No último dia 23 de fevereiro
(domingo de carnaval), meu caçula João Miguel completou OITO ANOS DE IDADE. Uma
idade marcante, que sempre me traz boas recordações da minha própria infância,
quando já era leitor do antológico poema de Casimiro de Abreu, cuja métrica é a redondilha maior, a mais utilizada na Literatura de Cordel.
Essa é, sem dúvidas, uma quadra ditosa para qualquer pessoa que tem uma infância saudável, feliz e cercada pelo carinho de seus familiares. E disso o Miguel não tem do que se queixar, pois é muito querido por todos da família. Na foto abaixo, ele aparece com a prima Isabelle e o vovô Policarpo debulhando feijão. A seguir o poema de Casimiro de Abreu, extraído de seu único livro "Primaveras":
Essa é, sem dúvidas, uma quadra ditosa para qualquer pessoa que tem uma infância saudável, feliz e cercada pelo carinho de seus familiares. E disso o Miguel não tem do que se queixar, pois é muito querido por todos da família. Na foto abaixo, ele aparece com a prima Isabelle e o vovô Policarpo debulhando feijão. A seguir o poema de Casimiro de Abreu, extraído de seu único livro "Primaveras":
Meus oito anos
Casimiro de Abreu
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
De despontar da existência!
– Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor!
Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d´estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias de minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberto o peito,
– Pés descalços, braços nus –
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
[…]
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
– Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Enciclopédia Itaú Cultural –
Literatura Brasileira. Disponível em www.itaucultural.org.br.
Casimiro de Abreu (1839-1860) foi um poeta brasileiro, autor da obra Meus Oito Anos, um dos poemas mais populares da literatura brasileira. Se destacou na Segunda Geração do Romantismo. ... É nesse período que escreve a maior parte dos poemas de seu único livro Primaveras.
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