sexta-feira, 26 de agosto de 2011

JOÃO GONÇALVES NA ATIVA

O DISCO DA SEMANA

CD – João Gonçalves – Denúncia



O áudio é uma colaboração do João Gonçalves, e as capas foram enviadas pelo Linaldo Cursino da Silva, de Campina Grande – PB.


Um dos maiores forrozeiros de todos os tempos continua na ativa. É JOÃO GONÇALVES, o rei do duplo sentido, sucesso absoluto na década de 1970 e responsável pelo "estouro" de Genival Lacerda no cenário nacional com Severina Xique-Xique.
Neste CD, João Gonçalves mostra que continua inspirado... Participação especial de Edson Azevedo na faixa “Vendedor de nabo” de João Gonçalves e Edson Azevedo. Destaque para a participação de AMAZAN, inspirado poeta, bom sanfoneiro e dono da fábrica de sanfonas LETICCE, cuja sede fica em Campina Grande-PB.
Fonte: http://www.forroemvinil.com/


João Gonçalves – Denúncia

 
01 Denúncia (João Gonçalves – Edson Azevedo)
02 O pão do pobre (João Gonçalves – Edson Azevedo)
03 Paciência tem limite (João Gonçalves – Manoel Simões Nilo)
04 Não solte o rabo (João Gonçalves – Oscar Barbosa)
05 Aeroporto completo (José Moysés – João Gonçalves)
06 Vou morrer solteiro (João Gonçalves – José Moysés)
07 Falso Picasso (João Gonçalves – José Moysés)
08 Tô fora (João Gonçalves – Edson Azevedo)
09 Olhar feiticeiro (João Gonçalves – Claudio Bezerra)
10 Linda loirinha (José Moysés – João Gonçalves)
11 Vendedor de nabo (João Gonçalves – Edson Azevedo)
12 Jararaca (João Gonçalves – Edson Azevedo)
13 Sua mulher é porca (João Gonçalves – Silas Silva)
14 Fuzuê (João Gonçalves – Edson Azevedo)
15 Sanfoneiro de Equador (João Gonçalves – Glorinha)
16 Foi só um sonho (Manoel Simões Nilo – João Gonçalves)

Para baixar esse disco, clique aqui.

CORDEL NA BIENAL DO RIO:


A PELEJA DE CHAPEUZINHO
VERMELHO COM O LOBO MAU

No dia 10 de setembro, Arievaldo Viana e Jô Oliveira estarão na Bienal do Livro do Rio de Janeiro lançando os dois primeiros títulos da coleção “Era uma vez... em CORDEL”, no estande da Editora Globo, onde os livros foram publicados. “A peleja de Chapeuzinho Vermelho com o Lobo Mau” e “O coelho e o jabuti” são dois contos tradicionais bastante conhecidos, mas estas novas versões em versos têm um desfecho surpreendente e uma linguagem acessível à públicos de todas as idades, dos 8 aos 80 anos!


Sinopse:

Contada e recontada inúmeras vezes, a aventura da garotinha que encontra o lobo a caminho da casa da avó está entre as histórias mais populares de todos os tempos. Desde o século 14, este conto de fadas clássico tem se apresentado em diversas versões, sendo que as mais antigas, assustadoras e violentas, eram voltadas ao público adulto. A trama que chegou aos nossos dias, com a presença de um caçador que salva a menina e sua avó e garante o final feliz, foi publicada pela primeira vez em 1812, no livro Contos da criança e do lar, dos Irmãos Grimm. O antigo conto ganha agora nova roupagem. A Editora Globo acaba de lançar o livro A peleja de Chapeuzinho Vermelho com o Lobo Mau, que traz como novidade a estrutura do relato: o texto foi escrito em cordel, poema de origem na tradição oral e bastante disseminado no Nordeste brasileiro. Como manda a tradição cordelista, a história é contada em setilhas, estrofes compostas de sete versos. Com graça, cadência e deliciosas rimas, as aventuras da menina vestida de vermelho proporcionam uma leitura prazerosa e instigante. Os versos do cearense Arievaldo Viana, integrante da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, e as belas ilustrações do artista pernambucano Jô Oliveira, prendem a atenção do leitor do início ao fim – e dão tempero bem brasileiro para o clássico da literatura infantil.

Haverá seção de autógrafos com os dois autores no estande da Editora Globo.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

CORDEL NA BIENAL DO RIO



COLEÇÃO "ERA UMA VEZ... EM CORDEL"

No dia 10 de setembro, Arievaldo Viana e Jô Oliveira estarão na Bienal do Livro do Rio de Janeiro lançando os dois primeiros títulos da coleção “Era uma vez... em CORDEL”, no estande da Editora Globo, onde os livros foram publicados. “A peleja de Chapeuzinho Vermelho com o Lobo Mau” e “O coelho e o jabuti” são dois contos tradicionais bastante conhecidos, mas estas novas versões em versos têm um desfecho surpreendente e uma linguagem acessível à públicos de todas as idades, dos 8 aos 80 anos!


Sinopse

Não é possível precisar o momento em que as crianças começaram a se encantar com as fábulas, antigos relatos que trazem como personagens animais com características humanas e em geral terminam com uma lição, a moral da história. Algumas são bastante famosas e ganharam mais de uma versão, como é o caso da que conta a curiosa disputa de velocidade travada entre o ágil coelho e o calmo jabuti. 'O Coelho e o Jabuti' não relata a conhecida prova na qual o coelho dorme e a tartaruga o ultrapassa, alcançando primeiro a linha de chegada e vencendo pela persistência e constância. Nessa versão, o jabuti arquiteta um plano para derrotar o presunçoso oponente e para isso conta com a ajuda de sua numerosa e parecidíssima família. O episódio é contado em cordel, um poema com ritmo simples que em geral se baseia em relatos conhecidos e prende a atenção do espectador tanto pela trama quanto pela cadência. Tradicional na região nordeste do Brasil, o estilo chegou à literatura infantil e ganhou cuidadosa execução pelas rimas do cordelista cearense Arievaldo Viana e pelas ilustrações do artista pernambucano Jô Oliveira.

Ficha Técnica
Editora: GLOBO
ISBN: 8525050156
ISBN13: 9788525050151
Edição: 1ª Edição - 2011
Número de Páginas: 32
Acabamento: BROCHURA
Formato: 16,00 x 23,00 cm.


TRECHOS DO CORDEL:


Destinei-me a consultar,
Sob um céu azul anil,
Nossas lendas populares
Dos confins do meu Brasil
E assim resolvi compor
Mais um CORDEL INFANTIL.

Vou transmitir com carinho
Aquilo que aprendi,
A história é bonitinha,
Simples como eu nunca vi:
Fala de uma aposta entre
O COELHO e o JABUTI.

Os bichos, antigamente,
Falavam com maestria;
Viviam perfeitamente
Em total democracia
E, por terem consciência,
Prezavam a ECOLOGIA.

Não depredavam a floresta
Não caçavam sem razão
Não poluíam os riachos
Pois viviam em comunhão
Com a MAMÃE NATUREZA
Na floresta e no sertão.


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

RELEMBRANDO


Na foto acima, um encontro histórico de poetas populares de vários estados nordestinos, que participaram em Juazeiro do Norte, no dia 08 de junho de 2010, do lançamento do Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel - EDITAL PATATIVA DO ASSARÉ. Na caravana que seguiu de Fortaleza, a convite do MINC, estavam os poetas ARIEVALDO VIANA, GERALDO AMANCIO, ZÉ MARIA DE FORTALEZA, KLÉVISSON VIANA, ROUXINOL DO RINARÉ E PAULO DE TARSO.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Era uma vez... em CORDEL

ARIEVALDO E JÔ OLIVEIRA LANÇARÃO LIVROS NA BIENAL DO RIO DE JANEIRO


CLIQUE NA IMAGEM PARA VISUALIZAR

No dia 10 de setembro, Arievaldo Viana e Jô Oliveira estarão na Bienal do Livro do Rio de Janeiro lançando os dois primeiros títulos da coleção “Era uma vez... em CORDEL”, no estande da Editora Globo, onde os livros foram publicados. “A peleja de Chapeuzinho Vermelho com o Lobo Mau” e “O coelho e o jabuti” são dois contos tradicionais bastante conhecidos, mas estas novas versões em versos têm um desfecho surpreendente e uma linguagem acessível à públicos de todas as idades, dos 8 aos 80 anos!

Vejam a seguir, trechos da apresentação da coleção, escrita pelo poeta e pesquisador do folclore brasileiro Marco Haurélio:

“Quem não gosta de ler ou ouvir uma boa história? E quando a história é contada em versos fica melhor ainda. Por isso o cordel faz tanto sucesso pelo Brasil afora. A literatura de cordel é um gênero poético que surgiu no Nordeste brasileiro no final do século XIX. Geralmente composto em sextilhas (estrofes de seis versos), o cordel abrange vários temas. Ele existe graças, principalmente, a um poeta nascido na Paraíba, chamado Leandro Gomes de Barros (1865-1918).

(...)

Vamos voltar um pouco no tempo e visitar a Alemanha do início do século XIX. Lá, dois irmãos, Jacobe Wilhelm, resolveram pesquisar a língua falada por seu povo (incluindo os dialetos) e as lendas e mitos da nação alemã. Os irmãos Grimm, como ficaram conhecidos, recolheram centenas de contos narrados pelos
camponeses e reuniram todos em um livro, a que chamaram Contos da criança e do lar. O primeiro volume foi publicado em 1812.
A versão em cordel da história que você encontra neste livro foi inspirada em um conto dos irmãos Grimm. E agora que você já sabe o que é cordel e conhece um pouco da história desses dois irmãos, só me resta desejar uma boa leitura.”

Marco Haurélio
Cordelista e pesquisador do folclore brasileiro

GANGÃO MELINDROSO



O cordel "O jumento Melindroso desafiando a Ciência", de Arievaldo Viana, foi lançado hoje (23/08), às15h00, na ESCOLA EDUCAR SESC - Rua José Jatahy, 813 - Bairro Otávio Bonfim, em Fortaleza. Presença do autor e do músico Orlângelo Leal (da Banda Dona Zefinha), responsável pelo cerimonial, além do pessoal do SESC IRACEMA, responsável pela publicação do folheto.
Cerca de 300 alunos lotaram o teatro da escola, onde realizou-se o lançamento, com a leitura dramatizada do folheto, declamações e músicas infantis. Em seguida, dezenas de alunos fizeram fila para pedir autógrafos, uma prova de que o cordel está cada vez mais presente no cotidiano das salas de aula, para desespero de alguns preconceituosos que ainda teimam em taxá-lo como coisa do passado e sem relevância no mundo da Literatura.

TRECHOS DO FOLHETO:

Quando Dom Pedro II
Enviou ao Ceará
A Comissão Científica,
Seguiram pra Quixadá
Uns franceses cientistas
Dois meteorologistas
Sondar o tempo por lá...

O velho açude do Cedro
Se encontrava em construção
Pois a seca dos dois setes
Quase aniquila o sertão;
Dom Pedro, muito sisudo,
Mandou fazer um estudo
Daquela situação.

E lá se foram os franceses
Jean Pierre e Raimundo,
Que era Raymond, na verdade,
Um cientista profundo
Doutor em astronomia
E em Meteorologia
Era o mais sábio do mundo.

(...)

Foram buscar na cidade
A bagagem dos doutores
No lombo de dois jumentos
E dois potros marchadores;
Pierre ao ver os jumentos
Disse: - Meus equipamentos
Correrão riscos, senhores!

São diversos aparelhos
De custo muito elevado,
Alta tecnologia
Muito dinheiro empregado,
Esses jegues e cavalos
Nos darão, ao transportá-los,
Um prejuízo danado!

Nisso, o coronel Cazuza
Acudiu bem pressuroso:
- Fique tranqüilo, doutor,
Eu também sou cuidadoso...
O seu mais caro aparelho
Pode amarrar com um relho
Nas costas do Melindroso.

Amarre e fique tranqüilo
Que este velho “gangão”*
É bicho da minha estima
Não vendo nem por milhão,
É mansinho e cauteloso,
Jegue igual ao Melindroso
Há bem poucos no sertão!

(...)

SESC ENVIA MENSAGEM DE AGRADECIMENTO



Esta mensagem leva gratidão do SESC Iracema e Programa Cultura, às demais áreas do Regional, SESC Fortaleza e Educar SESC, por seus exemplos de trabalho, vivências, e pelo empenho de todos os envolvidos na realização de cada etapa dessa atividade.



SESC CORDEL

Ao seguir por novos caminhos desafiadores, com suas venturas e expectativas, teremos cada vez mais clareza sobre as raízes de nossas riquezas e tradições populares, presentes nos universos dos cordéis. Sabendo, dessa forma, quão ampla é a capacidade de nosso povo em seus exercícios naturais e espontâneos de mimese e inovação cultural por seus valores telúricos.

Mesmo que os efeitos dessa motivação cotidiana, que as Edições do “SESC Cordel” traga à vida de artistas, apreciadores infantis e adultos, ou mesmo a estudiosos, levem tempos improváveis para germinar, temos consciência de que estão cultivados em mentalidades propícias a bons deleites memorialistas e produtivos.

Ainda assim queremos esse movimento contínuo. Cordéis, escritores, versadores, cantadores, estudantes e professores por todas as escolas, praças, celebrações, lares entre seus cidadãos e com suas leituras. Pois esta é a maneira mais bela de aprofundar e mostrar, com orgulho, a vivência desta realidade cultural entre nós.

Que fiquem sempre muitas destas perguntas, que foram feitas no SESC Cordel, ecoando para todas as direções que possam ser percorridas: “Onde haverá os próximos Cordéis?”; “Quem mais há de cruzar com belas Apresentações Artísticas em nossos caminhos?”; “Que outras leituras poderemos fazer, que nos tragam mais alegria, causos e sapiência às nossas vidas?”.

É com esse gosto de expectativa que deixamos o nosso - “Muito Obrigado!” - a cada um que faz parte das parcerias no desenvolvimento da atividade. No intento de propagar a capacidade das manifestações culturais populares em tudo que elas podem nos proporcionar. E a cada novo dia nos
transformarem, promovendo em nós suas catarses, com exemplos de vida.

Afinal:
#“Pelo Aprendizado Contínuo com os Mestres da Escrita e da Leitura: Tenho Apreço!”

Até os próximos passos...


Att: Elson.

Atividades Sociais. 
SESC SENAC Iracema.
 

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

CORDEL EM JUAZEIRO-BA

JUAZEIRO-BA PROMOVE I ENCONTRO DE CORDEL E EDUCAÇÃO



A Prefeitura Municipal de Juazeiro, através das Secretarias de Educação e Secretaria de Cultura promove de 24 a 27 de agosto durante a Semana do Folclore de Juazeiro na programação o I Encontro de Cordel e Educação no Centro de Cultura João Gilberto. O encontro é o encerramento de oficinas de cordel com professores de EJA (Educação de Jovens e Adultos) do município. Projeto premiado pelo MINC – no Edital Mais Cultura de Literatura de Cordel – Patativa do Assaré - Categoria de Formações Existentes – proposto pelo Cordelista e Cantador Maviael Melo, que desde 2009 realiza junto à rede municipal de ensino formação de cordel com professores, utilizando o cordel como ferramenta pedagógica.

Com a participação de mais de 100 professores da rede municipal de ensino, o projeto resultou em uma publicação de um livreto de cordel produzido pelos professores nas oficinas que aconteceram de abril a julho desse ano, abordando temas diversos, Meio Ambiente, Sexualidade, Política, Educação, entre outros.

“COMPANHEIRA FIEL DE TODA HORA,
ELA É SEMPRE AO HOMEM DEDICADA
SABE AMAR COM ENORME DESVELO,
MUITAS VEZES, ATÉ SEM SER AMADA
NÃO CONSIGO PORTANTO COMPREENDER
COMO PODE ESTE SER, SER MALTRATADA

COMO POSSO, PORTANTO, EU BATER
EM ALGUEM, DE CUJO INTERIOR EU VIM
A PESSOA QUE MESMO A CONTRAGOSTO
PARA ME COMPLETAR, ELA DIZ SIM.
SE MALTRATO ESTA MINHA COMPANHEIRA
COM CERTEZA, MEU DEUS, EU BATO EM MIM.”

*Trecho do cordel dos professores abordando o tema violência contra a mulher

O encontro é voltado para professores e alunos da rede pública, nos dias 24 e 25 com palestras sobre Educação, Cordel e Cultura e a utilização do Cordel em Sala de Aula, com a participação de poetas como Chico Pedrosa, Repentistas e ainda os Cantadores Celo Costa, João Sereno, Verlando Gomes, Maviael Melo e o grande Raimundo Sodré que fará uma participação especial no dia 27, na arena do Centro de Cultura João Gilberto, onde na ocasião ocorrerá o lançamento do Livreto de Cordel dos Professores numa cantoria de encerramento, aberta a toda população.

Literatura de Cordel na Escola

 

TEXTO BÁSICO PARA OFICINAS

Por: Marco Haurelio (Cordel Atemporal) 


Brevíssimo histórico
Desde o século XIX, a literatura de cordel nordestina vem sendo usada como fonte de lazer, educação e cultura. Foi o primeiro jornal do homem do campo e sua cartilha de alfabetização. Vários nordestinos aprenderam a ler através dos folhetos de cordel. Sob a luz do lampião a querosene, as pessoas se reuniam em torno para a leitura dos grandes clássicos do gênero, além das novidades, recém-adquiridas nas feiras populares.
Os variados gêneros da poesia popular eram debulhados pela genialidade dos leitores (ou ledores) e dos cantadores de folhetos, alguns profissionais. O conteúdo das histórias, sua rima cadenciada, sua poesia, ao mesmo tempo simples e elevada, eram um convite à alfabetização, ao conhecimento dos rudimentos da escrita. Milhares de pessoas tiveram no “livrinho de versos” seu primeiro e, quase sempre, único professor.

No Nordeste, além do papel social, aproximando as pessoas, o Cordel sempre teve uma finalidade lúdica, daí a popularidade de heróis traquinos como Pedro Malazarte, Cancão de Fogo e João Grilo. As histórias de encantamento representavam uma fuga temporária da realidade quotidiana e um mergulho num mundo onde tudo era possível. Os cangaceiros encarnavam um ideal de justiça numa época em que o coronel se postava como um senhor absoluto. Com o fim do cangaço, surgiram heróis da ficção como Rufino, o Rei do Barulho, José de Souza Leão e Antônio Cobra-Choca, sempre em papéis de vingadores das injustiças de que eram vítimas os sertanejos. Lampião, Padre Cícero, Getúlio Vargas e Frei Damião foram, e continuam sendo biografados pelos poetas populares, intérpretes do inconsciente coletivo.

Leandro Gomes de Barros (1865-19198) é, ainda hoje, o mais lido de todos os poetas do gênero e o principal responsável por sua difusão. O Romance do pavão misterioso, de José Camelo de Melo Resende, é o best-seller do Cordel, com milhões de exemplares vendidos em mais de 70 anos de edições e reimpressões ininterruptas. Hoje, são muitos os autores que militam na lide cordeliana, a exemplo de Klévisson Viana, Rouxinol do Rinaré, Manoel Monteiro, Moreira de Acopiara, Marco Haurélio, Arievaldo Viana, João Gomes de Sá, Varneci Nascimento, Evaristo Geraldo, Janduhy Dantas, José Honório e Antônio Barreto.

Muitas são as formas de se ilustrar um folheto de cordel, mas a mais característica é a xilogravura. São famosos os poetas xilógrafos José Costa Leite, Dila, Jota Barros, J. Borges, Stênio Diniz. Atualmente, uma outra geração se destaca com nomes como: Marcelo Soares, Erivaldo, Severino Borges e Nireuda Longobardi.

Estrutura do cordel
A estrofe básica do cordel é a sextilha, com predominância para os versos de sete sílabas poéticas. Como exemplo, tomemos de empréstimo este trecho de Presepadas de Chicó e Astúcias de João Grilo, de minha autoria.

João Grilo foi um menino (X)
De grande sagacidade, (A)
Aprimorou a esperteza (X)
Devido à necessidade – (A)
Enganava a todo mundo (X)
Com muita facilidade. (A)

1 2 3 4 5 6 7
João/ Gri/lo /foi/ um/ me/nino

O X A X A X A refere-se ao esquema de rimas utilizado. Com X são indicados os versos que não rimam e, com A, os versos que rimam entre si. O trecho selecionado tem sete sílabas poéticas. Conta-se até a última sílaba tônica, no caso o “ni”. A átona “no”, que é pronunciada sem muita ênfase, não entra no cômputo final. Esse processo é chamado de escansão. No quarto verso (Devido à necessidade), na parte destacada, há a fusão de duas vogais em palavras separadas, o que gera somente uma sílaba poética. É o que chamamos de elisão.

Como exemplo de setilha, pegaremos a primeira estrofe do clássico A Chegada de Lampião no Inferno, de José Pacheco da Rocha:

Um cabra de Lampião (X)
Chamado Pilão Deitado (A)
Que morreu numa trincheira (X)
Num certo tempo passado (A)
Agora pelo sertão (B)
Anda correndo visão (B)
Fazendo mal-assombrado. (A)

Os versos que rimam entre si são o 2º, o 4º, e o 7º (A), alem do 5º e do 6º (B). O 1º e o 3º, representados por X, não rimam entre si.

Agora, um exemplo em martelo agalopado (estrofe de dez versos de dez sílabas poéticas). Os versos são marcados por acentuação tônica nas terceira, seta e décima sílabas. A estrofe foi retirada do folheto Galopando o Cavalo Pensamento, de minha autoria:

A Senhora dos Túmulos observa
O vaivém da tacanha mocidade,
Que despreza a virtude e a verdade
E dos vícios se mostra fiel serva,
Porém nada no mundo se conserva:
Sendo a vida infindo movimento,
É a Morte um novo nascimento
A inveja é o túmulo dos vivos –
O herói repudia esses cativos,
Galopando o Cavalo Pensamento.

Lembramos que esta modalidade é mais comum nas cantorias de poetas repentistas e são poucos os cordelistas que exploram esta seara.
O mesmo se diga do galope à beira-mar, composto por estrofes de dez versos de onze sílabas poéticas, com acentuação nas segunda, quinta, oitava e décima primeira sílabas poéticas. O trecho abaixo, que homenageia o projeto TAMAR, integrou o cordel Brasil Real em Poesia, organizado pelo professor mineiro José Mauro.

Nos mares revoltos da ignorância
Espécies inteiras são ameaçadas;
Somente nos livros serão relembradas,
Varridas do mapa pela intolerância,
Quer a natureza e a Deus celebrar,
Ver a tartaruga marinha chegar
Ao grande oceano revolto, sem fim,
Para a liberdade alcançar assim
Vencendo a batalha na beira do mar.

Nenhuma oficina pode abarcar a pretensão de formar autores. Pode, no máximo, servir para despertar ou impulsionar talentos. A formação de leitores, esta sim, deve ser o objetivo do poeta-ministrante. E a leitura de bons autores do gênero é fundamental.

A lista abaixo não se pretende completa, mas traz algumas obras recomendáveis para aqueles que já conhecem e para os que pretendem adentrar o universo multifacetado da literatura de cordel. Dei preferência para títulos que são publicados, para facilitar o trabalho daqueles que lerão, pela primeira vez, um folheto de cordel ou ainda não têm muita familiaridade com o gênero.

Folhetos e romances sugeridos

- O Cachorro dos Mortos, de Leandro Gomes de Barros
- Vida e Testamento de Cancão de Fogo, de Leandro Gomes de Barros
- História de João da Cruz, de Leandro Gomes de Barros
- Batalha de Oliveiros com Ferrabrás, de Leandro Gomes de Barros
- História de Zezinho e Mariquinha, de Silvino Pirauá de Lima
- Antônio Silvino – Vida, Crimes e Julgamento, de Francisco das Chagas Batista
- História de Juvenal e o Dragão, de Leandro Gomes de Barros
- História do Valente Vilela, de João Martins de Athayde
- O Pavão Misterioso, de José Camelo de Melo Resende
- História de Pedrinho e Julinha, de José camelo de Melo Resende
- A Sorte do Amor, de Manoel D’Almeida Filho
- O Príncipe do Barro Branco e a Princesa do Vai-Não-Torna, de Severino Milanês da Silva
- O Príncipe João sem Medo e a Princesa da Ilha dos Diamantes, de Francisco Sales de Arêda
- O Enjeitado de Orion, de Delarme Monteiro da Silva
- João Soldado, de Antônio Teodoro dos Santos
- O Grande Debate de Lampião com São Pedro, de José Pacheco da Rocha
- História de Vicente e Josina, de José Pacheco da Rocha
- O Assassino da Honra ou a Louca do Jardim, de Caetano Cosme da Silva
- O Verdadeiro Romance do Herói João de Calais, de Severino Borges Silva
- História do valente Sertanejo Zé Garcia, de João Melquíades Ferreira vda Silva
- Aprígio Coitinho e Neusa, de José Camelo de Melo Resende
- Amor e Martírio de uma Escrava, de João Firmino Cabral
- A Lagoa Misteriosa e o Cavalo Encantado, de Eneias Tavares dos Santos
- Entre o Amor e a Espada, de José Camelo de Melo Resende
- História do Valente João Acaba-Mundo e a Serpente Negra, de Minelvino Francisco Silva
- História do Boi Leitão e o Vaqueiro que Não Mentia, de Francisco Firmino de Paula
- Padre Cícero, o Santo do Juazeiro, de Manoel D’Almeida Filho
- A Vitória do Príncipe Roldão no Reino do Pensamento, de Severino Gonçalves de Oliveira
- Dimas e Madalena nos Labirintos da Sorte, de Manoel Pereira Sobrinho
- João Sem Destino no Reino dos Enforcados, de Antônio Alves da Silva
- João Grilo, um Presepeiro no Palácio, de Pedro Monteiro
- O Batizado do Gato, de Arievaldo Viana
- João da Viola e a Princesa Interesseira, de Klévisson Viana
- As Três Folhas da Serpente, de Marco Haurélio
- O Massacre de Canudos, de Varneci Nascimento
- Os Últimos Dias de Pompeia, de Evaristo Geraldo
- Uma Tragédia de Amor ou a Louca dos Caminhos, de Manoel Monteiro
- A Vitória de Renato e o Amor de Mariana, de José João dos Santos (Mestre Azulão)
- O Guarda-Floresta e o Capitão de Ladrões, de Rouxinol do Rinaré

Bibliografia sugerida

ABREU, Márcia. Histórias de cordéis e folhetos. Coleção Histórias de Leitura.
Campinas: Mercado de Letras/Associação de Leitura do Brasil, 1999.
ALMEIDA, Átila, ALVES SOBRINHO, José. Dicionário bio-biliográfico de repentistas e poetas de bancada. João Pessoa: Editora universitária, 1978.
ALVES SOBRINHO, José. Cantadores, repentistas e poetas populares. Campina Grande, PB: Bagagem, 2003.
AZEVEDO, Adriana Cordeiro. Cordel, Lampião e cinema na terra do sol. Rio de Janeiro: Ferreira Estúdio, 2004.
BATISTA, Sebastião Nunes Batista. Antologia da Literatura de Cordel. Natal: Fundação José Augusto, 1977.
CAMPOS, Renato Carneiro. Ideologia dos poetas populares do Nordeste. Recife: Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais; Rio de Janeiro: Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro; FUNARTE, 1977.
CASCUDO, Luís da Câmara. Cinco livros do povo (edição fac-similar). João Pessoa: Editora Universitária, 1979.
_____________. Mouros, franceses e judeus: três presenças no Brasil. São Paulo: Global, 2001.
_____________. Vaqueiros e cantadores. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: editora da universidade de São Paulo, 1984.
DEBS, Sylvie. Cinema e Cordel: idas e vindas entre a imagem e a letra. In: Cultura Crítica, n. 6, Revista da Associação de Professores da Puc-SP, p. 47, segundo semestre de 2008.
FERREIRA, Jerusa Pires. Armadilhas da memória: conto e poesia popular. Salvador, BA: Fundação Casa de Jorge Amado, 1991.
LESSA, Orígenes. Getúlio Vargas na Literatura de Cordel. Rio de Janeiro: Documentário, 1973.
LESSA, Orígenes, SILVA, Vera Lúcia Luna e. O cordel e os desmantelos do mundo. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1983.
LIMA, Egídio Oliveira. Folhetos de cordel. João Pessoa: Editora Universitária, 1978.
LITERATURA POPULAR EM VERSO: ESTUDOS. Manoel Diegues Júnior et al. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Editora da universidade de São Paulo, 1986.
LONDRES, Maria José F. Cordel: do encantamento às histórias de luta. São Paulo: Duas Cidades, 1983.
LOPES, José Ribamar (org.). Literatura de Cordel; antologia. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2004.
LUCIANO, Aderaldo. Literatura de Cordel, Literatura Brasileira. - Revista da APROPUC, São Paulo, n. 6, segundo semestre 2008.
LUYTEN, Joseph Maria. A Literatura de Cordel em São Paulo: saudosismo e agressividade. São Paulo: Edições Loyola, 1981.
_____________. O que é literatura popular. São Paulo: Brasiliense, 1983.
_____________. A notícia na Literatura de Cordel. São Paulo: Estação Liberdade, 1992.
MAXADO, Franklin. O que é Literatura de Cordel? Rio de Janeiro: Codecri, 1980.
_____________. Cordel, xilogravura e ilustração. Rio de Janeiro: Codecri, 1982.
MEYER, Marlyse (seleção de textos e estudo crítico). Autores de cordel. São Paulo: Abril Educação, 1980.
MOTA, Leonardo. Violeiros do Norte. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1962.
_____________. Cantadores: poesia e linguagem do sertão cearense. Rio de janeiro: Livraria Castilho, 1921.
PELOSO, Silvano. O canto e a memória: história e utopia no imaginário popular brasileiro. Trad.: Sonia Netto Salomão. São Paulo: Ática, 1996.
PEREGRINO, Umberto. Literatura de Cordel em discussão. Rio de Janeiro: Presença, 1984.
PROENÇA, Manoel Cavalcante. Literatura Popular em verso: antologia. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1986.
SALLES, Vicente. Repente e cordel: literatura popular em versos na Amazônia. Rio de Janeiro: FUNARTE, Instituto Nacional do Livro, 1985.
SLATER, Candace. A vida no barbante: a Literatura de Cordel no Brasil. Trad.: Octávio Alves Filho. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 1984.
SOUSA, Liêdo Maranhão de. Classificação popular da Literatura de Cordel. Petrópolis: Vozes, 1976.
SOUZA, Pe. Manoel Matusalém. A Igreja e o povo na Literatura de Cordel. São Paulo: Paulinas, 1984.
TAVARES, Bráulio. Contando histórias em versos: poesia e romanceiro popular no Brasil. São Paulo: Ed. 34, 2005.
VIANA, Arievaldo (org.). Acorda cordel da sala de aula. Fortaleza: Tupynanquim; Mossoró: Queima-Bucha, 2006.