Palmeirinha e Azulão, dupla de fibra que fez
história no Rio de Janeiro.
ARIBU
Dentre
os “finados” de que hoje me lembrei, um em especial me despertou boas
risadas... O inesquecível MESTRE AZULÃO.
Era o
mestre Azulão (o poeta paraibano José João dos Santos) quem me contava essa
deliciosa anedota, com sua prosa fácil, encantadora e verve aguçada.
O 'causo' refere-se a um sujeito do brejo
paraibano, chamado Ari – e por conta de ser meu xará é que ele me contou isso
umas cinco ou seis vezes, morrendo de rir.
Segundo
o Azulão, o cabra era morto de preguiça
e totalmente despreocupado com o futuro da prole. Pai de uma récua de filhos,
passava as tardes sentado num banco de aroeira, suspenso por duas forquilhas,
posto à frente do casebre de taipa, dedilhando uma viola velha e desafinada,
com pretensões de cantador. Num extremo da cerca, onde haviam jogado um gato
morto, baixou um urubu. Um dos pequeninos, admirados de ver um bicho daqueles
assim de perto, exclamou:
— Pía,
pai! Olha acolá, um ARIBU.
— Olha
acolá o quê, menino?!
— Um
ARIBU, pai...
O
sujeito meio agastado, segurou o braço da viola bruscamente, parando a toada e,
em tom professoral, explicou:
— ARI,
não, meu filho! Aribu não! ARI é seu pai. A pessoa que lhe deu a vida, que lhe gerou e lhe
sustenta com tudo que há de bom e de melhor! Aquele peste acolá é um URUBU. Um bicho nojento,
asqueroso, fedorento, que vive unicamente de comer carniça, de remexer nos
monturos, de beliscar coisa podre, de meter o bico aonde não deve... Ari... Ari
é seu pai, meu filho!
Zé Maria, Azulão, Arievaldo e Geraldo Amâncio.