quinta-feira, 24 de novembro de 2011

LANÇAMENTO


A "Coleção CANCÃO DE FOGO" volta com força total, enrequecida de vários títulos, dentre os quais duas raridades dos grandes mestres do cordel. Trata-se de "A cura da quebradeira", de Leandro Gomes de Barros, folheto de sátira mordaz, na mesma linha de João Lezo e Cancão de Fogo, onde ele ensina um remédio infalível para afastar o mal da liseira. O segundo é "A festa dos cachorros", do grande José Pacheco da Rocha. Interessados em adquirir esses e outros títulos da nossa coleção devem entrar em contato conosco através do e-mail: acordacordel@ig.com.br - Enviamos pelo correio para qualquer parte do Brasil mediante depósito em conta corrente.

VEJAM A SEGUIR, ALGUNS TRECHOS DE:

A CURA DA QUEBRADEIRA
Leandro Gomes de Barros

Um quengo, mestre dos quengos
Adoeceu da algibeira
Encerrou-se n'um convento
Estudou de tal maneira
Que descobriu um remédio
Para curar quebradeira.

Eu provo com muita gente
O remédio não é mau,
Já conheci um doente
Mas mole do que mingau
Só não digo o nome dele
Porque não quero ir ao pau!

Já parecia um cadáver,
Só tinha o couro e o osso
Tinha tísica na algibeira
Uma inflamação no bolso
Com três doses de remédio
Tá gordo, robusto e moço!

Tinha uma chaga na calça
Na casaca outra ferida
Tinha um cancro no colete
A camisa enfraquecida
O comércio deu-lhe um talho
Que quase tira-lhe a vida.

Deu-lhe boba nas botinas
Erisipela na capa
Deu-lhe sarampo nas meias
O lixo botou-o no mapa
Já a filha tinha dito
Mamãe! Papai não escapa.

Comprou um livrinho d'estes
Foi para casa estudá-lo
Tomou a dose de tarde
De noite comprou um cavalo!
Viu a força do remédio
Cuidou logo em decorá-lo!

Chico Rato, coitadinho
Dizia: - Me acabo já...
Comprou um livrinho destes
E fez o remédio lá
Hoje vi ele cantando
A Cabocla do Caxangá.

(...)


Capa original do folheto A cura da quebradeira,
edição da Popular Editora, de Chagas Batista
(coleção Casa de Rui Barbosa)

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

DO BLOG "UNIDADE E LUTA"



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A história nos mostra que em qualquer parte do mundo a luta dos trabalhadores contra o poder das classes dominantes sempre foi muito acirrada, quase que sem tréguas e que a mobilização da classe trabalhadora faz a diferença na hora de obter conquistas. No meio desse embate surge a odiosa figura do PELEGO, traidor da classe operária, capacho subserviente... tão servil que não hesita em dedurar ou prejudicar um colega engajado na luta. É, portanto, um SER VIL! Na histórica greve dos petroleiros de 1994 o chargista Arievaldo Viana, que trabalha no Sindipetro-CE desde 1992, produziu essa charge que é um verdadeiro libelo contra esse bicho nojento.

O "PADRE-NOSSO" é uma antiga forma poética, muito usada pelos poetas populares desde o Século XVIII para vergastar os seus inimigos. Arievaldo é também poeta popular e na histórica greve dos petroleiros de maio de 1995 produziu este "Pelo Sinal":

PELO SINAL DOS PELEGOS
Autor: Arievaldo Viana


Os pelegos que atrasam
Nossa luta sindical
São de todos conhecidos
PELO SINAL

Como espíritos do mal
Depressa fogem da luz
São vendilhões dessa terra
DA SANTA CRUZ

Ao desprezo fazem jus
São hipócritas, fariseus,
Da influência dessa praga
LIVRAI-NOS DEUS

O lema “primeiro os teus”
Pronunciam com ardor,
Se esforçam para agradar
NOSSO SENHOR

Meu caro trabalhador
Não se alie a esses troços
Pois na luta sempre foste
DOS NOSSOS

Lembrai sempre que os vossos
PELEGOS trazem perigos
Pois são da luta os piores
INIMIGOS.

Puxa-sacos são antigos
E juram em nome da madre
Vendem até a alma ao diabo
EM NOME DO PADRE

Diga “Vade retro, vade!”
Vendo um pelego em seu trilho
Defenda o pão e o leite
DO FILHO

Se livre desse empecilho
Que abunda em todo canto
Pedindo a inspiração
DO ESPÍRITO SANTO

Se um dia vê-lo em pranto
É a que a desgraça já vem
Se ele for demitido
AMÉM!

SOBRE ESSA MODALIDADE POÉTICA
O “Pelo Sinal” é uma antiga modalidade de poesia popular muito usado no Brasil de Norte a Sul. No “Cancioneiro Guasca”, do folclorista gaúcho João Simões Lopes Neto, encontram-se vários exemplos. No blog vilacamposonline.blogspot.com o poeta Pedro Paulo Paulino postou recentemente um texto extraído do vetusto Almanaque do Pensamento sobre essa modalidade poetica tão popular em todo o país. O mestre Câmara Cascudo o definia desta maneira:
“Sempre, ou quase sempre, em pé-quebrado, são os Pelos sinais, Salve Rainhas e Ave Maria todas satíricas. Aproveitam apenas um período da oração e orientam o verso para um sentido irônico ou simplesmente crítico. Os Pelo sinais são abundantes e comuns em todo o Brasil.”

FONTE: www.unidadeluta.blogspot.com

terça-feira, 22 de novembro de 2011

CORDELTECAS

DO JORNAL DA BESTA FUBANA:



Segundo os indicadores do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 1940 as taxas de analfabetismo no Brasil eram alarmantes. Na faixa etária entre 15 e 19 anos, esse índice atingia 54,5%. Nas pessoas com mais de 50 anos, esse índice ultrapassava a barreira dos 60%. A população da região Nordeste do Brasil sempre foi o indicador demográfico mais afetado pelo problema. Aliás, ainda hoje o Nordeste é a região que mais sofre com analfabetismo e ainda tem, segundo dados recentes do IBGE, índices de até 28% em cidades com menos de 50 mil habitantes*.

Tomando por base essa estimativa do IBGE podemos deduzir que na década de 1940 pelo menos 70% da população nordestina com mais de 15 anos era formada por pessoas que jamais freqüentaram escolas. Curiosamente, nesse mesmo período, a Literatura de Cordel atingia o seu apogeu nas mãos do poeta-editor João Martins de Athayde, detentor dos direitos de edição dos maiores clássicos do gênero. Nessa época, uma tiragem de folhetos como “Romance do Pavão Misterioso”, “Chegada de Lampião no Inferno”, “Batalha de Oliveiros com Ferrabrás”, “Juvenal e o dragão” não saia com menos de 50 mil exemplares que esgotavam rapidamente nas feiras do Nordeste.

O jornalista Jackson Pires Barbosa, genro do lendário editor José Bernardo da Silva, de Juazeiro do Norte-CE, disse-me em entrevista concedida em 2000, que em meados da década de 1950 a Tipografia São Francisco, editora de José Bernardo, costumava enviar regularmente um caminhão carregado de folhetos para abastecer os agentes distribuidores de Recife-PE e outras capitais nordestinas. E nessas levas os clássicos do gênero sempre tinham pedidos entre cinco e dez milheiros cada título. Como explicar então esse fenômeno? Como uma população pobre, esquecida pelo poder público, sem acesso a Educação, consumia um tipo de literatura com tanta avidez?

Em primeiro lugar é preciso informar que o livreto de cordel já foi chamado oportunamente de “professor folheto”, por ser responsável pela alfabetização (informal) de milhares de nordestinos. Numa época em que as famílias eram bem numerosas, sempre havia algum membro que freqüentava a escola e fazia a leitura em voz alta para os demais. Os que não podiam freqüentar a sala de aula acabavam aprendendo alguma coisa nesses folhetos, com ou sem a ajuda de instrutor, movidos unicamente pelo desejo de decifrar os versos contidos nessas publicações de aparência tão singela.

VER ARTIGO COMPLETO NO JORNAL DA BESTA FUBANA (Coluna Mala da Cobra)


VER ESTATÍTICAS DO IBGE SOBRE ANALFABETISMO

domingo, 20 de novembro de 2011

CORDEL EM QUADRINHOS


A MOÇA QUE NAMOROU COM UM BODE

Em 2003, época do lançamento do álbum "A moça que namorou com um bode", HQ desenhada por Klévisson Viana a partir de um roteiro cordelizado por mim (Arievaldo) o poeta José de Arimatéia Cruz, presente ao lançamento no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura nos brindou com estes versos de sua lavra:

“KLEVISSON E ARIEVALDO”
Autor: José de Arimatéia Cruz

Klevisson e Arievaldo
Com esses dois, ninguém pode
São cearenses pai d égua
De tudo fazem pagode
Sem ligar para o decoro
Criaram até um namoro
De uma moça com um bode.

Irmãos de sangue e de arte
Seguem no mesmo caminho
Na expansão do cordel
Dedicam-se com carinho
Com ousadia e talento
Já fizeram o casamento
Do cordel com o quadrinho.

Achei um pouco engraçado
Um namoro diferente
Do bode com uma moça
Uma donzela inocente
Já entrando na bodança
Doida pra encher a pança
Do bode metido a gente.


Eu sempre desconfiei
Da moça do interior
Que quer logo dá o danado
Ou esquentar o motor
E ainda se sacode
Se abraçando com um bode
Chamando de professor.

Rouxinol do Rinaré
Nosso grande menestrel
Ao lado do Ribamar
Falaram sobre o cordel
Acharam-se pequeninos
Diante dos dois meninos
Pra eles tiram o chapéu.

Quero agora agradecer
Por poder participar
Do trabalho dos irmãos
Da cultura popular
Que fizeram com carinho
O cordel virar quadrinho
No Centro Dragão do Mar.
 
Poeta Arimatéia Cruz
 

O DISCO DA SEMANA

CAJU & CASTANHA







“Caju & Castanha é uma dupla brasileira de embolada, formada por irmãos naturais de Recife, estado de Pernambuco. Irmãos, Castanha, José Roberto da Silva*, nasceu a 05/04/1967, e Caju, José Albertino da Silva, a 15/04/1962, ambos em São Lourenço da Mata; começaram ainda na infância, quando apresentavam-se em feiras e praças de Jaboatão dos Guararapes, tocando pandeiros feitos com lata de marmelada. O nome da dupla foi dado pelo então prefeito da cidade.”
Ao que tudo indica, é o segundo disco da dupla, o lançamento original é de 1982, os selos acima são de um re-lançamento de 1991, pelo selo Beverly. Arranjos muito interessantes, com uma base bem dançante.

* Castanha é falecido, Caju continua a dupla com um sobrinho.

Caju & Castanha – Sensação estranha
1982 – Copacabana


01. Pensei que não pensava (Caju / Castanha / Walter de Afogados)
02. Vindo lá da lagoa (Caju / Castanha / Walter de Afogados)
03. Casamento do meu avô (Caju / Castanha / Ronaldo Café)
04. Bezouro mangagá (Caju / Castanha)
05. Homenagem à Nossa Senhora da Conceição (Caju / Castanha / Amélia Felicidade da Silva)
06. Coco de São João (Caju / Castanha)
07. Sensação estranha (Caju / Castanha / Walter de Afogados)
08. Calango e desafio (Téo Azevedo)
09. Pato gamela (Caju / Castanha / Oliveira)
10. Veja que besteira (Caju / Castanha / Walter de Afogados / Josan)
11. Roda rodete rodiado (Caju / Castanha)
12. Meu amor fez um balanço (Caju / Castanha / Ede Cury)
13. Pra ver o olho do sol (Caju / Castanha / Oliveira)

Para baixar esse disco, clique aqui.