sexta-feira, 15 de abril de 2011

DEPOIMENTO

CORDEL NÃO É COISA DE ANALFABETO

Muitos pesquisadores, equivocadamente, confundem Literatura de Cordel com POESIA MATUTA. E também com cantoria, embolada, aboio etc. Realmente, todas essas ramificações da poesia popular descendem do mesmo tronco, o TROVADORISMO. Mas existem distinções. É bom que fique claro. Desde os tempos de Leandro Gomes de Barros, João Martins de Athayde e José Camelo de Melo, o poeta popular prima por uma linguagem correta, de acordo com as regras gramaticais vigentes. Até mesmo os poetas matutos procuram se informar... Caso, por exemplo, de Patativa do Assaré, que lia Camões, Castro Alves e Gonçalves Dias. Vejamos o que dizia, a esse respeito, o saudoso poeta Manoel D'Almeida Filho:



"Não entendo a razão de alguns pesquisadores atuais, inclusive estrangeiros, afirmarem que o livro de Literatura de Cordel (título dado não sei por quem), só é autêntico com clichê de madeira e erros gráficos e ortográficos. Ora, esquecem esses senhores que João Martins de Athayde, no seu tempo, já primava pela perfeição da escrita, do trabalho gráfico e da roupagem que vestia o folheto. Será que os livros publicados por Athayde com clichês zincografados e zincogravuras não são autênticos?"

Manoel D’Almeida Filho, 1983.

Um comentário:

  1. O grande poeta Manoel d'Almeida Filho está coberto de razão. Cordel legítimo não é aquele de feitio estereotipado, mas sim, o que mostra conteúdo original obedecendo às regras da poética como um todo. A poesia é uma só. Nesse âmbito, não vale o dizer: "cada macaco no seu galho." Podemos encontrar poesia, inclusive, numa prosa inspirada. Ora, por que a correção gramatical e até um pouco de erudição não podem chegar até os chamados poetas populares? Por que a arte gráfica, enriquecida pelo auxílio da informática, não pode levar também beleza e criatividade aos folhetos de cordel?

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