eu te darei a chave do reino dos céus. A quem abrires será aberta. A quem fechares será fechada".
Assim como Santo Antônio, o dia em sua homenagem é o mesmo de sua morte, que aconteceu em Roma, em 64 d.C. Acredita-se que tenha sido viúvo, um dos motivos para a devoção das viúvas ao santo. Também é costume acender fogueiras e realizar procissões em sua homenagem no dia 29 de junho.
Ritmos e danças típicas das festas juninas
Quadrilha
De origem francesa, a quadrilha era uma dança típica que celebrava os casamentos da aristocracia européia. Dançada em pares, já era praticada no Brasil desde 1820 e foi se popularizando desde então. Os tecidos finos da nobreza francesa deram lugar à chita, tecido mais barato e acessível, e o casamento nobre foi adaptado a uma encenação.
O enredo da união caipira é geralmente o mesmo: a noiva, que geralmente está grávida, é obrigada a casar pelos pais e o noivo recusa, sendo preciso a intervenção da polícia para que o caso se resolva. A quadrilha, como era no começo do século XIX, é realizada como comemoração do casório.
A mudança dos passos é anunciada por um locutor ao som do forró. Existem, hoje, as chamadas quadrilhas estilizadas com passos marcados e coreografias ensaiadas (que mais parecem aulas de ginástica aeróbica) e criadas exclusivamente para uma determinada música.
Forró
Existem duas atribuições para a origem do nome forró. Uma delas é que corresponda etimologicamente ao termo forrobodó, que - na linguagem do caipira brasileiro - quer dizer festança ou baile popular onde há grande animação, fartura de comida e bebida e muita descontração. A outra é ao termo inglês for all (para todos), usado para designar festas feitas nas bases americanas no Nordeste, na época da Segunda Guerra Mundial, e que eram abertas ao público, ou seja, “for all” e a pronúncia local transformou a expressão em forró. A música é tocada à base da sanfona, da zabumba e do triângulo, conhecida como arrasta-pé ou pé-de-serra, sendo esta última considerada a versão mais autêntica. O ritmo sofreu algumas variações e atualmente alguns músicos incorporaram o baixo, a guitarra e a bateria às suas melodias.
Baião
Acredita-se que a palavra baião tenha surgido de bailão, fazendo alusão a "baile grande". Esta dança popular do século XIX permite a improvisação, sendo mais rápido do que o xote que a torna mais viva.
A habilidade nos pés é maior, exigindo movimentos mais velozes do corpo. Os passos são acompanhados por palmas, estalos de dedos e "umbigadas". A marcação da dança segue a musicalidade dos cocos e da sanfona.
Fonte: © Hotsite São João Pernambuco.com
Na verdade, os festivais solsticiais não ocorriam somente no Egito. O culto de Adônis, na Ásia Menor, acabou influenciando sobremaneira o judaísmo (dele deriva o nome Adonai, com que Deus é designado em muitas passagens do Antigo Testamento) e, por tabela, o cristianismo. O deus sacrificado é um símbolo da natureza e do ciclo das estações.
ResponderExcluirUma fonte sempre recomendável é O Ramo de Ouro, de sir James Fraser, obra-mestra da antropologia que discorre sobre os ritos da fertilidade e da forma como o culto ao deus sacrificado (no Egito, Osíris) foi utilizada pelos pregadores cristãos.
Poeta, minhas considerações sobre as origens dos termos FORRÓ e BAIÃO:
ResponderExcluirEssa tese do "for all", associada à presença dos estadunidenses no Nordeste durante a II Guerra Mundial, deve ser desconsiderada, pois o termo "forrobodó", que significa "confusão", é associado a bailes populares, arrasta-pés, desde o séc. XIX. Câmara Cascudo o encontrou numa edição de 1833 do jornal carioca Mefistófoles. Ainda no Rio de Janeiro, mas já na década de 10 do século seguinte, Chiquinha Gonzaga escreveu uma opereta com o título "Forrobodó - burleta de costumes cariocas". Assim, com esses dois exemplos apenas, penso que já nos munimos suficientemente no sentido de botar no mato essa tese anglicizante.
Com relação a “baião”, explicação que ouvi e acho bastante razoável, é a de que o termo foi cunhado pela sociedade carioca, centro cultural e urbano do Brasil do século XIX, em referência a tudo que se encontra do Estado da Bahia pra cima, ou seja, a Região Nordeste, um BAIÃO sem fim.
É isso. E o resto é “fólque lóre”!
Você tem toda razão, Eduardo Macedo. Essa 'estória' de FOR ALL é pura invenção. Com certeza FORROBODÓ designava um baile brejeiro e não um ritmo musical. Quando menino eu ouvi muito o povo sertanejo dizer. Vai ter um samba na casa de fulano. Vamos pro samba. O samba também era sinônimo de ajuntamento, de festança, de folia. Os ritmos tocados eram xote, baião, mazurca, chorinho, arrasta pé etc. O conjunto com formação tradicional tinha sanfona, zabumba, triângulo e bandeiro. Alguns usavam instrumento de corda para acompanhar os chorinhos. Vem daí a minha indignação contra as bandas de FORRUIM, o tal 'forró de plástico' ou genérico, que se apropriou do termo FORRÓ e empurrou para o gueto os autênticos cultores da arte, que hoje se abrigam sob o rótulo de PÉ DE SERRA.
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