O amigo do Rei
Sinval Sá teve a honra de escrever a primeira biografia sobre Gonzagão. O sanfoneiro do Riacho da Brígida — Vida e andanças de Luiz Gonzaga foi lançado em 1966. Agora, por conta do centenário de nascimento do mestre, a ser comemorado em 13 de dezembro, o livro chega à 9ª edição. Sá estará presente na solenidade comemorativa, em Recife, apresentando a nova versão de seu rebento. “Na época, o lançamento em Fortaleza teve a presença do próprio Luiz”, relembra o escritor, orgulhoso, aos 90 anos. Sinval vive em Brasília há 46 anos e já publicou outros dois romances e dois livros de contos.
Segundo o autor, foi o próprio Gonzaga quem tratou de divulgar a biografia: levava para os shows Brasil afora e a vendia em suas andanças. Na época, os 10 mil exemplares se esgotaram rapidamente. Paraibano de Conceição, filho de pais pernambucanos, Sá morava no Ceará quando escreveu o retrato do sanfoneiro, no começo dos anos 1960. “Eu ia ao Rio, onde ele morava, e passava algumas temporadas na casa dele. A convivência era muito boa. Era uma pessoa maravilhosa, bem educada. Vinha à minha casa quando estava em Brasília. Me chamava de ‘doutorzão do Ceará’”, diverte-se.
O sanfoneiro... é contado de forma fiel aos relatos de Gonzaga, com pitadas de ficção. Sá até tentou romancear um pouco, mas o biografado não aprovou e pediu que o escritor se ativesse ao que haviam conversado. Ele assistiu à cinebiografia que está nos cinemas e notou que algumas passagens são parecidas com as retratadas em seu livro. “Sei que eles se basearam no Gonzaguinha e Gonzagão, da Regina Echeverria, mas ela me consultou para fazer o livro dela e, inclusive, me cita”, destaca. Na película de Silveira, entretanto, Sinval não teve nenhuma participação — pelo menos não diretamente. (Gabriel Sá - Correio Brasiliense)