quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

DEPÓSITO LEGAL NA BN - Parte II


A postagem sobre Depósito Legal de Literatura de Cordel na Biblioteca Nacional foi record de visualizações e de comentários também, pois gerou um interessante debate sobre a iniciativa e também rendeu criticas à forma equivocada com que alguns setores da elite cultural brasileira ainda tratam a chamada poesia popular. O escritor Aderaldo Luciano chamou a atenção para o fato de que os folhetos existentes na BN estão catalogados na seção de MÚSICA. Rosário Pinto, da Biblioteca Amadeu Amaral, da FUNARTE, falou do excelente trabalho realizado naquela instituição, que digitalizou e disponibilizou quase 10 mil folhetos. O poeta Pedro Paulo Paulino lamentou que a Biblioteca Nacional tenha um acervo de folhetos tão pequeno, uma vez que a literatura de cordel existe há 120 anos, pelo menos. Admar Branco foi mais além... falou de um folheto que ele foi deixar pessoalmente na Biblioteca Nacional, com ISBN e ficha catalográfica, que desapareceu misteriosamente das prateleiras da instituição. Finalmente, Moreira de Acopiara falou da necessidade de agregar valores e mobilizar a classe poética em torno da valorização do cordel.
Na postagem de hoje, publicaremos versos do poeta Gonçalo Ferreira da Silva, presidente da ABLC, sobre o Depósito Legal de folhetos na BN:


DEPÓSITO LEGAL

Gonçalo Ferreira da Silva

  
Lei  do DEPÓSITO LEGAL
Há muito tempo em vigor
Permite à Biblioteca
Nacional e o autor
Uma parceria perfeita
E de notável valor.

Enviem seus exemplares
Que aqui serão preservados
Por mãos profissionais
Com dedicação  tratados
E em ambientes próprios
Com mil cuidados guardados.

BN e ABLC
Deram o passo inicial
Fazendo uma parceria
Simplesmente genial
Consolidando de vez
Nosso DEPÓSITO LEGAL.


QUER SABER MAIS? Visite a postagem anterior sobre DEPÓSITO LEGAL NA BN e leia os comentários dos leitores.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

RARIDADE!!!


Mais uma postagem referente ao CENTENÁRIO DO REI DO BAIÃO. Trata-se de uma foto de Januário e Santana, pais de Gonzagão, ele no oito baixos, ela no zabumba, rodeados pelos filhos. Note-se bem o casal LUIZ GONZAGA e HELENA entre os pares dançantes. Zé Gonzaga está de chapéu de couro e parece que estar dançando com uma de suas irmãs...

Filhos de JANUÁRIO e SANTANA

* JOÃO JANUÁRIO (JOCA) : *17/09/1910 e +11/09/1947. Morreu em São Paulo/SP e deixou dois (02) filhos e adotou uma (01) filha.
* LUIZ GONZAGA: *13/12/1912 e +02/08/1989. Morreu em Recife/PE e deixou dois (02) filhos.
* EFIGÊNIA BATISTA (GENI): *15/04/1915 e +23/04/2003. Morreu no Rio de Janeiro/RJ e não teve filhos, mas criou dois (02) filhos.
* SEVERINO JANUÁRIO (SEVERINO JANUÁRIO): *04/10/1918 e +02/07/1988. Morreu no Crato/CE e deixou seis (06) filhos.
* JOSÉ JANUÁRIO (ZÉ GONZAGA): *15/01/1921 e +12/04/2002. Morreu no Rio de Janeiro/RJ e deixou um (01) filho que reside no Rio.
* RAIMUNDA JANUÁRIO (DONA MUNIZ): *25/06/1923 e +22/02/2011. Morreu no Rio de Janeiro/RJ e deixou seis (06) filhos.
* FRANCISCA JANUÁRIO (CHIQUINHA GONZAGA): *11/12/1925 e +15/03/2011. Morreu no Rio de Janeiro/RJ e deixou três (03) filhos e adotou dois (02) filhos.
* MARIA DO SOCORRO (DONA SOCORRO): *15/08/1927 e +02/12/1994. Morreu no Rio de Janeiro/RJ e deixou quatro (04) filhos.
* ALOÍSIO JANUÁRIO (ALOÍSIO): *13/05/1934. e +23/03/1985. Morreu no Rio de Janeiro/RJ e deixou três (03) filhos.

Fonte: http://fabiomota1977.wordpress.com/

Luiz Gonzaga, Januário, Aloísio, Chiquinha, Zé Gonzaga e ....

FRANCISCO DAS CHAGAS BATISTA


Compadre e editor de
Leandro Gomes de Barros

Em 2007 tivemos o prazer de entrevistar o poeta Paulo Nunes Batista, filho do poeta, livreiro e editor paraibano Francisco das Chagas Batista, membro de uma família de inspirados trovadores nordestinos, que tem como tronco Agostinho Nunes da Costa e Hugolino do Sabugi. Como nosso objetivo principal era a biografia de Leandro Gomes de Barros, Paulo nos forneceu detalhes muito interessantes sobre o relacionamento dos dois pioneiros do cordel. Eram compadres duas vezes... Leandro era padrinho de Pedro Werta Batista e Chagas foi padrinho de Julieta (Giovanetta) Gomes de Barros. Nessa interessante postagem do site Itaú Cultural, temos a lista dos filhos de Chagas e Hugolina, pelo ano de nascimento:

FRANCISCO DAS CHAGAS BATISTA nasceu no dia 5 de maio de 1882, na fazenda Riacho Verde, Teixeira, PB. Poeta popular publicou mais de cem folhetos de feira e três livros, dentre os quais destacamos História Completa de Antônio Silvino – sua vida de crimes e seu julgamento (1960), A lira do poeta, Cantadores e poetas populares. Faleceu no dia 26 de janeiro de 1930, na cidade de João Pessoa, PB.
Chagas Batista (Vila do Teixeira PB 1882 - João Pessoa PB 1930) publicou, em 1902, seu primeiro folheto, Saudades do Sertão, em Campina Grande PB. Na década de 1910 trabalhou como carregador de água e lenha e operário da Estrada de Ferro de Alagoa Grande. Por volta de 1911 estabeleceu a livraria Popular Editora, em João Pessoa PB. Em 1929 ocorreu a publicação de seu livro Cantadores e Poetas Populares, pela Editora Batista Irmãos. Entre suas obras poéticas estão os folhetos A Vida de Antonio Silvino (1904), História Completa de Lampeão (1925), As Manhas de um Feiticeiro (1930) e A Escrava Isaura (1930), este último uma versão do romance de Bernardo Guimarães em versos. De acordo com Luís da Câmara Cascudo, "Francisco das Chagas Batista não foi cantador mas um dos mais conhecidos poetas populares. Sua produção abundantíssima forneceu vasto material para a cantoria.”.


NASCIMENTO/MORTE
1882 - Vila do Teixeira PB - 5 de maio
1930 - João Pessoa PB - 26 de janeiro
LOCAIS DE VIDA/VIAGENS
1882/1900 - Vila do Teixeira PB
1900/1909 - Campina Grande PB
1909/1910 - Guarabira PB
1911/1930 - João Pessoa PB
VIDA FAMILIAR
Filiação: Luís de França Batista Ferreira e Cosma Felismina Batista
1909 - Guarabira PB - Casamento com Hugolina Nunes da Costa, filha de seu tio materno, o cantador Ugolino Nunes da Costa
1910 - Guarabira PB - Nascimento do filho Francisco
1911 - João Pessoa PB - Nascimento da filha Hugolina
1912 - João Pessoa PB - Nascimento do filho Luís
1913 - João Pessoa PB - Nascimento da filha Maria das Neves
1914 - João Pessoa PB - Nascimento do filho Pedro Werta
1918 - João Pessoa PB - Nascimento da filha Maria das Dores
1921 - João Pessoa PB - Nascimento da filha Maria Leonor
1923 - João Pessoa PB - Nascimento da filha Maria das Dores Batista Leite
1924 - João Pessoa PB - Nascimento do filho Paulo
1925 - João Pessoa PB - Nascimento do filho Sebastião
1926 - João Pessoa PB - Nascimento do filho João
1927 - João Pessoa PB - Nascimento do filho José Nunes Batista
CONTATOS/INFLUÊNCIAS
Convivência com Leandro Gomes de Barros
ATIVIDADES LITERÁRIAS/CULTURAIS
1902 - Campina Grande PB - Publicação do primeiro folheto, Saudades do Sertão
1929 - João Pessoa PB - Publicação do livro Cantadores e Poetas Populares pela Editora Batista Irmãos
OUTRAS ATIVIDADES
1900/1909c. - Campina Grande PB - Carregador de água e lenha e operário da Estrada de Ferro de Alagoa Grande
1911c. - João Pessoa PB - Estabelecimento da livraria Popular Editora
GÊNEROS
Literatura de Cordel
LEITURAS CRÍTICAS
"Francisco das Chagas Batista não foi cantador mas um dos mais conhecidos poetas populares. Sua produção abundantíssima forneceu vasto material para a cantoria. A gesta de Antônio Silvino possuiu em Chagas Batista um dos melhores e decisivos elementos. Divulgou em versos a Escrava Isaura (Escrava Heróica), e um resumo do Quo Vadis? (O Amor e a Virtude), além de dezenas e dezenas de folhetos comentando os principais acontecimentos de sua época."
Cascudo, Luís da Câmara [1939]. Resumo biográfico dos cantadores: Francisco das Chagas Batista. In: ___. Vaqueiros e cantadores. p.325.
FONTES DE PESQUISA
CASCUDO, Luís da Câmara. Resumo biográfico dos cantadores: Francisco das Chagas Batista. In: ___. Vaqueiros e cantadores. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1984. p.325-326. (Reconquista do Brasil. Nova série, 81).
LITERATURA popular em verso: antologia: Francisco das Chagas Batista. Apres. Homero Senna. Notícia biobibliográfica Sebastião Nunes Batista. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1977. v.4.
ICONOGRAFIA
BATISTA, Chagas. A escrava Isaura. Rio de Janeiro: Ed. Ged., s.d. Capa do folheto.
Literatura popular em verso, op. cit., p.9, p.35.

Fonte: Instituto Itaú Cultural

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

CORDEL EM PORTO ALEGRE

Literatura de Cordel auxilia na Educação escolas


Autor defende projeto para que o cordel passe a ser utilizado nas escolas


Arievaldo Vianna e Jô Oliveira

Feita de rimas, versos e um jeito muito rico de contar as histórias, a literatura de cordel vem ocupando espaços como ferramenta auxiliar na Educação e contribuindo para a criança ou o estudante tomar gosto pela leitura.

Se no Nordeste o Cordel é degustado como pão, lido nas casas a dezenas de ouvintes e responsável por fazer muita gente aprender a ler para decifrar as histórias, no Rio Grande do Sul é recém-chegado, mas bem trazido por Arievaldo Viana, que esteve na 57 Feira do Livro da Capital.

O autor de "Acorda Cordel na Sala de Aula - a Literatura Popular como Ferramenta Auxiliar na Educação" defende projeto nacional para que o cordel passe a ser utilizado nas escolas.




Para tanto, viaja, espalha a ideia, já se encontrou oficialmente com o ex-presidente Lula e desde o ano passado vem a Porto Alegre trazido principalmente pelo projeto de Adaptação em Cordel da obra de Simões Lopes Neto, editado pela Corag.

Escrito por Viana com ilustrações de Jô Oliveira, desta vez chegam dois novos folhetos: "Romualdo Entre os Bugios" e "Quintas de São Romualdo". Neles, o gaúcho Simões Lopes Neto oferece os "Casos de Romualdo" a Viana, com pedido que ele faça cordel da prosa.

Encomenda aceita e trabalhada, agora as crianças ganham as histórias de Lopes repletas de sonoridade, harmonia, cadência e maneira leve e faceira de contar as fábulas de amor e de fé, os gracejos, as aventuras e os duelos escritos nos folhetos de oitavo de página.

Depois de ter contato com o cordel, Viana leu seu primeiro livro: o clássico "Iracema", do escritor José de Alencar.

LINK PARA O JORNAL:

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

CORDEL NA CARTA CAPITAL

Tecnologia - Cordel digital

Tradição nordestina ganha espaço na rede com obras completas disponibilizadas por instituições. Foto: Reprodução

Popularizada em feiras livres da Região Nordeste do Brasil, onde seus folhetos impressos em papel pardo adornados por xilogravuras ficavam expostos em varais, a literatura de cordel também pode ser acessada via internet. Uma das principais fontes para tal é a Fundação Casa de Rui Barbosa, localizada no Rio de Janeiro.
Repositório de literatura popular desde 1989, o órgão disponibilizou parte do acervo de 9 mil folhetos em um site especialmente construído para facilitar o acesso remoto. Segundo Dilza Ramos Bastos, chefe de Serviço de Biblioteca da instituição, o trabalho começou em 2001. Inicialmente, a ideia era divulgar o material por meio de CDs e, depois, migrou para a rede.
A digitalização foi uma medida importante para a preservação do próprio acervo, que passou a ser menos manipulado por pesquisadores.
“Nós diminuímos a manipulação e facilitamos o acesso à informação visual do texto e das ilustrações”, explica. “Hoje são raros os casos em que precisamos dar acesso direto ao documento.”
A origem exata da literatura de cordel é difícil de ser pontuada. Formas literárias similares são encontradas em outros países, como França, Espanha e Portugal. Os romances ibéricos em versos, oriundos da tradição oral e posteriormente impressos em folhetos, e os desafios improvisados do Nordeste, são indicados por pesquisadores como algumas das forças criadoras do cordel. Surgido na primeira metade do século XIX em Pernambuco e na Bahia, a forma clássica do cordel atingiu o auge da produção entre 1930 e 1960.

VER MATÉRIA COMPLETA AQUI:
http://www.cartacapital.com.br/carta-na-escola/cordel-digital/


NOTA DO BLOG - Esta edição de "Peleja de Riachão com o Diabo", com o sub-título FOLK-LORE NORDESTINO, deve ter sido feita entre 1918 - 1921 por Pedro Baptista, genro de Leandro Gomes de Barros, em Guarabira-PB.

ACORDA CORDEL EM BOA VIAGEM-CE


Estátua do Cavalo Morto, centro de Boa Viagem-CE



A convite do prefeito Fernando Assef e da Secretária de Educação e Cultura professora Lucirene Castelo Branco realizamos oficina de capacitação do projeto Acorda Cordel na Sala de Aula para 40 professores da rede municipal de ensino. O aproveitamento foi espetacular. Apesar de ter apenas 08 horas de duração, conseguimos transmitir um pouco da história da literatura de cordel, suas regras básicas, sua influencia nas outras artes (música, cinema, teatro etc) e ainda produzimos um folheto coletivo contando a história do município de Boa Viagem desde a sua fundação até os dias atuais.


UMA CIDADE QUE NASCEU DE UM ROMANCE


Boa Viagem começou de uma grande história de amor... Em meados do século XVIII, o casal Domingues e Agostinha, como no famoso “Romance de Mariquinha e José de Sousa Leão”, teve de fugir para se casar. Levavam em sua companhia apenas uma escrava, ama de leite de Agostinha e eram perseguidos tenazmente por um grupo de jagunços que estava sob o comando do pai da moça. Num dado momento, Domingues teve que deixar a noiva e a criada num local que julgava seguro para ir até certa cidade (uns afirmam que foi Recife, mas é improvável, devido a distância e os meios de transporte da época) para buscar uns documentos a fim de realizar o matrimônio. Quando retornou ao esconderijo, Agostinha estava faminta e assustada e a pobre escrava havia sido devorada por uma onça perigosa.


NOVA FUGA E A PROMESSA REDENTORA

 Fugiram mais uma vez, perseguidos pelo grupo de cangaceiros, até que o cavalo em que viajavam cansou e morreu na beira de uma lagoa... Segundo os historiadores, essa lagoa situava-se no lugar onde hoje encontra-se erguida a igreja matriz de Boa Viagem. A construção da referida capela foi uma promessa de Domingues e Agostinha com Nossa Senhora da Boa Viagem. Foram atendidos, pois uma febre começou a dizimar o grupo perseguidor que acabou desistindo da perseguição. Os detalhes dessa história fantástica estão minuciosamente descritos no folheto coletivo produzido na oficina.

Todos os participantes da oficina receberam um kit contendo o livro ACORDA CORDEL, o CD com 10 faixas (tiragem feita especialmente para esse evento) e caixa com 12 folhetos de vários autores. Fizemos a leitura coletiva do folheto "A intriga do cachorro com o gato" e explicamos a diferença entre CORDEL e POESIA MATUTA. Os professores se encantaram com a declamação do poema "EU E MARIA" do poeta Geraldo Amâncio, que coincidentemente nos ligou no momento da oficina dizendo que estava assistindo entrevista de Arievaldo Viana na TV Cultura.

Destaque para o poeta Toinho, já traquejado na arte do verso, autor de estrofes como esta que veremos a seguir:

"Se eu fosse o presidente
Deste país tropical
Eu baixaria um decreto
De valor fenomenal
4 dias de quaresma
40 de carnaval."

Segundo Toinho, o vigário é que não gostou muito da idéia...


INTERESSADOS EM CONTRATAR UMA OFICINA DO PROJETO ACORDA CORDEL devem entrar em contato conosco através do e-mail:  acordacordel@hotmail.com





Esse texto também está disponível no site JORNAL DA BESTA FUBANA, coluna MALA DA COBRA, espaço semanal escrito por Arievaldo Viana: http://www.luizberto.com/coluna/mala-da-cobra-arievaldo-vianna

VISITE E COMENTE!

* * *
Eis um folheto que também lembra a história da fundação de Boa Viagem.

Roques Mateus do Rio São Francisco

Literatura de Cordel


Autor: Leandro Gomes de Barros
Categoria: Literatura de Cordel
Formato: .pdf
Tamanho: 1,11 MB
Link: http://www.4shared.com/document/AGiL9p-2/Roques_Mateus_do_Rio_So_Franci.html

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

NATAL NORDESTINO


Infogravura: ARIEVALDO VIANA


JESUS SERTANEJO
Luiz Gonzaga

Jesus, Meu Jesus sertanejo
Presença maior, minha crença
Nestas terras sem ninguém


Silêncio, Na serra, nos campos
Ai desencanto que a gente tem
E o vento que sopra, ressoa
Ai sequidão que traz desolação.


Ô ô Jesus razão
Tão sertanejo
Que entende até de precisão.


De sol vou sofrer ou morrer
E as pedras resplandem
A dureza, a pobreza desse chão
João, um menino, um destino
Ai nordestino, de arribação
Cenário de dor e de calvário
Ai muda a face desta provação.


Do céu há de vir solução
Na terra, a semente agoniza
Preconiza solidão
E a tarde que arde, acompanha
Ai tanta sanha de maldição
Aqui vou ficar, vou rezar
Ai vou amar a minha geração.


Ô ô Jesus razão
Tão sertanejo
Que entende até de precisão.


Ilustração de JÔ OLIVEIRA

DEPÓSITO LEGAL NA BN


FOLHAS VOLANTES (Diário do Nordeste)

Com um acervo de menos de 2 mil exemplares de literatura de cordel, a Biblioteca Nacional faz campanha para divulgar aos cordelistas a Lei do Depósito Legal, que obriga a doação de toda publicação em território nacional ao acervo da entidade, com o objetivo de perpetuar o escrito.


A Universidade do Novo México possui um acervo de 4,6 mil exemplares do folheto que é a expressão mais tradicional da literatura popular do nordeste brasileiro: o cordel. A Biblioteca do Congresso Nacional dos Estados Unidos, em Washington, um número ainda mais robusto, com cerca de 9 mil títulos. No Brasil, uma surpresa ruim: a coleção da instituição que deveria traçar um panorama fiel de tudo que é produzido em território nacional, a Biblioteca Nacional (BN), resguarda um pífio acervo - conta com menos de 2 mil publicações.

Na tentativa de sanar essa alarmante deficiência, a entidade dá início à uma campanha de divulgação da lei que torna obrigatório aos autores a doação ao seu acervo de pelo menos um exemplar de cada obra publicada no País. Regulamentado sob as leis federais número 10.994 e 12.192, o chamado Depósito Legal prevê a doação de livros, jornais, discos, DVDs musicais e até catálogos de exposições e livros virtuais (e-books).

"A lei institui uma multa, mas a gente tem uma política de bom relacionamento com editores e autores", alerta a chefe da Divisão de Depósito Legal da Biblioteca Nacional, Daniele del Giudice. E dentro deste contexto, está também o cordel, muito embora nem autores, nem editores costumem saber disso.

Como o acervo que depende destas doações, a Biblioteca acaba não conseguindo cumprir o seu papel de guardiã desta produção. "A literatura de cordel está parada (no setor de Depósito Legal da biblioteca). Esse mês de outubro, nós recebemos apenas oito exemplares do Brasil inteiro", atesta.

Ela explica que a postura da entidade é de buscar conscientizar os autores da importância dessa doação. "Por isso, a grande divulgação que queremos fazer no Norte e Nordeste, que é onde estão a maioria dos produtores", justifica. A ideia é divulgar a lei e sua abrangência ao cordel por meio da imprensa preparando terreno para, em 2012, uma comissão da entidade correr feiras e bienais com material informativo.






Acervos particulares *
Os dados sobre os acervos citados no início da matéria foram retirados de um levantamento feito pela Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), localizada no Rio de Janeiro. O presidente da entidade, Gonçalo Ferreira da Silva, considera difícil mobilizar autores de cordel a enviar cópias de suas publicações à Biblioteca. "Os 40 cordelistas membros da ABLC encaminham para a academia suas publicações e, normalmente, 10 exemplares de cada. A gente re-encaminha para a Biblioteca Nacional. Mas fora do colegiado, não temos esse controle", diz. "Você é um poeta que mora nos cafundó do sertão, você vai estar preocupado com Biblioteca Nacional? Você está preocupado em ler o folheto para os amigos na feira", argumenta.

Ele estima que no Brasil existam 40 mil títulos de cordéis entre acervos particulares e de entidades, um dos maiores pertencente à própria ABLC, com 13 mil títulos, seguida da Fundação Casa de Rui Barbosa (RJ), 9 mil; Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (RJ); 8,9 mil; e a Fundação Joaquim Nabuco, com 7.3 mil.
Investimento
Editor e autor de literatura de cordel, o cearense Klévisson Viana, considera importante este tipo de ação vinda da BN. "Nunca tivemos a preocupação de mandar nosso material. E o nosso catálogo gira em torno de 300 obras. Toda semana a gente publica três ou quatro títulos", diz. Para ele, no entanto, é preciso mais empenho por parte da BN e sugere que a entidade abra vias de debate com os cordelistas para explicar a lei e a importância da catalogação. "Acho que os autores não se sentem motivados em mandar porque ninguém vive de vaidade. É importantíssimo que essa obra esteja catalogada, mas porque não levantar o que existe de produção e comprar? Eu não teria problema de doar um exemplar, mas sei de muitos poetas que vivem em situação difícil e, pra eles, isso é irrelevante", aponta.

Klévisson cita ações de várias entidades no sentido de criar acervos, como o das universidades de Osaka, no Japão, que constantemente adquire novas publicações, e Havard, nos EUA, que enviou recentemente duas bibliotecárias para pesquisar e comprar acervos. O Centro Cultural Banco do Nordeste montou também recentemente quatro acervos para disponibilizar ao público em suas sedes de Fortaleza, Crato, Souza (PB) e outra no novo centro que funcionará em Teresina (PI).

"A fundação Biblioteca Nacional está querendo correr atrás do lucro, porque ninguém corre atrás do prejuízo. Pode ser que eu esteja equivocado, que a minha visão seja miúda, tacanha. Talvez seja necessário que isso seja melhor divulgado e esclarecido", conclui o artista.
Fique por dentro Depósito Legal
O Depósito Legal é regulamentado pelas leis N. 10.994, de 2004 e 12.192, de 2010, obrigando remessa à Biblioteca Nacional de um exemplar de todas as publicações produzidas em território nacional. As obras passam a integrar a Coleção Memória Nacional, tendo, assim, asseguradas sua guarda e difusão. Além de livros e folhetos de cordéis, estão inclusos os discos e DVDs de apresentações musicais. Entre as publicações que estão isentas da obrigação estão monografias e teses universitárias, material publicitário, calendários, agendas, etc. Ao publicar uma obra, o autor deve:

- Reservar no mínimo um exemplar para o acervo da Biblioteca Nacional

- Enviá-lo acompanhado de uma carta de apresentação para Av. Rio Branco, n. 219/ 3.andar -
Centro, Rio de Janeiro, RJ. CEP: 20040.008
Mais informações: (21) 2220-1892 ou
ddl@bn.br

FÁBIO MARQUES - Repórter

Fonte: CADERNO 3 - Diario do Nordeste, edição de 14/11/2011


* O acervo da Biblioteca Cancão de Fogo (coleção particular de Arievaldo Viana) possui mais de 5 mil títulos, inclusive raridades das décadas de 1930 a 1960. Parte deste acervo pertenceu ao saudoso pesquisador Ribamar Lopes.  

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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

ACUNHA, QUINTINO!



Recebi esse texto por e-mail, é daqueles que circulam por aí sem paternidade. Eu, pelo menos, desconheço o autor e a fonte. Como já disse, chegou-me por e-mail encaminhado para uma penca de mais de 50 pessoas. No final da década de 1980, inicio dos anos 90, fiz amizade com Plautus Cunha, filho e biógrafo do Quintino e passei a conhecer melhor a obra e as peripécias desse cabra da peste. Plautus foi jurado do III Salão de Humor Canindeense, evento coordenado por mim e pelo saudoso professor Laurismundo Marreiro... Renato Sóldon, sobrinho do poeta, também coligiu uma série de anedotas atribuídas ao Quintino no seu impagável "Verve Cearense".

Quanto ao texto a seguir, talvez seja coisa do meu compadre Tarcísio Matos, ou quem sabe, uma publicação do site Nordeste Web, do meu amigo Ivan Maurício. A imagem abaixo sim, veio do site do jornal Diário do Nordeste... Achei interessante e resolvi publicá-lo:

Quintino Cunha e o Ceará Moleque 

José Quintino da Cunha

* Itapajé, 24 de julho de 1875 ;
+ Fortaleza, 1º de junho de 1943



Foi advogado, escritor e poeta cearense. Bacharelou-se pela Faculdade de Direito do Ceará em 1909, e a partir de então começou a exercer a profissão de advogado criminalista.
Foi deputado estadual na década de 1910, mas logo desistiu da carreira de político e encabeçou a campanha do Bode Ioiô para Vereador de Fortaleza, fazendo o animal tirar votos suficientes para ser eleito, caso possível fosse.

Ficou bastante conhecido por seu estilo irreverente e carismático, também lembrado pelas anedotas que contava. É tido como o mais lendário de nossos humoristas literários, o maior de nossos poetas
cults. Excêntrico sem ser snob. Feio mas cativante. Eternamente esquecido, sempre resgatado, figura ao lado dos grandes mestres do improviso literário ferino, como Bernard Shaw, Quevedo e Swift, sendo considerado pelo crítico Agripino Grieco "o maior humorista brasileiro de todos os tempos”.

Menino ainda, Quintino Cunha foi convidado a passar uns dias das suas férias na casa de dois coleguinhas de colégio. Convite aceito, viajou até a casa combinada onde deveria hospedar-se por alguns dias, com os convidantes anfitriões. Lá chegando, não encontrou os colegas que haviam viajado para outro destino, sem deixar recado. As tias idosas dos meninos, donas da casa, convidaram-no a ficar e aguardar a chegada dos seus sobrinhos. Quintino não se fez de rogado e ficou, aceitando o convite!
À noite não lhe ofereceram jantar e nem café, ou almoço no dia seguinte. Ele matou a fome com as fruteiras do quintal. Resolveu ir embora dali e o fez, deixando um bilhete sobre a mesa:


“Adeus casinha da fome,
Nunca mais me verás tu
Criei ferrugem nos dentes
E teia de aranha no cu.”


Já célebre advogado, a fama de Quintino Cunha era grande no Nordeste. Tinha havido um crime no interior da Paraíba, onde pai e filho assassinaram um adversário político. Para defendê-los, convidaram o célebre causídico. Este fez a defesa com muita propriedade conseguindo a absolvição dos réus. A cidade fez festa de comemoração pela semana, hospedando Dr. Quintino no melhor hotel. Sua fama correu rápida por todo o município e o feito atingiu proporções.

Eis que surge no hotel um humilde casal dos sítios afastados. O marido dirigiu-se ao advogado expondo-lhe o desejo de um desquite, em face dos desentendimentos do casal. Dr Quintino então pergunta-lhe se este possui algum bem, alguma propriedade.
- Não doutor, eu nada “pissuo” e trabalho alugado, em sítios alheios.

Vira-se para a esposa e faz-lhe idêntica pergunta, vindo a resposta:
- Doutor, pra que a verdade lhe seja dita eu ainda tenho menos que ele.

Dr. Quintino respondeu-lhes em versos:



"A questão é muito tola!
Aqui mesmo, eu os desquito.
Fique ele com sua rola
E ela com o seu priquito."



Conhecido e até hoje contado pelos frequentadores da Praça do Ferreira, o causo da defesa do deficiente físico conhecido apenas como Francisco, apelidado de “Chico Mêi Cu”, foi uma das mais famosas proezas de Quintino Cunha.

Conta-se que nos idos anos 20, um pobre deficiente físico, sem pai nem mãe, sem eira nem beira, mancava pelas ruas do Centro da pequena Fortaleza, onde fazia os biscates que lhe davam o pouco para o sustento. Encabulado, quieto e calado, aparentava não dar importância ao canelau que mangava à sua passagem: “Chico Mêi Cu!”, “Chico Mêi Cu!”, “Chico Mêi Cu!”. Foram anos de chacotas.

Certa feita, num ato de cólera, Francisco fez uso de uma peça perfuro-cortante que transportava, e ceifou a vida de um de seus mais ferrenhos mangadores. Foi detido e de imediato levado à cadeia pública, onde ficou por um tempo aguardando julgamento.

No dia do juízo, atendendo às súplicas dos que rogavam pela libertação de Francisco, em defesa deste, fez-se presente diante do Júri o renomado advogado Quintino Cunha. Após as interlocuções vigorosas da promotoria, que pedia condenação com pena máxima para o réu, o Juiz deu a vez da defesa, à qual Quintino deu início:


- Meritíssimo Juiz, Ilustríssimo Doutor Promotor, Respeitabilíssimos Jurados. Em defesa de Francisco eu tenho a dizer que... (Pausa).


Após alguns segundos de pausa, ele repete:

- Meritíssimo Juiz, Ilustríssimo Doutor Promotor, Respeitabilíssimos Jurados. Em defesa de Francisco eu tenho a declarar que... (Nova pausa).


Após os novos segundos de pausa, ele torna:


- Meritíssimo Juiz, Ilustríssimo Doutor Promotor, Respeitabilíssimos Jurados. Em defesa de Francisco eu poderia falar que...


De imediato o Juiz esbraveja:

- MAS QUANTA DEMORA! O SENHOR IRÁ OU NÃO DAR INÍCIO À DEFESA?


Ao que Quintino replica:

- Repare só, Meritíssimo: Não faz sequer um minuto que eu só me dirijo a vós de forma respeitosa, e já provoquei vossa inquietação. Agora imagine Vossa Excelência, o que deve ter passado pelas idéias do pobre Francisco, após todos esses anos de achincalhamento e mangoça pública.


Seguindo, Quintino Cunha deu continuidade ao discurso de defesa. E com toda a eloquência e poder de convencimento que lhes eram peculiares, conseguiu a absorvição do réu. Saiu do tribunal carregado nos braços por seus amigos, rumo ao botequim mais próximo.

Hoje, a maioria dos cearenses não sabe que foi Quintino Cunha. Nem mesmo os moradores do bairro que leva o seu nome o conhecem. Por isso é importante o repasse deste e-mail, para que a memória do precursor da molecagem cearense não caia no esquecimento.

Viva a irreverência cearense! Viva Quintino Cunha!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Mestre Azulão homenageado em livro e DVD

Uma feira de saudades

Mestre Azulão e os poetas Arievaldo, Piúdo e Izaias Gomes

Livro conta a história da Feira de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, a partir de depoimentos de migrantes e também de poemas de cordel.

“A feira de São Cristóvão não é exatamente uma feira. Ou não é só isso. Instalada há mais de sessenta anos no Campo de São Cristóvão, zona norte do Rio de janeiro, o lugar é, fundamentalmente, um ponto de encontro. Qualquer que seja ele. É lá que o povo nordestino, que deixou sua terra em busca da sorte da cidade grande, pode recuperar um pouco do que ficou para trás. Ali ele se reencontra com o forró e a cachaça, com a macaxeira e o feijão-de-corda, com a pimenta, com o xaxado e o baião, com os cheiros, com os versos, com a chita e a renda (...)”.
  • Um relato repleto de memórias, cheiros, sabores, sons, cores e histórias. Assim pode ser descrito o livro “Feira de São Cristóvão – a história de uma saudade”, da historiadora Sylvia Nemer, publicado neste ano pela editora Casa da Palavra. A obra é fruto de uma pesquisa de doutorado realizada pela autora e reconstrói a memória cultural deste tradicional ponto de encontro, com uma linguagem fluida e apaixonada, auxiliada pela variedade de imagens que acompanham a obra.
    São mais de 50 anos de uma história que, na maioria das vezes, se confunde com a memória pessoal de retirantes nordestinos, os quais encontravam na feira um espaço para se reaproximar, nem que fosse em um único dia na semana, das tradições de sua terra natal. O Nordeste aqui é recriado por um conjunto de recordações que transbordam saudade. A literatura de cordel é uma das fontes principais- por meio dos poemas, os cordelistas do Rio de Janeiro escrevem muito sobre o próprio migrante e sua luta para sobreviver no ambiente físico e social da metrópole.
    “A saudade da família, de sua terra, de sua casa, faz com que os migrantes encontrem na Feira seu novo lar, seu novo conforto. E foi a partir desta constatação e com a possibilidade de concretizar um sonho antigo, que me dediquei a este tema, a princípio reservado aos nordestinos. A ideia é resgatar a tradição e fazer a união entre o Nordeste e o Rio de Janeiro, mediada pelas histórias contadas nos folhetos escritos pelos cordelistas da cidade”, conta Sylvia.
    Vale lembrar que esta edição do livro vem acompanhada do DVD “A feira do Nordeste por um poeta cabra da peste”, de Maria de Andrade. O filme narra a história do poeta e cordelista, Mestre Azulão, um dos fundadores da Feira de São Cristóvão, cuja obra também serviu de fonte para a pesquisa historiográfica realizada por Sylvia.

    “Feira de São Cristóvão – A história de uma saudade” tem 144 páginas e custa R$75.

Fonte da matéria: www.revistadehistoria.com.br

 

domingo, 18 de dezembro de 2011

FLAGRANTE

 

O GATO E O BATIZADO

Por PEDRO PAULO PAULINO


É do nosso saber que os gatos são malandros, preguiçosos e dorminhocos. Enquanto, à noite,o cachorro vigia a casa, o gato está invadindo os cômodos da residência, principalmente a cozinha. Há um dito popular, segundo o qual, “os cães têm dono e os gatos, escravos”. De certos maneirismos encontrados nos gatos, surgiu até um adjetivo muito apropriado a certas pessoas: gatuno. O grande escritor Edgar Alan Poe deixou bem claro em um de seus mais celebrados contos, o quanto um gato é malino, mesmo depois de morto… Enquanto isso, o cachorro foi aclamado apenas com aquela música do Waldick Soriano que todo mundo conhece; aliás, com muito menos cabo aos caninos. No cordel, o cachorro fiel e dedicado é retratado com maestria por Leandro Gomes de Barros no clássico “O cachorro dos mortos”.

Hoje de manhã, entrei em um cômodo de minha moradia, onde se encontram livros e minha coleção de folhetos de cordel. Flagrei na hora um bichano, ainda adolescente, bem tranquilo descansando sobre meus folhetos. E, para maior surpresa, ele estava bem agasalhado na prateleira da estante, tendo ao lado o folheto escrito por meu amigo Arievaldo Viana, intitulado (vejam só que ironia!) “O Batizado do Gato”. Ari vai mostrar algumas das estrofes desse seu trabalho:





Depois do poder de Deus

O dinheiro é o segundo.

Uma vez disse-me um velho,

De saber muito profundo:

"Dinheiro e mulher bonita

é quem governa esse mundo"



Este velho que me disse

A sábia filosofia

Narrou-me mais essa história

Curiosa em demasia

O batizado de um gato

Que presenciara um dia



A dona deste felino

Há anos era casada

E como não tinha filhos

Já estava desesperada

O marido deu-lhe um gato

Pra distrai-la, coitada



Era um bichano mourisco

Pêlo sedoso e com brilho

Nasceu de uma ninhada

Dentro da palha do milho

Sua dona tresloucada

O tratava como  filho



Até nome o gato tinha:

Belarmino foi chamado

Nunes Pereira da Costa

Em cartório registrado

O sobrenome dos donos

O bichano havia herdado



Comprava bife e lagosta

Para o felino jantar

Bacalhau da Noruega

Lhe davam para almoçar

Uma criada então disse:

- Só falta se batizar!



Ela mal  fechou a boca

O dono disse apressado:

Sua idéia é muito boa

Que plano mais acertado!

Vou falar com o capelão

E marcar o batizado



A mulher muito feliz

Foi tratar do enxoval

Enquanto o marido ia

À Casa Paroquial

Falar com padre Nonato

Pra batizar o animal.


(...)


O Batizado do Gato - MP3




Download OUVIR...
Mestre Azulão declama "O Batizado do Gato" de Arievaldo Viana
O BATIZADO DO GATO - Autor ARIEVALDO VIANA
Arquivo de áudio MP3 [4.9 MB]
O BATIZADO DO GATO NO YOUTUBE
Com Serginho, do grupo PAJEARTE
CORDEL - BATIZADO DO GATO.wmv


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Enviado por em 03/10/2010
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