sábado, 14 de outubro de 2017

ENCONTRO COM A CONSCIÊNCIA

LANÇAMENTO NO SESC
(Projeto Bazar das Letras)



Ilustrações: Arievaldo Vianna

SESC COMEMORA CINQUENTENÁRIO DO ESCRITOR ARIEVALDO VIANNA COM LANÇAMENTO NO PROJETO “BAZAR DAS LETRAS”

No próximo dia 31 de outubro (terça-feira), a partir das 19 horas, Arievaldo Vianna estará lançando mais um livro no SESC da Duque de Caxias (Centro de Fortaleza), dentro do projeto Bazar das Letras. Trata-se da obra “Encontro com a consciência”, texto em cordel com ilustrações do próprio autor.
Nascido em 1967, o escritor cearense Arievaldo Vianna chega aos 50 anos com a invejável marca de 31 livros publicados, por diversas editoras, e cerca de 150 folhetos de cordel já impressos em sucessivas reedições. Premiado em concursos literários, quatro vezes selecionado pelo MEC, através do extinto PNBE (Programa Nacional da Biblioteca na Escola), esse autor já percorreu o Brasil de norte a sul realizando palestras, recitais, oficinas de cordel e xilogravura, dentro do projeto Acorda Cordel na Sala de Aula, por ele criado em 2001.

Arievaldo atuou também como consultor e redator de uma série de programas da TV Brasil (Salto para o futuro), sobre o uso do Cordel no ambiente escolar. Teve vários livros selecionados para o catálogo da Feira Internacional do Livro Infanto-Juvenil de Bologna (Itália), e algumas de suas obras conquistaram o selo “Altamente Recomendável” da FNLIJ.

ENCONTRO COM A CONSCIÊNCIA

Escrito em sextilhas e setissílabos, Encontro com a consciência está na justa medida do cordel-romance, a exemplo dos que nos deram os melhores autores do gênero em todos os tempos. As rimas bem aplicadas, a narrativa fluente, a presença do falar regional, a abordagem de detalhes emotivos, a honestidade e honra imaculadas do sertanejo surgem como o tempero que dão sabor à leitura nesse trabalho de Arievaldo Vianna.



Autor: Arievaldo Vianna
Ilustração: Arievaldo Vianna
Indicação: Para crianças de 8 a 80 anos
Temas relacionados: Honra, honestidade
Valor: 34,00
Formato: 20,0 x 27,0 cm
Número de páginas: 28
ISBN: 978-85-7974-182-1



HISTÓRIAS DE CAMINHONEIRO
(Texto de apresentação da obra)

Encontro com a consciência é o trabalho basicamente inaugural de Arievaldo Viana como romancista da Literatura de Cordel. Esta sua narrativa em versos surgiu com o alvorecer do século presente, dois anos depois de o já consagrado poeta lançar a primeira edição do seu livro O baú da gaiatice, que demarcou o ressurgimento do Cordel por aqui e mais além. Com seu faro aguçado para a temática do romanceiro popular, Arievaldo enxergou um belo roteiro nessa história escrita em 1977 por Ramiro Monteiro Chaves, antigo caminhoneiro da região jaquaribana, que por sua vez reuniu em livro suas aventuras pelas estradas do Brasil. Reeditado em 2001, Com o pé na estrada  memórias de um caminhoneiro traz “Encontro com a consciência” em sua versão original e na adaptação para o Cordel.

Agora, o mesmo trabalho ganha publicação individual, em edição primorosa e ricamente ilustrada com desenhos em cores assinados pelo próprio Arievaldo e inspirados nos mestres do traço Percy Lau (1903-1972), Lanzellotti (1926-1992) e Raimundo Cela (1890-1954), que de tal forma são também homenageados. As aquarelas do poeta-desenhista emprestam um novo brilho à sua obra e atestam mais uma vez a evolução constante do Cordel no mercado editorial.

Escrito em sextilhas e setissílabos, Encontro com a consciência está na justa medida do cordel-romance, a exemplo dos que nos deram os melhores autores do gênero em todos os tempos. Conquanto o enredo encontre paralelo numa obra de Simões Lopes Neto (1865-1916), intitulada Trezentas onças, a coincidência pára por aí, pois o desfecho do primeiro é sensivelmente mais vibrante; e ainda se há de supor que Ramiro Monteiro Chaves, incansável em sua luta de caminhoneiro, não tenha sequer conhecido a obra do escritor e regionalista gaúcho.
As rimas bem aplicadas, a narrativa fluente, a presença do falar regional, a abordagem de detalhes emotivos, a honestidade e honra imaculadas do sertanejo surgem como o tempero que dão sabor à leitura nesse trabalho de Arievaldo Viana. O arremate, como sugere o título, tem o seu cunho de grandeza moral e de lição de vida. O relançamento de “Encontro com a consciência”, por outro lado, acontece no momento em que a adaptação da prosa para o cordel, inclusive de obras clássicas, tornou-se um dos filões mais explorados pelos poetas populares e também um dos mais aceitos pelo público. É ainda, não há dúvida, uma alternativa de se preservar e recontar com novo jeito tantas velhas e boas histórias. Assim seja.



Pedro Paulo Paulino (Poeta Popular)


Programa Bazar das Letras
LANÇAMENTO DE "ENCONTRO COM A CONSCIÊNCIA"
QUANDO: 31 DE OUTUBRO DE 2017 - a partir das 19 horas
ONDE: SESC da Avenida Duque de Caxias


quinta-feira, 12 de outubro de 2017

MINHA ESCOLA DA INFÂNCIA


Nessa casinha funcionou a escola onde recebi as melhores lições desta vida.

Hoje, 12 de outubro, Dia da Criança, resolvi prestar uma homenagem às minhas professoras da infância, em especial à minha tia Heliodória, responsável pela minha educação entre os anos de 1975 e 1977. Dedico essa crônica a todos os meus companheiros de escola: Oswaldo, Marquinhos, Totonho, Walberto, Dário José, Evaldo, Ana Clara, Vânia, Isabel Cristina, Marly e Joana D'Arc Calixto (in memórian). Vejam se está no prumo:


Minha querida professora, Heliodória de Sousa Lima (Dodóia)


DECIFRANDO O BÊ-A-BÁ

(A ESCOLINHA DA ‘DODÓIA’)

Aprendi em casa as primeiras letras, motivado, principalmente, pelo desejo de ler ‘versos’ e ‘romances’, nomes pelos quais a minha avó conhecia os folhetos de Literatura de Cordel. Os meus prediletos eram Juvenal e o Dragão, Princesa da Pedra Fina, A vida de Cancão de Fogo e o seu testamento, A chegada de Lampião no Inferno e As proezas de João Grilo. Desde os cinco anos (ou antes disso), eu prestava muita atenção nas leituras que minha avó fazia em voz alta, para uma roda de ouvintes, à luz de um lampião a gás. De tanto pedir que ela repetisse tais leituras (quase sempre os mesmos títulos) ela resolveu que já era tempo de me alfabetizar.
Trouxeram uma Carta de ABC daquelas antigas, de Landelino Rocha, onde se aprende inicialmente o alfabeto maiúsculo, depois o minúsculo e, finalmente, começa-se a juntar as sílabas. Eu estava tão empenhado nisso que aprendi em pouco tempo. Minha avó tinha umas técnicas interessantes. Uma delas era pegar uma folha de papel em branco, fazer um pequeno orifício no centro, por onde se avistasse somente uma letra da cartilha, para que o menino a reconhecesse sem associá-la com as letras vizinhas. Mais tarde, quando eu já estudava com minha tia Heliodória, tinha dificuldade de decorar a sequência correta dos planetas do Sistema Solar, tendo por base a distância de cada um em relação ao Astro Rei. Ela me repassou uma fórmula infalível, que aprendera no colégio das freiras, em Canindé:
Meu filho, é muito simples. Decore esta frase: “Minha Velha Traga o Meu Jantar. Sopa, Uva, Noz e Pão. Minha = Mercúrio, Velha = Vênus, Traga = Terra, Meu = Marte, Jantar = Júpiter, Sopa = Saturno, Uva = Urano, Noz – Netuno e Pão = Plutão.


Vó Alzira

Hoje em dia os astrônomos acharam por bem retirar o pão do jantar, certamente para diminuir as calorias da refeição planetária. Ou, quem sabe, por contenção de despesas, já que se fala tanto em crise atualmente. Eu, de minha parte, não acho que uvas e nozes sejam um bom acompanhamento para um jantar a base de sopa. Prefiro o pão.
Vovó costurava e dava aulas ao mesmo tempo. Passava a lição e voltava para a sua máquina de costura. Quando não podia me acompanhar na tarefa, incumbia minha tia Augediva desse mister. Havia uma escola na casa velha da Morada Nova mas eu não frequentava, porque além de ser distante, diziam que por lá ainda persistia o velho castigo da palmatória e minha tia não queria me expor a esse vexame.

* * *

Pois bem. Depois que “desasnei” nessa escola caseira e bem informal, fui encaminhado à escola da Terezinha Terceiro de Araújo, uma moça contratada pela Prefeitura de Quixeramobim para manter uma escola chamada Ismael Pordeus, historiador nascido em nosso município que fez um ótimo livro comparativo da obra de Oliveira Paiva, Dona Guidinha do Poço, com um episódio real ocorrido no século XIX, o crime de Marica Lessa. A Escola Ismael Pordeus existia de fato, mas não de direito. Não tinha prédio próprio. A professora ensinava em sua própria casa, no turno da manhã, e a tarde ensinava outra turma na sala da casa do meu tio José Oswaldo que era bem ampla e espaçosa, iluminada por duas portas e três janelas. Tal iniciativa devia-se ao fato de que metade dos alunos eram filhos do meu tio e os demais sobrinhos ou filhos de amigos que moravam na vizinhança. Isso foi no correr do ano de 1974.
Em 1975 minha tia Heliodória, recém-chegada do Rio Grande do Norte, onde estivera internada em colégio de freiras, resolveu abrir uma escola para ensinar os sobrinhos. Primeiramente funcionava na sala da casa do meu avô, com poucos alunos. Depois passou para uma casinha de taipa que ainda hoje está de pé. Essa casinha servia de escola e moradia, pois ela era recém-casada e nascera-lhe a primeira filha, Clara Artures (que eu chamava de Tuinha), que por sinal é minha afilhada. Digo sem demagogia que foi a melhor escola que frequentei em toda a minha vida, de onde retirei o maior proveito, aliado ao fato de estar perto dos meus, cercado de carinho e atenção.
A professora tinha um jeito doce e maternal para com todos, sem distinção, e pleno domínio das matérias que estudávamos. Tanto que ela reunia na mesma classe alunos do segundo, terceiro e quarto ano letivo, distribuindo as tarefas de cada um, sem perder o fio da meada. Eu e o Marquinhos fomos os únicos que ganhamos apelidos da professora: Dodóia me chamava de borrego preto e o Marquinhos era o borrego melado. Em 1977, a Tuinha, que já aprendera a falar e era uma verdadeira pimenta, já aprendera os nossos apelidos. Também pastorava as pessoas que passavam na estrada para puxar conversa. Uma vez, flagrei o seguinte diálogo da Tuinha com Vanilda, uma moça que morava nos Três Irmãos:
— Ei, Vanilda! Vai pra onde?
— Oi Tuinha, vou ali na bodega...
— Vanilda, passe por aqui, venha tomar um cafezinho.
Ora vejam só, que criança hospitaleira. E olhem que essa pestinha devia ter, no máximo, uns dois anos quando aprontou essa.

Eis a turma que estudava na “Escolinha da Dodóia”, em 1976/77: Totonho, Oswaldo e Marquinhos (filhos do José Oswaldo); Dário José e Walberto (filhos do tio José Viana); Vânia, da tia Mily; Isabel Cristina, da Cleide Viana; Ana Clara e Evaldo (filhos do primo José Augusto Viana); Marly, do Raimundo Viana e Joana D’arc Calixto (Era filha do Antônio Calixto. Faleceu precocemente, vítima de um câncer letal). D'arc era um amor de pessoa, muito simpática, risonha, e tinha um sinalzinho no rosto. Ela, Ana Clara, Vânia e Marly eram todas pré-adolescentes. Deviam ter entre 12 e 15 anos na época. Eu só tinha 8 anos, era um inocente, mas bem que gostava da companhia das meninas. Quantas vezes não suspendi a minha tarefa para me enlevar com o sorriso da Joana D’arc? Os meninos do tio José Viana, Dário e Walberto já pensavam em namoro, eram mais velhos que eu. Na opinião geral, eu ainda fedia a mijo, embora não tivesse o hábito de mijar na rede. Não obstante, todos admiravam a minha inteligência e ótimo desempenho em quase todas as matérias, embora fosse o caçula da classe. Foi, sem sombra de dúvidas, o lugar onde estudei com mais prazer e dedicação em toda a minha vida.

domingo, 8 de outubro de 2017

08 DE OUTUBRO


Ilustração: Jô Oliveira - PE

DIA DO NORDESTINO


"Sou o coração do folclore nordestino 
Eu sou Mateus e Bastião do Boi Bumbá 
Sou o boneco do Mestre Vitalino 
Dançando uma ciranda em Itamaracá..."


Leão do Norte - Lenine

"O sertanejo (nordestino) é, antes de tudo, um forte", já escrevia o fluminense Euclides da Cunha no seu clássico Os Sertões. Neste domingo (08/10) é comemorado o Dia do Nordestino, sinal de uma resposta positiva aos inúmeros preconceitos que essa população ainda sofre por parte de uma minoria supostamente elitizada, fascista e desinformada, sobretudo no Sudeste e no chamado Sul maravilha.

Ilustração: William Jeovah - PB


Basta um rápido olhar na contribuição que o Nordeste tem dado para o país no campo das artes, em especial na Literatura, para conhecermos o potencial dessa raça forte e guerreira da Nação Nordeste, berço de Jorge Amado, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, João do Vale, Marinês, Gordurinha, Evaldo Gouveia, Gilberto Gil, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Rachel de Queiróz, Coelho Neto, Humberto de Campos, Gonçalves Dias, José de Alencar, Câmara Cascudo, Leonardo Mota, Celso Furtado, Gilberto Freire, Ariano Suassuna, Joaquim Nabuco, Fagner, Patativa do Assaré, Leandro Gomes de Barros, Zé da Luz, Lucas Evangelista, Ivanildo Vila Nova, Geraldo Amâncio, Rosemberg Cariri, Cego Aderaldo, Chico Anysio, Cassiano, Xangai, Ednardo, Amelinha, Belchior, Zé Ramalho, Alceu Valença, Geraldo Azevedo e Raul Seixas, só para citar uma pequena parcela dos nossos talentos. VIVA O NORDESTE, VIVA O POVO NORDESTINO!


FAMÍLIA SOUZA-VIANNA, no Brasil desde o descobrimento e no Ceará desde o Século XVIII. Somos todos MESTIÇOS - brancos, índios, negros e orientais - mouros e judeus, somos a amálgama de todas as raças. Não somos "quatrocentões" nem "arianos", nós habitamos o planeta desde que o mundo é mundo. SOMOS BRASILEIROS, acima de tudo. VIVA O POVO BRASILEIRO.