Cena da abertura da novela, com desenho imitando xilogravura
Logo no início das atividades deste blog postamos a matéria abaixo falando da estréia da novela global "Cordel Ecantado", seus erros e acertos. Como se pode ver, um dos tópicos mais marcantes fala sobre a trilha sonora do folhetim, cuja abertura foi entregue ao veterano Gilberto Gil. Propúnhamos, para dar uma identidade mais próxima da Literatura de Cordel, músicas de Alceu Valença, Ednardo, Zé Ramalho etc, compositores mais ligados à estética do cordel. Pois bem... Com o desenrolar da trama percebemos que o cordel em si entra na tessitura da trama como fonte de inspiração uma vez que ali estão presentes alguns mitos consagrados dessa literatura: o rei, a rainha, a princesa, o beato (ou profeta), o cangaceiro etc. Além do mais, constatamos que músicas de Alceu Valença, João do Vale e Lenine foram inseridas na trama. Um bom sinal.
Também, vez por outra, aparecem folhetos de cordel nas mãos das crianças ou mesmo pendurados em alguns pontos comerciais da cidade cenográfica. Esse registro é oportuno. Não sei se o texto publicado nesse blog e reproduzido em outros sites (como o portal VERMELHO, por exemplo) chegou a ser lido por algum consultor da novela, mas o que é certo é que algumas dicas foram seguidas.
Arievaldo Viana (17-05-2011)
Novela Global "Cordel Encantado" comete alguns pecados em nome da “licença poética”
Foto: Divulgação
Apesar de bem-resolvida visualmente, a trama de Duca Rachid e Thelma Guedes que mistura sertão e contos de fada, poderia ter evitado alguns deslizes e valorizado mais o Romanceiro Popular Nordestino.
O primeiro deslize já começa na abertura... Apesar das xilogravuras em movimento, bem no clima da Literatura de folhetos do Nordeste, a música de Gilberto Gil e Roberta Sá não se encaixa bem na proposta. Pusessem um Alceu Valença, um Ednardo ou um Zé Ramalho para compor aquela trilha e a história seria outra. Aliás, eu vou mais longe... Para dar mais autenticidade ao folhetim, as vozes mais adequadas para aquela abertura seriam MESTRE AZULÃO ou OLIVEIRA DE PANELLAS. Estes sim, entendem de cordel, porque são do ramo e conhecem as toadas mágicas dos velhos folheteiros. Não estou aqui negando o talento de Gilberto Gil como compositor, apenas estou mostrando que existem outras alternativas que se encaixam melhor dentro da proposta da trama global.
Segundo a crítica especializada, "o primeiro capítulo da novela Cordel Encantado foi um dos mais bem resolvidos da atual teledramaturgia brasileira. Com a moral garantida junto à direção Globo por conta do sucesso de Cama de Gato, exibida no horário das 18h em 2010, a dupla de autoras Duca Rachid e Thelma Guedes voltou à faixa horária misturando monarquia e sertão nordestino na passagem entre os séculos 19 e 20." O pecado fica por conta dos sotaques, mas uma vez exagerados, estereotipados, distantes da realidade da maioria dos Estados da Região Nordeste. Parece que, para o povo do Sudeste, o único sotaque que prevalece é aquele do "baiano preguiçoso", de fala cantada, que a própria mídia se encarregou de criar e difundir. Desde já fique claro o meu respeito e admiração pelo povo baiano!
COISA DE CINEMA - Outra coisa que surpreendeu foi a qualidade das imagens. Por conta da captação de 24 quadros por segundo, a novela é a primeira a ter ares de cinema. Isso ficou evidente na alta definição das imagens panorâmicas gravadas na França e no Sergipe e nos closes generosos no elenco. Mas aí, vem o segundo pecado. Enquanto o figurino do núcleo de SERÁFIA está impecável, a indumentária dos “cangaceiros” passa é longe dos trajes usados por Lampião e seu bando. Estão mais para vaqueiros desajeitados, com enormes gibões medalhados e perneiras, chapéus de sola (e não o tradicional chapéu de couro do cangaço). Pode-se dizer que é por conta da licença poética, mas quem conhece a riqueza pictórica do cangaço nordestino – as roupas e bornais bordados magistralmente por Dadá e outras cangaceiras – acha que o figurino dos cangaceiros globais está paupérrimo em termos de encantos visuais.
COISA DE CINEMA - Outra coisa que surpreendeu foi a qualidade das imagens. Por conta da captação de 24 quadros por segundo, a novela é a primeira a ter ares de cinema. Isso ficou evidente na alta definição das imagens panorâmicas gravadas na França e no Sergipe e nos closes generosos no elenco. Mas aí, vem o segundo pecado. Enquanto o figurino do núcleo de SERÁFIA está impecável, a indumentária dos “cangaceiros” passa é longe dos trajes usados por Lampião e seu bando. Estão mais para vaqueiros desajeitados, com enormes gibões medalhados e perneiras, chapéus de sola (e não o tradicional chapéu de couro do cangaço). Pode-se dizer que é por conta da licença poética, mas quem conhece a riqueza pictórica do cangaço nordestino – as roupas e bornais bordados magistralmente por Dadá e outras cangaceiras – acha que o figurino dos cangaceiros globais está paupérrimo em termos de encantos visuais.
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SINOPSE DA TRAMA
A história apresentada foi a de como a princesa Aurora/Açucena (Bianca Bin) foi parar vivendo na mesma casa que seu amado, Jesuíno (Cauã Reymond), filho do cangaceiro mais temido da fictícia Brogodó, Herculano (Domingos Montagner).
Tudo culpa da viagem que o rei Augusto (Carmo Dalla Vecchia), líder do fictício país europeu Seráfia, faz ao Nordeste brasileiro em busca de um tesouro. Só que tudo dá errado.
Os cangaceiros atacam a família real, enquanto a duquesa Úrsula (Debora Bloch) e seu mordomo e amante, Nicolau (Luiz Fernando Guimarães), conspiram para matar a rainha Cristina (Alinne Moraes) e seu bebê, a princesa Aurora, para que a filha de Úrsula fique então com o trono.
Desesperada com a perseguição, a rainha consegue deixar sua princesa aos cuidados de uma família nordestina, antes de ser morta por Nicolau.
Os diretores Ricardo Waddington e Amora Mautner conseguiram mesclar na dose certa o ritmo da trama. O primeiro capítulo foi ágil, sem deixar de dar tempo necessário para que o público conhecesse os personagens principais e embarcasse na história.
Apesar das muitas plásticas, o ator Luiz Fernando Guimarães mostrou competência ao fazer um divertido dueto de maldades com Debora Bloch, sua parceira dos tempos de TV Pirata.
Matheus Nartergaele também demonstrou seu já conhecido talento na pele de Miguézim, o profeta nordestino, que anuncia a vinda do rei. Outras boas surpresas foi a volta à TV de Berta Loran, como a rainha-mãe, e a chegada às novelas de José Celso Martinez Corrêa, o mito vivo do teatro brasileiro.
Com o lirismo nordestino recheado de pitadas de conto de fadas, Cordel Encantado tem todos os elementos necessários para conquistar o telespectador típico do horário das 18h.
Fonte: http://entretenimento.r7.com
Miguel Arcanjo Prado, do R7
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AQUECIMENTO NO MERCADO EDITORIAL DO CORDEL – Para o poeta e escritor Marco Haurélio, da assessoria de comunicação da Editora Nova Alexandria, “A estreia da novela global Cordel Encantado, segunda, 11 de abril, veio cercada de expectativa. Alguns autores e editores acreditam que, finalmente, a literatura de cordel terá o reconhecimento, há muito reclamado. “O cordel é a bola da vez!”, afirmam os mais entusiasmados. Para a Nova Alexandria, no entanto, o cordel sempre esteve em evidência. A coleção Clássicos em Cordel, criada em 2007, grande sucesso editorial, reúne em seu elenco algumas das maiores estrelas do universo cordeliano.”
Eu, particularmente, considero que os caminhos para o cordel são muito promissores mas esse “oba oba” gerado pela novela pode ser uma faca de dois gumes. A nossa arte já vem sendo muito massacrada por pseudo-cordelistas, gente que não é do ramo, mas aproveita a onda para se infiltrar no mercado editorial. Até escritores "eruditos", que antes repudiavam o cordel, estão se bandeando para os lados do romanceiro popular. Isso poderá resultar numa verdadeira enxurrada de porcarias invadindo o mercado. Os editores precisam ser cuidadosos na seleção dos projetos. Parabéns a editoras como FTD, Cortez e NOVA ALEXANDRIA, que são criteriosas na escolha dos títulos que lançam no mercado.
- Romance do Pavão Misterioso
- As proezas de João Grilo
- O Soldado Jogador
- Chegada de Lampião no Inferno
- O Batizado do Gato
- A gramática em cordel
- A noiva do gato
- A vida de Pedro Cem
- Iracema, a virgem dos lábios de mel
- A donzela Teodora
- A didática do cordel
- João Bocó e o ganso de ouro
- O rico ganancioso e pobre abestalhado
- O justiceiro do Norte
- O castigo da inveja ou o filho do pescador
- Jerônimo e Paulino ou o prêmio da bravura
- A sorte do preguiçoso e o peixinho encantado
- Quirino, o vaqueiro que não mentia
- Peleja de Zé Ramalho com Zé Limeira, o poeta do Absurdo
- Peleja de Cego Aderaldo com Zé Pretinho do Tucum
- Juvenal e o Dragão
- Pedrinho e Julinha
- Viagem a Baixa da Égua
LIVROS:
- Pavão Misterioso em quadrinhos
- Batalha de Oliveiros com Ferrabras em Quadrinhos
- 2ª Edição do livro ACORDA CORDEL NA SALA DE AULA
- 12 Contos de Câmara Cascudo em CORDEL - Caixa temática
- Antologia de cordéis do poeta Bule-Bule
- Vertentes e evolução da Literatura de Cordel
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Veja alguns títulos do nosso estoque:
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Poeta, em entrevista ao blog Palavra Fiandeira, discorro sobre a trama global. O texto da Nova Alexandria é institucional e, por isso, não faz uma análise da trama:
ResponderExcluir" O que poderia nos dizer sobre uma nova atração anunciada pela Globo, chamada "Cordel Encantado"? Contribuirá para a divulgação da Literatura de Cordel?
— Assisti à estreia (dia 11) e, pelo que pude constatar, é um amontoado de clichês e estereótipos. O sotaque dos protagonistas beira o patético. Deu saudades de Roque Santeiro. Não duvido que trará, por algum tempo, mais visibilidade. E só."
http://palavrafiandeira.blogspot.com/2011/04/palavra-fiandeira-60.html
Concordo com Marco. além do que ele ressaltou, equívocos na contextualização histórica e no figurino/ambientação também são notórios:
ResponderExcluirOs autores nos levam a crer que a novela é temporalmente situada nas primeiras décadas do século XX.
Alguns exemplos (haja "licença poética"):
Como explicar uma batalha com "armas brancas", em situação similar à época medieval, com cerco e tomada de castelo, em pleno século XX?
Os figurinos comtemporâneos dos personagens da Bianca Bin e da Débora Block.
As casas de fazenda sertanejas, mesmo a de um grande fazendeiro, não tinham o fausto da casa do personagem do Reginaldo Faria, compativél com a de um barão do café ou senhor de engenho.
Me refresquem a memória: haveria linha telefônica, em uma pequena cidade sertaneja como Brogodó, no início do século XX? Creio que o meio de comunicação usual era o telegráfo.
Eu já enviei um comentario criticando essas questoes aqui colocadas, as quais já havia percebido porque é notorio, me parece que não gostaram.!!
ResponderExcluirGlobo à parte, aproveito a polêmica para lembrar que uma das recentes cenas da novela AMOR E REVOLUÇÃO, do SBT, que tem início às 22h30, faz alusão à literatura de cordel como linguagem genuinamento popular, motivo pelo qual um grupo universitário de teatro de vanguarda, ambientado em 1964 e engajado em sua maioria na luta revolucionária, segundo a trama da novela, escolhe esse tema para produzir e encenar uma peça de teatro. É mais uma prova da vitalidade e atualidade do cordel.
ResponderExcluirSOUSA JÚNIOR
A novela Cordel Encantado, como toda produção ficcional, não tem a obrigação de retratar um dado contexto tal qual ele se apresentou. Isso aí fica para a História fazer.. E se considerarmos a subjetividade dos historiadores, nem eles fariam dessa forma.
ResponderExcluirGostei muito dessa novela, talvez por ter alimentado uma péssima expectativa, me surpreendi. Lógico que há falhas, mas é um passo para que o cordel se torne uma literatura conhecida, e aí quem tiver interesse em saber exatamente o que é um cordel, pega um folheto e lê. O que não se pode esperar é que uma novela das 6 traga uma discussão complexa acerca de estereótipos e da realidade nordestina. Inclusive, acho que já se faz uma trama um tanto mais ousada quando sugere a dupla interpretação da prática do Cangaço, em vez de simplesmente tachá-los como bandidos, com uma protagonista que não é bobinha nem ingênua...
Com relação ao sotaque, sabemos que é estereotipado sim, mas também está avançando, se considerarmos os tantos horriveis e insuportaveis que existiram em tramas como Senhora do Destino, por exemplo.
Gosto desse hibridismo que a trama sugere.
Olá Arievaldo,
ResponderExcluirSempre passo por aqui para ampliar conhecimentos. Estou revendo texto teório para postar no Cordel de Saia: O folheto de cordel - suas formas e conteúdos, já postado, mas agora com mais informações, atualizações e imagens digitais, nos exemplos.
Prourei aqui no blog o seu contador de visitas e não localizei... talvez apareça só para os administradores. Se for assim, clicque lá e entrará nos dados estatisticos. Se não tiver, vá em "configurações" para inserir mais dados para o blog.
Abraço,
Rosário Pinto
Aqui a gente chega e fica!
ResponderExcluirValeu!
Isaias
Não entendí por qual motivo esse Tìtulo Sala de Reboco, sem nada ter com os assuntos abordados.
ResponderExcluirSala de Reboco, nas casas sertanejas, é onde a gente costuma pendurar os quadros com fotos de parentes, oleogravuras de santos, palhinhas bentas do domingo de ramos, chicotes, arreios de animais, chapéus etc. É sempre um lugar colorido, com muita variedade de objetos. Eis a razão do título SALA DE REBOCO.
ResponderExcluirCancão de Fogo
uma besteira
ResponderExcluirmuito bom estes livros passamos por novas e encriveis descorbertas .
ResponderExcluirpois recordar é viver , eler é aprimoramentos das palavras.